quinta-feira, 27 de abril de 2006

Emissão #6 - 29 Abril 2006

A sexta emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 29 de Abril, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na segunda-feira, 1 de Maio, entre as 19 e as 20 horas.

"Red Sun", Anoushka Shankar
(Índia) - indian music
Anoushka Shankar traz-nos um tema extraído do álbum “Rise”, editado em 2005. Este é o quarto trabalho da jovem mulher com a música indiana no apelido, e aquele em que esta se estreou como compositora, contando com a colaboração de músicos de todo o mundo. Um disco onde Anoushka Shankar se diferencia da tradição clássica do seu pai, o lendário virtuoso da cítara e compositor Ravi Shankar. Anoushka Shankar começou a tocar e estudar a cítara aos nove anos com o progenitor, e aos treze deu o seu primeiro espectáculo em Nova Deli, ano em que participa na gravação do disco de Ravi Shankar “In Celebration”. Actualmente dá concertos a solo na Europa, América e Ásia, tocando em todo o mundo com o ensemble do seu pai.

"Jumpin'Jack Flash", Ananda Shankar (Índia) - indian funk, chill-out
Regressamos às origens e sacudimos o pó ao melhor álbum de funk indiano de sempre. Neste seu primeiro trabalho, editado em 1970, Ananda Shankar junta originais da música clássica indiana com covers de temas populares como este “Jumpin’Jack Flash”, dos Roling Stones, tendo a cítara como base sonora. Falecida em 1999, Ananda Shankar era conhecida por cruzar estilos musicais do ocidente com o oriente, indo do funk entusiasta ao mais fino chill-out. Nos anos 60 foi até Los Angeles, onde tocou com músicos como Jimi Hendrix. Mais tarde acrescenta a guitarra eléctrica e os sintetizadores analógicos a instrumentos de percussão asiáticos como a tabla ou o mridangam. O reconhecimento no ocidente viria em meados dos anos 90, quando trabalha com reconhecidos DJ’s do Reino Unido, que enriquecem o seu vocabulário musical com a breakbeat e o hip-hop.

"Voodoo Woman", Koko Taylor & Mighty Joe Young (EUA) - blues
A rainha dos blues traz-nos um tema extraído do álbum “I Got What It Takes”, editado em 1975. Conhecida por Koko Taylor, a norte-americana Cora Wilson começou a sua carreira no Tenessee como intérprete gospel, mas aos 18 anos, depois de ter ouvido os discos de B. B. King, muda-se para Chicago onde se dedicaria ao blues, destacando-se pela sua voz poderosa e crua. Neste tema, a voodoo woman surge lado a lado com um dos mais conhecidos bluesmens e músicos de R&B de Chicago nos anos 50 e 60. Natural do Louisiana, em 1956 Mighty Joe Young junta-se aos Howlin’Wolf, trabalhando mais tarde com Jimmy Rogers, Billy Boy Arnold e Otis Rush. Nos anos 70 alcança o sucesso internacional, mas uma cirurgia a um nervo no pescoço leva-lhe parte da destreza e precisão no manuseio da guitarra, deixando no entanto intacta a sua voz. Desde então que Mighty Joe Young se apresenta ao público como um cantor contemporâneo de soul e blues.


"Pirulino", Los Golden Boys (Colombia) - salsa colombia
A salsa colombiana com os Golden Boys, grupo formado em 1961 pelo músico Pedro Garces. No início eles começaram por enveredar pelos populares sons do twist e por ritmos da costa atlântica como o elevado. O sucesso e a popularidade que alcançaram permitiram-lhes gravar covers de temas como o corrido colombiano “El Baile del Pirulino” originalmente interpretado por Calixto Ochoa, o rei do Vallenato. Esta versão, até hoje a mais conhecida do tema, foi gravada em 1960. Apesar da morte prematura de Pedro Garces, em 2001 os Golden Boys regressavam ao estúdio graças ao reconhecimento de um dos seus êxitos do passado – precisamente “Pirulino” –, e que acabaria por integrar a banda sonora da telenovela colombiana mais conhecida de sempre: “Pedro El Escamoso”, a qual fez sensação em todos os países onde chegou a febre de Pedro Coral.


"Balancê", Sara Tavares (Portugal) - afropop
No seu último trabalho de originais, em que participam também os músicos Melo D e Ana Moura, Sara Tavares estabelece uma ponte musical entre Cabo Verde, Brasil e Portugal. Entretanto, a cantora e compositora continua em digressão pela Europa: a 2 de Maio estará em Amsterdão, na Holanda, e a 12 de Maio em Las Palmas, em Espanha. No nosso país actua a 7 de Maio na Trofa e a 5 de Junho sobe ao palco do Casino Estoril. Poucos estarão recordados, mas Sara Tavares, que faz parte da segunda geração de imigrantes cabo-verdianos e cresceu entre duas culturas, tinha apenas 16 anos quando venceu dois dos mais prestigiados concursos musicais da televisão portuguesa. Inicialmente conhecida como intérprete de gospel, funk e soul, pouco a pouco foi incorporando nas suas composições os ritmos da música africana, misturando-os com a pop melódica. No álbum “Balancê”, lançado em Portugal em Novembro e em Fevereiro no resto da Europa, Sara Tavares combina de forma subtil a música contemporânea com as suas raízes. São “canções de embalar, para levantar a moral”, como ela própria diz, celebrando os ritmos africanos com o swing no pé…

Extras ...↓
VIDEOCLIP
ENTREVISTA

"Tsy Zanaka Mpanarivo", Jaojoby (Madagáscar) - salegy
Jaojoby apresenta-nos um tema extraído do álbum “Malagasy”. O rei do salegy e pioneiro na matéria é o mais conhecido intérprete daquele que é o género de música mais popular do Madagáscar. Nascido na era da música pop, no final dos anos 60, o salegy é um ritmo ternário eléctrico e dançável, conduzido ao som da guitarra, que evoluíu das tradições dos povos Sakalava e Tsimihety na costa norte do país à medida que estes foram assimilando instrumentos ocidentais amplificados, em particular junto a cidades portuárias como Diego Suarez e Mahajunga.

"Nemae Hliba - Spivai!", Haydamaky (Ucrânia) - carpathian ska, ukranian dub machine, hutzul punk
Os ucranianos Haydamaky levam-nos pelos caminhos do ska das montanhas dos Cárpatos, do reggae, do punk hutzul e da dub machine, misturando-os com a folk ucraniana. Após o colapso da União Soviética e a independência da Ucrânia, um grupo de estudantes criou a banda Aktus, que rapidamente conquistou um lugar de destaque no underground musical de Kiev. No início do novo século, em honra à rebelião histórica do século XVIII, mudaram o nome para Haydamaky. Para além dos espectáculos que têm feito em toda a Europa de Leste, em 2004 apoiaram a revolução laranja que mobilizou a Ucrânia, tendo um dos seus temas sido muito rodado nas estações de rádio alternativas. No seu terceiro álbum “Ukraine Calling”, editado este ano e em que se dão a conhecer ao ocidente, os Haydamaky combinam raízes ucranianas com standards europeus. E como podemos confirmar no tema “Nemae Hliba – Spivai!” (Canta, mesmo que não tenhas pão!), a sua música é caracterizada por energia turbulenta e por uma montanha russa de melodias.

"Ta Travudia [The Rootsman Remix]",
Rosapaeda (Itália) - pizzica, dub, reggae
Rosapaeda traz-nos uma pizzica remisturada pelo DJ The Rootsman e extraída do álbum “In Forma Di Rosa”, editado em 2001. No seu segundo trabalho de originais, a cantora italiana, cujo verdadeiro nome é Antonella di Domenico, presta homenagem às raízes culturais do sul de Itália e ao poema de Pier Paolo Pasolini que dá título ao álbum, intelectual de esquerda italiano que viajava constantemente até áquela região. Rosapaeda, originária da cidade de Bari, habituou-se a cantar desde pequena com a irmã. No seu estilo foi incorporando sonoridades provenientes das melodias tradicionais do sul de Itália, África e Balcãs, mas foi o reggae que a levou a formar a banda Different Stylee. Depois das primeiras incursões no universo da dub, avançava até ao reportório de origem grega da cidade de Salento. Quer se tratem de registos mais enérgicos ou calmos, cantados em italiano ou em dialectos menos comuns como o greco-salentino, Rosapaeda projecta os seus sentimentos através da voz, um talento que ganha força com os arranjos do acordeonista e compositor Eddi Romano.

"Glenuig Hall: Glenuig Hall/The Wrong Box", Shooglenifty (Escócia) - progressive celtic music
Os visionários Shooglenifty trazem-nos um tema extraído do seu quarto álbum “The Arms Dealer’s Daughter”. A música celta continua a cativar os ouvidos e os corações de muitas gerações, revelando um universo de melodias para dançar e ouvir e de canções de trabalho, as quais reflectem sempre a alegria e a tristeza. Nos últimos anos, este panorama sonoro explodiu em todas as direcções, assimilando géneros como o jazz, o rock, o R&B ou a música electrónica. E é precisamente isso que os Shooglenifty fazem ao criarem ritmos hipnotizantes que não deixam escapar ninguém da pista de dança. É que para além da música celta, estes alquimistas musicais são influenciados pela electrónica acústica e pelo rock progressivo.

"Paralaia",
Xosé Manuel Budiño (Espanha) - folk, celtic music
De novo Xosé Manuel Budiño, que nos traz o tema “Paralaia”, extraído do álbum do mesmo nome, editado em 1997. Neste disco, o primeiro a solo do músico galego, Xosé Manuel Budiño é acompanhado pelo violinista bretão Jacky Molard; por Mercedes Peón, uma das melhores vozes femininas da Galiza; pelo guitarrista da Bretanha Soig Siberil; e por Kepa Junkera, o virtuoso da trikitixa, o acordeão diatónico basco.



"Je Ne Suis Qu'Attardé", Bell Œil (França) - rock musette
Os Bell Œil são uma banda natural de Angers, liderada pelo cantor e acordeonista Christophe Bell Œil, os quais cruzam o rock com a parisiense bal musette, dando lugar a um ambiente sonoro a que se consignou chamar de rock musette. Conforme se pode ouvir numa das frases do tema “Je Ne Suis Qu’Attardé”, esta música é um bom exemplo da visão pessimista adoptada por alguns autores da cena musical francesa: "Diz-me, mamã, porque é que tornaste a minha vida uma confusão?".


Jorge Costa

sábado, 22 de abril de 2006

Emissão #5 - 22 Abril 2006

A quinta emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 22 de Abril, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na segunda-feira, 24 de Abril, entre as 19 e as 20 horas.

Estes são os novos temas difundidos neste programa:

"Madan",
Salif Keita (Mali) - afropop, mandingo
Este tema é uma versão remisturada por Gekko, extraída do álbum “Remixes From Moffou”. Exímio guitarrista, Salif Keita começou a sua carreira nos anos 60 na Rail Band e nos Ambassadeurs. Com a sua aproximação ao rock, ao jazz e à soul, o músico inaugurava o conceito de afropop. Em 2002, ano em que lança o álbum “Moffou”, inicia uma nova carreira, antecipando o renascimento da música tradicional mandingo e dos seus principais instrumentos, como a ngoni (espécie de guitarra mourisca),
o balafon (xilofone ancestral) ou o calabash (instrumento de percussão).

"Tounga",
Issa Bagayogo (Mali) - mandig, wassoulou, afropop
Uma viagem até ao Mali com “Tounga”, tema extraído do álbum “Timbuktu”, lançado em 2002. Uma canção onde o músico interpela os seus concidadãos a que mantenham a sua integridade artística e cultural, servindo-se em particular da guitarra eléctrica e do baixo para fazer destacar o típico som da afropop. Em pequeno, Issa Bagayogo aprendeu a tocar kamele n’goni (uma harpa de caçador, equipada com seis cordas). Nos anos 90 foi até à capital, Bamako, onde conheceu o engenheiro Yves Wernert e o guitarrista Moussa Kone. Juntos decidiram fundir dois géneros tradicionais – o mandig e o wassoulou – com o techno. E o resultado está à vista: nos últimos anos ganharam uma série de prémios em África e na Europa, tendo actuado um pouco por todo o globo.


"Rail Gaddi", Four For a Kind (Reino Unido) - bhangra
Estes rapazes, que nos trazem um tema extraído do álbum com o mesmo nome, decidiram remisturar o clássico “Rail Gaddi” (corrida de carro), um tema da folk que foi um sucesso em 1988 quando a então emergente banda britânica de bhangra Chirag Pehchan, liderada pelo vocalista Mangal Singh, lançou uma versão escrita pelo inimitável Kuljit Bhamra. A electrizante e popular dança folclórica ultrapassou as fronteiras do norte da Índia e assimilou instrumentos ocidentais como a guitarra eléctrica, o baixo ou os teclados, transformando-se num fenómeno britânico-asiático de sucesso.

"Moryak", Markscheider Kunst (Rússia) - reggae, ska, funk, jazz
Sedeados em São Petersburgo, os Markscheider Kunst são uma banda multicultural que mistura punk rock, reggae e ska – uma fórmula que tem sido muito seguida na América Latina e na Rússia –, acrescentando ainda um sabor a funk, rock latino, folclore russo e mesmo influências africanas, já que por vezes o soukous congolês também faz parte da sua esfera sonora. Neste tema, os arranjos são inspirados no jazz da década de 60 e no ska jamaicano.

"Go", Dusminguet (Espanha) - patxanga, rumba, cumbia, reggae
Este grupo formado em 1994 na povoação de Garriga, em Barcelona, e que se dissolveu uma década depois, gera uma energia selvagem com uma linha acústica onde domina o acordeão. Nas suas actuações em toda a Catalunha tinham por hábito triturar todo o tipo de sons, já que se deixaram influenciar pelos artistas que foram passando pela sua terra natal. Assim surgiu um estilo próprio em que o objectivo era sempre o de fazer dançar o público. A sua música, cantada em árabe, francês, castelhano e catalão, não tem passaporte e é uma festa que sabe a rumba catalã, a cumbia colombiana, a reggae, a merengue, a ska, a patxanga, a folk mestiça ou a salsa. Este tema, extraído do álbum do mesmo nome, apresenta claramente o universo polirítmico dos Dusminguet.

"San Petrike Dantzax", Oskorri (Espanha) - folk
Os Oskorri trazem-nos um tema extraído do álbum “25 Kantu Urte” (25 anos de música), gravado ao vivo em 1996 no Festival Folk de Getxo. Um espectáculo em que participaram também músicos como Kepa Junkera (País Basco), Gabriel Yacoub (França), Martin Carthy (Inglaterra), Patrick Vaillant (Provença) ou Anton Reixa (Galiza). Os membros dos Oskorri, que começaram por ser um grupo universitário, são originários de universos sonoros tão distintos como o jazz, a pop ou a música brasileira. E mesmo sem conhecerem a língua euskera, aceitaram o desafio de fazer renascer o folclore basco. Nas suas letras e canções, o emblemático grupo de Bilbao baseia-se sobretudo em fórmulas rítmicas e métricas tradicionais.

"Santiago - Lisboa", Xosé Manuel Budiño (Espanha) - folk, celtic music
Xosé Manuel Budiño apresenta-nos o seu terceiro álbum “Zume de Terra”, editado em 2004, precisamente o primeiro em que o gaiteiro galego assume integralmente todo o trabalho de composição, arranjo musical, produção e gravação. Um disco de originais, feito com sumo de terra e mel de tradição, onde Budiño tem por convidados especiais a brasileira Lilian Vieira (dos Zuco 103), os escoceses Capercaillie e Michael McGoldrick e Sara Tavares. O tema “Santiago Lisboa”, onde se constrói uma ponte musical entre a Galiza e Portugal, conta com as participações do violinista bretão Jacky Molard e do músico e productor português Júlio Pereira, que lhe empresta o seu bandolim.

"Blessings For The New Year", Idan Raichel's Project (Israel) - ethiopian folk, folktrónica
Idan Raichel traz-nos um tema extraído do álbum Idan Raichel’s Project, editado em 2002, primeiro trabalho a solo do músico na área da world music especificamente orientado para o universo musical israelita. Graças a isso, Raichel foi galardoado com os prémios de melhor artista, melhor álbum e melhor música do ano, tendo o disco subido para o topo da tabela de vendas em Israel, onde vendeu mais de 120 mil cópias. No seu projecto sonoro, em que utiliza música original de mais de setenta artistas, Idan Raichel começou por reunir amostras originais de músicos da folk etíope, combinando-as com sons tradicionais e modernos que vão da electrónica à música litúrgica.

"Çiftetelli",
Laço Tayfa & Hüsnü Senlendirici (Turquia) - turkish gypsy music, oriental funk
Os Laço Tayfa & Hüsnü Şenlendirici trazem-nos um tema extraído do álbum “Bergama Gaydasi”. Este grupo, liderado pelo virtuoso do clarinete Hüsnü Şenlendirici tem sido inovador ao fundir free jazz com tradições folk da comunidade cigana turca, dando um novo sentido à tendência daquele país em cruzar sons ocidentais e orientais. Para além de cada elemento desta formação ser familiar à imensidão de estilos musicais de todo o mundo, o nome da banda é também ele uma fusão: a palavra “Laço” significa “bom” ou “belo” na língua daquela comunidade cigana, enquanto que “Tayfa” é uma palavra turca de origem árabe que tanto se pode referir à “tripulação de um navio”, como a uma “família numerosa” ou a um “ensemble musical”.

"Nimlilie Nani?", Ndala Kasheba (RD Congo, Tanzânia) - congolese music
Na década de 60 e de 70 um grande número de bandas de Kivu e de Shaba, regiões orientais do Congo, sentiram a necessidade de procurar ambientes mais tranquilos onde pudessem tocar. Muitas delas fizeram as malas e partiram para o Uganda, Quénia e Tanzânia. Juntamente com Nairobi, Dar Es Salaam é um desses sítios que se transformaram num paraíso para muitos músicos. Ndala Kasheba foi viver para a Tanzânia no final da década de 60, onde tocou com os Fauvette, Safari Nkoi e a Orchestre Maquis, liderando durante bastante tempo a Orchestre Safari Sound. Juntamente com King Kiki, um dos seus antigos colegas na Safari Sound, formava no início da década de 90 a Zaita Musica, tendo continuado a tocar em Dar até à sua morte em Outubro de 2004. O tema “Nimlilie Nani?”, extraído do álbum “Yellow Card”, é uma amostra do som acústico de doze cordas que caracteriza o universo musical de Ndala Kasheba.

Jorge Costa

sábado, 15 de abril de 2006

Emissão #4 - 16 Abril 2006

ÚLTIMA HORA: Esta semana, devido a alterações extraordinárias na programação da Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), o MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO não poderá ser emitido ao sábado. Desta feita, a quarta emissão do programa irá para o ar no domingo, 16 de Abril, no horário habitual, entre as 17 e as 18 horas, repetindo na segunda-feira, 17 de Abril, entre as 19 e as 20 horas.

Estes são os novos temas difundidos neste programa:

" Gan Ionndrainn (From E to F)",
Paul Mounsey (Escócia) - folktrónica
O escocês Paul Mounsey traz-nos um tema extraído do álbum “City of Walls”, um dos quatro trabalhos que o músico editou enquanto esteve a viver no Brasil. O nome da faixa que serve de mote ao seu último disco baseou-se no livro “Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo”, de Teresa Caldeira, obra onde a escritora reflecte sobre o estado da sociedade e da democracia brasileiras. Paul Mousey pega então em amostras da música tradicional escocesa, brasileira e nativa americana, combinando-as com o som da guitarra, dos teclados, da gaita de foles e das flautas, adicionando-lhes ainda uma amostra de precursão japonesa e de sonoridades electrónicas. E apesar da sua ousadia em lidar com um espectro tão vasto de sons, culturas e instrumentos, Paul Mounsey consegue criar um universo musical único e impressionante.

"I Won't Forget My Roots Manensa Asli (Miwawa)", Souad Massi (Argélia) e Daby Touré (Mauritânia) - argelian folk, chaâbi, raï
Considerada a Tracy Chapman do Magreb, Souad Massi cruza os tormentos da música argelina com os prazeres melódicos do Ocidente. Neste tema, extraído do álbum “Mesk Elil”, editado no ano passado, a jovem surge lado a lado com Daby Touré, músico natural da Mauritânia. Na sua infância, Daby Touré divertia-se com os amigos a tocar caixas metálicas ou velhos bidões, altura em que aprenderá a tocar guitarra às escondidas do pai e se deixa impregnar pelas culturas Soninke, Toucouleur e Wolof. Em 1989, os dois mudam-se para França, onde os irmãos de Daby o convidam a juntar-se aos Touré Kunda, grupo liderado pelo pai. Desmarcando-se da música dançável do clã familiar, que mistura o jazz e as influências africanas, Daby Touré envereda por outros caminhos. O músico volta-se agora para as melodias puras e sonoridades novas, cantando em soniké, wolof ou pular. Uma forma de retratar a vida do seu povo e do mundo.

Lemen,
Cheb Khaled (Argélia) - raï, chaâbi
Cheb Khaled traz-nos o tema “Lemen”, extraído do seu sétimo e último álbum “Ya Rayi”. Neste trabalho, totalmente em árabe e o primeiro no espaço de quatro anos, Khaled surge com uma orquestração bem ao estilo pop de sucessos anteriores como “Didi”, repetindo o universo festivo e combinando as raízes do raï com o chaâbi, o folclore argelino de cariz mais político e social. O álbum apresenta ainda uma mistura de grooves à americana com ritmos orientais, juntando outros ambientes sonoros como a música árabe-andaluza, o jazz, a bossa nova e o zouk.

Kelle Magni,
Cheikh Lô (Senegal, Burkina-Faso) - afropop, mbalax
O tema foi extraído do álbum “Lamp Fall”, editado em 2005. Cheikh Lô vive em Dakar, a capital do Senegal, mas cresceu no Burkina-Faso. A sua música constrói-se a partir da pop característica daquela cidade e dos ritmos mbalax, bem ao estilo do conhecido senegalês Youssou N'Dour, com quem gravou o primeiro álbum em 1995. Cheik Lô foi membro da Orchestre Volta Jazz, a qual tocava sucessos cubanos e congoleses bem como versões pop de músicas tradicionais do Burkina Faso. Em 1978 mudava-se para o Senegal, onde começa por tocar com várias bandas. A música acústica e eléctrica de Cheik Lô, que fez dele uma estrela no Senegal e na Europa, explora ainda elementos de salsa, rumba congolesa, folk e jazz, bem como impulsos de reggae, soukous e um sabor a Brasil.

"Rodopiou",
Nazaré Pereira (Brasil) - carimbó, forró, capoeira, maracatu
Nazaré Pereira, que nos trouxe um tema extraído do álbum “Brasil Forró”, editado em 2001, canta os sons do norte e nordeste brasileiro, levando-nos pelos caminhos do forró, carimbo, xaxado, xote, arrasta-pé, frevo, coco, maracatu ou da capoeira. Nesta região, as músicas destacam-se pela sua simplicidade e pela influência de tradições portuguesas e de lendas indígenas locais misturadas com precursões africanas. Os temas da cantora e actriz, que canta também músicas de grandes autores do nordeste brasileiro, descrevem a floresta, a vida e as lendas do Xapuri do Amazonas, sua aldeia natal.

"Night Of The Living Mambo",
Mamborama, (Cuba, EUA) - mambo
Os Mamborama, que nos trouxeram o tema “Night Of The Living Mambo”, extraído do álbum do mesmo nome, são um grupo de músicos norte-americanos e cubanos que mistura ritmos modernos cubanos com jazz e influências do rithm & blues. Liderados pelo pianista Bill Wolfer, a sua música baseia-se no son cubano e na descargas, aproximando-se de estilos como o songo e a timba. Aperfeiçoado pelas bandas de dança, o mambo remonta às raízes religiosas afro-cubanas, sendo o nome originário de cultos religiosos congoleses. A palavra provém do dialecto cubano Nañigo, aparecendo na frase “Abrecuto y guiri mambo” (o que quer dizer "Abre os teus olhos e escuta"), usada na abertura dos concursos musicais em Cuba. Altamente influenciado pelas big bands, jazz e dance halls nova-iorquinos, o universo dançante do mambo tem geralmente por protagonistas um conjunto cubano, incluindo um ensemble de voz, trompete e secções de ritmo, as quais se incluem um baixo, uma conga e um pequeno tambor.

Lubenica,
Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra (Bósnia Herzegovina) - gypsy technorock
Emir Kusturica e a The No Smoking Orchestra apresentaram-nos um tema extraído do álbum “Unza Unza Time”. Nascido em Sarajevo, hoje capital da Bósnia Herzegovina, Emir Kusturica pertence a uma família bósnia muçulmana, mas de origem eslava ortodoxa. Tal como a maioria dos jugoslavos, o seu pai trocou a fé pelo comunismo. Emir, por seu lado, trocou o comunismo pelo cinema, sendo hoje mundialmente conhecido pelas curtas e longas-metragens que realizou. Em 1986, Emir Kusturica junta-se à Zabranjeno Pusenje, uma banda polémica e censurada pelas autoridades jugoslavas. Em 1994, durante o conflito no país, junta-se ao grupo o jovem Stribor, filho de Emir Kusturica. É então que o grupo se fragmenta em dois: um que mantém o nome original, e outro que adopta a designação inglesa: The No Smoking Orchestra.

Dona Tresa,
Galandum Galundaina (Portugal) - celtic folk
Os mirandeses Galandum Galundaina, que estão a celebrar o seu décimo aniversário, têm apostado na recolha e divulgação do património musical, das danças e da língua das terras de Miranda, em Trás-os-Montes. Os elementos do grupo, que nasceram nesta zona, trazem-nos melodias tradicionais, enriquecidas com timbres, ritmos e harmonias de instrumentos como a gaita-de-foles mirandesa, a flauta pastoril, a sanfona, a caixa de guerra, as conchas de Santiago ou as castanholas. Os Galandum Galundaina, que já colaboraram com músicos como o espanhol Paco Díez ou o gaiteiro escocês Malcom MacMillan, trouxeram-nos um tema extraído do álbum “Modas I Anzonas”, uma música que refere as modas vindas do continente americano para onde muitos transmontanos partiram no início do século XX em busca de uma vida melhor. Nesta faixa surgem em uníssono a gaita mirandesa e a gaita escocesa.


Uah Lúa (Folla Do Visgo), Luar Na Lubre (Espanha) - celtic folk
Os galegos Luar Na Lubre, naturais da Corunha, trazem-nos um tema extraído do seu penúltimo álbum “Hai Un Paraíso”, editado em 2004. Este grupo de música celta, com vinte anos de carreira e nove trabalhos editados, mudou por completo o panorama da música tradicional da Galiza. Isto porque defendem com unhas e dentes a cultura, tradição e música galegas, sem no entanto deixarem de assumir e integrar no seu processo criativo as influências externas, enquadradas pela fraternidade inter-céltica. Os Luar Na Lubre são uma presença constante em muitos festivais em Espanha e na Europa, dando a conhecer uma música que não pretende ser eterna, antes contemporânea.


Es Yamal, Yamal (Espanha) - hip-hop, ethnic
Com o tema extraído do seu primeiro álbum “Y El Cielo Por Encontrar”, editado em 2003, o poeta urbano Yamal traz-nos rimas frescas, sinceras e pessoais, que falam de amor, da família e do meio social. Estas surgem envoltas no universo lírico do hip-hop da capital espanhola, meio que o MC e produtor conheceu aos 12 anos, mas integram algumas surpresas como sons mediterrânicos, árabes e jamaicanos. Um ajuste perfeito entre as palavras e a música, a qual convida a dançar e ao mesmo tempo revela melancolia e tristeza, algo muito próprio das influências de Yamal.

Jorge Costa

segunda-feira, 3 de abril de 2006

World Music Charts Europe - Abril 2006

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Abril dos discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de):

1º- KAL, Kal (Sérvia) - Asphalt Tango
mês passado: 2ºlugar

2º- KINAVANA, Kekele (RD Congo) - Stern's
mês passado: 1ºlugar
3º- DESCARGA ORIENTAL / THE NEW YORK SESSIONS, Maurice El Medioni meets Roberto Rodriguez (Argélia, Cuba) - Piranha
estreia na tabela

4º- TECHARI, Ojos de Brujo (Espanha) - Diquela Records
estreia na tabela
5º- PART TWO, Kora Jazz Trio (Senegal) - Ruestendhal
estreia na tabela

6º- BOULEVARD DE L'INDEPENDANCE, Toumani Diabate & Symmetric Orchestra (Mali) - World Circuit
mês passado: 27ºlugar
7º- REMIXED, Amsterdam Klezmer Band (Holanda, Rússia, Alemanha) - Essay
estreia na tabela
8º- LA VIDA TE DA, Amparanoia (Espanha) - Wrasse
mês passado: 8ºlugar
9º- LAMP FALL, Cheikh Lo (Senegal) - World Circuit
mês passado: 9ºlugar
10º- LA CANTINA, Lila Downs (EUA) - Peregrina/Narada
mês passado: 71ºlugar
11º- M'BEMBA, Salif Keita (Mali) - Universal
mês passado: 15ºlugar
12º- BELLOW POETRY, Maria Kalaniemi (Finlândia) - Aito
mês passado: 6ºlugar
13º- UKRAINE CALLING, Haydamaky (Ucrânia) - EastBlok
mês passado: 7ºlugar
14º- SAKAT, DuOud & Abdulatif Yagoub (Tunísia, Argélia, Iémen) - Label Bleu
estreia na tabela
15º- AFRICAN REBEL MUSIC, vários (vários) - Out Here
mês passado: 3ºlugar
16º- CES VAGUES QUE L'AMOUR SOULEVE, Titi Robin (França) - Naive
mês passado: 12ºlugar
17º- MIERO, Värttinä (Finlândia) - Realworld
mês passado: 5ºlugar
18º- BALANCE, Sara Tavares (Portugal) - World Connection
mês passado: 21ºlugar
19º- FAREWELL SHALABIYE, No Blues (Holanda, Israel) - Rounder Europe
mês passado: 4ºlugar
20º- VILLU VESKI WORLD MUSIC PROJECT VOL.1, Bird & The Primitive Music Society (Estonia) - Juu Jaab Records/TUTL
estreia na tabela