quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

World Music Charts Europe - Março 2007

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Março dos 184 discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de). A assinalar, a manutenção da liderança e as onze novas entradas no topo do painel: seis em estreia absoluta no WMCE e cinco a subirem para os primeiros vinte lugares:

1º- MA YELA, Akli D (Argélia) - Because
mês passado: 1ºlugar


2º-
QUEENS AND KINGS, Fanfare Ciocărlia (Roménia) - Asphalt Tango
estreia na tabela

3º- TAXIDOSCOPIO, Kristi Stassinopoulou (Grécia) - Heaven & Earth
mês passado: 23ºlugar
4 º- SACRED STONE, Vajas (Noruega) - Vaj
mês passado: 4ºlugar
5º- URBAN AFRICA CLUB, vários - Outhere
mês passado: 9ºlugar
6º- NA AFRIKI, Dobet Gnahoré (Costa do Marfim) - Contre Jour
mês passado: 12ºlugar
7º- HIRI, Kepa Junkera (Espanha) - Elkar
mês passado: 2ºlugar
8º- THE IDAN RAICHEL PROJECT, The Idan Raichel Project (Israel) - Cumbancha
mês passado: 3ºlugar
9º- MUSICA I CANTS SEFARDIS D'ORIENT I OCCIDENT, Aman Aman (Espanha) - Galileo
estreia na tabela
10º- PIRATA, Maria Bethânia (Brasil) - Discmedi
mês passado: 10ºlugar
11º- AMAN IMAN, Tinariwen (Mali) - Independiente

mês passado: 26ºlugar
12º- NINA STILLER, Nina Stiller (Polónia) - EMI
mês passado: 99ºlugar
13º- ROMANO HIP HOP, Gipsy.cz (República Checa) - Indies Records

mês passado: 83ºlugar
14º- SHA, Schildpatt vs Peeni Waali (Suiça) - Mensch Records
mês passado: 18ºlugar

15º- ASKUR, Kristian Blak & Yggdrasil (vários) - Tutl
estreia na tabela
16º- ALLES VERLOREN, Binder & Krieglstein (Áustria) - Essay Recordings
estreia na tabela

17º- MEXICAN SESSIONS, Up, Bustle & Out (Reino Unido) - Echobeach
estreia na tabela
18º- CLAVELL MORENET, La Troba Kung-Fu (Espanha) - Lactea

estreia na tabela
19º- ÄLVDALENS ELEKTRISKA, Lena Willemark (Suécia) - Amigo

mês passado: 22ºlugar
20º- DIWAN 2, Rachid Taha (França, Argélia) - Barclay/Wrasse
mês passado: 5ºlugar

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Multipistas celebra primeiro aniversário

Caros amigos e amigas,

No próximo dia 18 de Março, o MULTIPISTAS – MÚSICAS DO MUNDO assinala o seu primeiro aniversário. Uma oportunidade não só para passar em revista as quatro dezenas de programas emitidos durante o ano de estreia e para fazer um balanço do trabalho realizado até agora, mas também para envolver a comunidade de forma mais aprofundada na esfera da world music.

Provando que, mais do que um formato de rádio, este é um programa com alma onde cada um pode fazer a diferença, será realizada em Castelo Branco, em data e local ainda a definir, uma noite temática onde se pretende reunir não só gente ligada ao universo da música do mundo, numa espécie de tertúlia alargada, mas também todas as pessoas que se queiram associar de forma livre ao primeiro encontro de âmbito musical promovido pelo MULTIPISTAS – MÚSICAS DO MUNDO.

Todos os ouvintes habituais do programa, aficionados pela matéria ou simples curiosos que queriam participar de forma activa no acontecimento poderão fazê-lo, desde que manifestem essa intenção, explicando de forma clara e sucinta a sua proposta, a qual deverá ser enviada o mais rapidamente possível para o e-mail
multipistas@portugalmail.pt. Convém referir, no entanto, que a aprovação da mesma dependerá sempre dos meios a que será possível recorrer e da logística disponível, bem como das condições técnicas do espaço onde a noite temática irá ter lugar.

Mas aqueles que não puderem ou quiserem colaborar desta forma, poderão em alternativa enviar, por exemplo, um testemunho pessoal, em texto ou ficheiro de áudio (preferencialmente em formato MP3, para facilitar o envio), para o mesmo endereço electrónico e até ao dia 3 de Março. Opiniões fundamentadas, críticas construtivas, sugestões programáticas ou crónicas literárias, entre outros, tudo será válido, desde que a temática seja respeitada. O objectivo é o de divulgar esse material no próprio evento e, eventualmente à posteriori, inseri-lo numa emissão especial do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO.

Bem-haja a todos e a todas. Até breve!

Jorge Costa

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Emissão #37 - 17 Fevereiro 2007

A 37ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 17 de Fevereiro, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 21 de Fevereiro, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (10 e 14 de Março) nos horários atrás indicados.

"Billy's Birl", Paul Mounsey (Escócia) - folktrónica
O compositor e produtor escocês Paul Mounsey inaugura a emissão com o tema “Billy’s Birl”, extraído do álbum “City of Walls”, editado em 2003. Trabalho maioritariamente de originais e adaptações próprias, e um dos quatro que o músico lançou durante os 15 anos em que viveu no Brasil. Escutar uma música tradicional escocesa, particularmente cantada em gaélico, era sempre um martírio para Paul Mounsey, visto este não entender aquele idioma. No entanto, um dia o apelo dos sons do outro lado do Atlântico foi mais forte. Paul Mounsey acabaria então por fundir ritmos da pop e influências latinas do Brasil, seu país adoptivo, com os sons tradicionais da Escócia. O produtor pega então em amostras da música tradicional escocesa, brasileira e nativa americana, combinando-as com o som da guitarra, dos teclados, da gaita-de-foles e das flautas, e adicionando-lhes percussões do Japão e da América do Sul bem como sonoridades electrónicas. Ao lidar com um espectro tão vasto de sons, culturas e instrumentos, Paul Mounsey consegue criar um universo musical único e impressionante, a que se juntam ainda as vozes de Flora MacNeil, Mary Jane Lamond, Anna Murray, Mairi MacInnes e Oumayma El-Khalil. Ao longo da sua carreira, o compositor tem trabalhado sobretudo em publicidade e televisão, compondo para diversos realizadores e trabalhando lado a lado com músicos como Michael Nyman, Etta James, Chico Buarque, Jimmy Cliff, António Carlos Jobim ou o grupo de percussão baiano Olodum.

"The Sound of Sleat/The Fear/Dans Plinn", Capercaillie
(Reino Unido) - celtic folk
As músicas do mundo prosseguem com os Capercaillie, uma presença já habitual no programa, que nos trazem agora o medley “The Sound of Sleat/The Fear/Dans Plinn”, extraído do álbum “Choice Language”. Um reel (o mais comum e rápido tipo de melodia celta), onde se destacam os loops modernos e tranquilizantes. Neste trabalho, editado em 2003, a mais popular banda da folk escocesa funde amostras de som e secções de ritmo com instrumentos tradicionais como o bouzouki, o whistle, o violino e a gaita irlandesa. Formados em 1984 na Oban High School, os Capercaillie remodelaram a paisagem sonora celta e construíram uma sólida reputação graças à forma como abordam a música tradicional das West Highlands. Um octeto que em todo o mundo já vendeu mais de um milhão de álbuns e que mistura a folk gaélica com ritmos contemporâneos, adicionando-lhes poderosas vozes e instrumentos electrónicos. Karen Matheson dá voz às composições da banda e a antigas canções gaélicas com mais de 400 anos, grande parte delas aprendidas na infância com a sua própria avó. O grupo fica completo com Donald Shaw, fundador dos Capercaillie, Che Beresford, Ewen Vernal, David Robertson, Charlie McKerron, Manus Lunny, Ewan Vernol, James Mackintosh e Michael McGoldrick.

"Tickelled",
Kíla (Irlanda) - celtic music, world fusion
Os irlandeses Kíla apresentam-nos “Tickelled”, tema extraído do álbum “Mind The Gap”, editado em 1995. Um disco que vai para além dos ritmos tradicionais como o reel e a jig, e onde grande parte dos temas são composições próprias escritas em irlandês. A banda, criada em Dublin em 1987, ousou aventurar-se em novos territórios sem no entanto deixar de preservar o essencial da sua identidade e de homenagear os seus antepassados. Ao fundirem ritmos e melodias tradicionais irlandesas e do sul da Europa com sonoridades provenientes de outras paragens, os Kíla conquistaram um lugar próprio no panorama cultural anglo-saxónico, revigorando assim as tradições musicais do seu país e criando um som contemporâneo distinto onde o rock também tem lugar. Para o conseguirem, eles servem-se de um conjunto eclético de instrumentos, não muito para além dos habitualmente presentes na música celta – a gaita-de-foles, o violino, a guitarra, o bandolim, o bouzouki, a harmónica e a flauta –, mas também de outras referências que vão dos coros do Médio Oriente aos sons africanos. Uma espiral em que dão novas direcções e territórios a uma música ancestral, e no entanto enérgica, a qual parece vir não do passado mas antes de uma Irlanda imaginária. A combinação de ritmos e instrumentos étnicos como o bodhrán ou a darabuka, permitiu aos Kíla conquistarem muitos fãs fora da tradicional comunidade folk irlandesa.

"Niane Bagne Na", Kaouding Cissoko (Senegal) - kora music, mandingo
Segue-se o senegalês Kaouding Cissoko com “Niane Bagne Na”, tema extraído do seu único trabalho a solo, editado em 1999. Em “Kora Revolution”, o virtuoso da kora (espécie de harpa de 23 cordas da África Ocidental, cuja caixa de ressonância é uma cabaça) mistura este instrumento e a tradição mandingo com a sofisticada pop senegalesa de Baaba Maal e outros géneros africanos. Uma sonoridade que entretanto havia já sido cruzada com o flamenco por Toumani Diabaté, com o jazz pelo Kora Jazz Trio ou ainda com o rock pelas mãos de Ba Cissoko. O resultado é uma folk onde se evidenciam as harmonias vocais femininas e uma secção rítmica complexa construída a partir das sonoridades do djembe, da tama (tocado com um pau, o “tambor falante” deve o nome ao seu timbre variável), do sabar (tambor tradicional senegalês), do balafon (instrumento sul-africano, percussor do xilofone, cuja ressonância se deve a um conjunto de cabaças), da guitarra, da flauta ou do baixo. Falecido em 2003, vítima de tuberculose, Kaouding Cissoko pertencia a uma grande família de tocadores da kora. O seu estilo, marcadamente lírico, predominava sobre a técnica. Ele tocou muitas vezes com músicos como Salif Keita, Nusrat Fateh Ali Khan, Michael Brook, Mansour Seck ou Ernest Ranglim - estes dois últimos foram mesmo convidados especiais neste trabalho. Para além disso, foi membro dos Daande Lenol, a banda de Baba Maal, e um dos fundadores dos Afro-Celt Sound System.

"Akanamandl' Usathana", Nothembi (África do Sul) - ndebele, afropop
Avançamos agora até à África do Sul com o tema “Akanamandl' Usathana”, retirado do álbum do mesmo nome, editado em 2001. Conhecida mundialmente como a rainha da música ndebele, Peki Emelia Nothembi Mkhwebane é natural de Carolina, localidade situada em Mpumalanga, perto da Suazilândia. Nascida numa família de aficionados pela música e órfã desde os cinco anos, ela não foi à escola porque os seus avós tinham poucos recursos. Mas depressa a música colmatou essa falha na sua vida: a avó ensinou-a a tocar flauta, a irmã a tocar isikumero e o tio a tocar uma guitarra construída apenas com uma lata de óleo. O amor pela cultura do seu povo levou Nothembi a fundar o grupo Izelamani ZakoNomazlyana, que começou por tocar em casamentos e eventos culturais. Ela comprou então um teclado e uma guitarra para compor, acabando por gravar as suas próprias canções num gravador de cassetes. No entanto, o problema era encontrar uma editora que se interessasse pelo seu trabalho, visto que Nothembi não sabia nem ler nem escrever - razão pela qual assinava o seu nome apenas com um “x”. Dada a sua iliteracia, acabou por ser enganada pelas companhias discográficas, que se aproveitavam dela. Um problema do passado, porque entretanto Nothembi conseguiu alcançar o sucesso a nível mundial e pôde finalmente frequentar a escola. Esta verdadeira estrela de rock, que também já passou por Portugal, alimenta agora a esperança de concluir os seus estudos e de vir um dia a receber uma certificação na área da música.

"Rani M'Hayer", Rachid Taha (Argélia) - chaâbi, raï, rock, punk, techno

Rachid Taha traz-nos “Rani M’Hayer” (Estou tão Atormentado), tema extraído do álbum “Diwan 2”, lançado em Outubro de 2006. Um regresso às origens, oito anos depois da primeira série, com arranjos e interpretações de temas magrebinos e árabes, numa homenagem às baladas e canções de músicos da sua infância como Blaoui Houari, estrela argelina da década de 1950, ou Mohamed Mazouni. São clássicos actualizados num álbum gravado em Londres, Paris e Cairo e de novo produzido por Steve Hillage, onde têm destaque instrumentos tradicionais como a gasba (espécie de flauta magrebina) ou o guellal (pequeno tambor). Rachid Taha nasceu na cidade costeira de Oran, na Argélia, mas emigrou muito cedo com a família para França. Alsácia e Vosges foram os primeiros destinos do músico hoje residente em Paris, cidade onde começou a sua carreira a solo. Em 1981, enquanto vivia em Lyon, Rachid Taha conheceu Mohammed e Moktar Amini. Foi então que os três, juntamente com Djamel Dif e Eric Vaquer, formaram a banda de rock “Carte de Séjour” (“autorização de residência”). Um nome nada inocente, que faz referência à crescente movimentação dos descendentes dos imigrantes argelinos, que na época começavam a reclamar por um maior espaço de intervenção na sociedade francesa. Popular e polémico, Rachid Taha mistura o rock urbano com a música tradicional do oriente, cantando em árabe. Nas suas influências destacam-se sobretudo o chaâbi e o raï, géneros que cruzou não só com sons africanos e europeus, mas também com o rock, o punk ou o techno. Rachid Taha não deixa ninguém indiferente, já que ao longo de mais de duas décadas se tem batido pela defesa da democracia e da tolerância e pela luta contra o racismo e todas as formas de exclusão, sem esquecer a guerra contra a pobreza, o medo e os fundamentalismos árabes.

"Salam", Akli D
(Argélia) - chaâbi, mbalax, folk, blues, rock
Segue-se Akli D, que nos apresenta o tema “Salam”, extraído do seu segundo álbum “Ma Yela” (Se Houvesse), lançado no ano passado. Um trabalho rico em misturas étnicas, onde se fala de paz, fraternidade e amor. Se no primeiro disco o compositor argelino enfatizava as suas raízes culturais e reivindicações políticas, neste alarga o espectro musical, abrindo-se ao mundo. Poético, político e tradicional, Akli Dehlis combina o chaâbi do norte de África com as tradições folk da região rural de Kabylie, misturando-os com canções americanas de intervenção, com os blues do Mississippi ou com o mbalax, a moderna pop senegalesa. Akli D nasceu em Kerouan, pequena cidade da Cabília, região montanhosa do norte da Argélia. Ele é um amazigh, o povo pré-islâmico que durante séculos habitou a costa sul mediterrânica desde o Egipto ao Atlântico, e que foi alvo de repressão armada ao exigir o reconhecimento oficial das línguas berberes naquele país. Exilado em Paris a partir da década de 80, tornou-se um músico de rua e do metro, acabando por experimentar géneros musicais como os blues, o rock, o reggae ou a folk. Mais tarde, Akli D muda-se para São Francisco, chegando a viver algum tempo na Irlanda. Pelo meio, acompanhou o duo feminino El Djazira e formou o grupo Les Rebeuhs des Bois, o qual tocava nos cafés e clubes de Paris. Foi num destes espaços em que ocorriam encontros musicais espontâneos levados a cabo pelas comunidades árabes e africanas que Akli D conheceu Manu Chao, produtor deste seu último trabalho.

"Forma",
Bajofondo Tango Club (Argentina/Uruguai) e Luciano Supervielle (França) - electro-tango
Despedimo-nos com o Bajofondo Tango Club e o álbum do mesmo nome, editado em 2003. A Argentina e o Uruguai estão separados pelo Rio de la Plata mas unidos pela melancolia e nostalgia do tango. Produtores, músicos e cantores dos dois países decidiram então juntar-se para misturar o tango com diversos estilos electrónicos, recuperando o espírito da música rioplatense entre as décadas de 30 e 60. O projecto, criado em 2001 pelos produtores Juan Campodónico e Gustavo Santaolalla, recorre ao trip hop, ao house, ao chill out ou ao drum & bass, ritmos electrónicos que acabaram por reinventar o tango, transformando-o num drama dançável. Dos Bajofondo Tango Club fazem ainda parte Martín Ferrés, Verónica Loza, Javier Casalla e Gabriel Casacuberta. À formação ao vivo juntam-se também Jorge Drexler, Juan Blas Caballero, Didi Gutman, Adrian Laies, Emilio Kauderer, Cristobal Repetto, Diego Vainer e Adriana Varela. Outro dos elementos deste grupo, o compositor, pianista e DJ francês Luciano Supervielle, que começou a sua carreira no Uruguay com o grupo de hip-hop Platano Macho, encerra então o programa com o tema “Forma”.

Jorge Costa

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Multipistas agora também na Beira TV



O MULTIPISTAS – MÚSICAS DO MUNDO já chegou ao universo da televisão. A partir de agora, e sempre que possível, as entrevistas exclusivas ao programa de rádio e alguns temas gravados ao vivo passarão a ser disponibilizados também em suporte de vídeo no sítio da Beira TV, webtv regional inaugurada no passado mês de Janeiro.

Para poder visualizar os ficheiros, comprimidos para o formato mp4 e que poderão ser descarregados para o disco rígido, o utilizador deverá ter instalada no seu computador a versão mais recente da aplicação Quick Time.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Emissão #36 - 3 Fevereiro 2007

A 36ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 3 de Fevereiro, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 7 de Fevereiro, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (24 e 28 de Fevereiro) nos horários atrás indicados.

"Carolina (remix)", Taraf de Haïdouks (Roménia) e DJ Shantel (Alemanha)
- gypsy brass band, gypsy oriental music
Os Taraf de Haïdouks a abrirem a emissão com “Carolina”, uma remistura de Stephan Hantel extraída da colectânea “Electric Gypsyland”, editada em 2005. Uma série de reinterpretações e de reinvenções poéticas de músicos europeus e americanos, em que o ponto de partida é a música cigana. Os Taraf de Haïdouks ("banda de bandidos") são originários de Clejani, cidade localizada a sudoeste de Bucareste, na Roménia. Esta dezena de instrumentistas e cantores, em que convivem quatro gerações de lăutari (músicos), foi descoberta em 1990 por dois jovens músicos belgas que se apaixonaram pela sua sonoridade e decidiram dá-los a conhecer ao mundo. A música dos Taraf de Haïdouks, que varia entre as baladas e as danças, é uma mistura de estilos locais, representando na perfeição a riqueza das folk romena. O género chamou a atenção de Stephan Hantel (mais conhecido por DJ Shantel), que nos últimos anos atacou as pistas de dança com uma mistura única de downtempo e technopop. Ele cria uma mistura explosiva entre a música dos Balcãs e a electrónica, dando destaque a alguns dos maiores representantes da música cigana como Mahala Rai Banda, Fanfare Ciocărlia, Balkan Beat Box, Slonovski Bal ou Goran Bregovic. As suas famosas raves em Frankfurt, chamadas de Bucovina Club, misturam sonoridades que vêm do Brasil e do Norte de África com baladas romanas, música tradicional da Moldávia ou da Sérvia e danças dos Balcãs. O resultado é uma amálgama sonora onde existe ainda lugar para a dub, o house, a breakbeat, a bossa nova, a batucada e a música oriental.

"Lau Anaiak", Alboka
(Espanha) - basque folk
As músicas do mundo prosseguem com os Alboka e o tema “Lau Anaiak” (Os Quatro Irmãos), extraído do álbum do mesmo nome, lançado em 2004. Quarto trabalho do grupo que, para além das danças e melodias populares, retiradas dos cancioneiros bascos, integra temas instrumentais – então uma novidade na folk basca, mais habituada a trabalhos vocais – e novas canções, compostas por Allan Grifing e traduzidas para euskera pelo escritor basco Juan Garcia. O agora duo, formado pelo acordeonista Joxan Goikoetxea e pelo multi-instrumentista irlandês Alan Griffin (que há mais de vinte anos vive no País Basco), foi criado em 1994 juntamente com mais dois músicos daquela região autónoma espanhola: Txomin Artola e Josean Martín Zarko. Da sua história fazem também parte as vozes de Benito Lertxundi e Xabi San Sebastián, o violinista Juan Arriola e a cantora húngara Marta Sebestyén, que colaborou num dos álbuns do grupo. Um ensemble cujo objectivo é o de interpretar música tradicional exclusivamente de forma acústica, sua imagem de marca, e que foi buscar o nome à alboka, um aerofone pastoril basco, construído com dois chifres de vaca, e cuja sonoridade, parecida com a da gaita, se situa entre a sanfona e a bombarda francesa. Juntam-se-lhe o acordeão, o bouzuki, o bandolim, o ttun-ttun (tamboril basco, da família do saltério), a guitarra acústica, o violino, a harpa, a gaita, a flauta e as percussões. Uma ponte entre a música tradicional e a folk contemporânea, em que a energia basca se une à pureza irlandesa.

"Ritus Selenita",
Joglars e Senglars (Espanha) - celtic folk
Os catalães Joglars e Senglars estreiam-se no programa com “Ritus Selenita”, tema retirado do álbum do mesmo nome, editado em 1998. Eles são um dos mais conhecidos grupos espanhóis da música celta contemporânea. A sua criatividade vai para além dos contornos do folclore, já que combinam melodias tradicionais com composições próprias e arranjos modernos. Algo patente no segundo disco dos Joglars e Senglars, onde temas galegos, catalães, bascos, irlandeses ou macedónios se fundem com sonoridades medievais, ritmos mediterrânicos e harmonias jazzísticas, elementos pouco habituais na folk. O grupo nasceu em 1992 em Santa Coloma de Gramenet (Barcelona). Quatro jovens músicos influenciados por géneros como o jazz, o rock ou a música clássica, começam então um trabalho pioneiro de investigação musical. Um projecto de mestiçagem e de reabilitação da folk, que no entanto não perde de vista as tradições. Para além das gaitas galegas e irlandesas, a banda, hoje formada por David Lafuente, Víctor Fernández e Miguel Ángel Vera e a que se juntam Tato Latorre, Rafa Martín e Michel Solves, recorre a elementos de percussão originais, bem como a instrumentos eléctricos como a guitarra ou o sintetizador.

"Poulo", Amadou & Mariam (Mali) - afropop blues
Segue-se a dupla Amadou & Mariam, que nos traz o tema “Poulo”, extraído do álbum “Wati” (Os Tempos, em bambara), editado em 2002. Um afropop blues, recheado de ritmos africanos, batidas funky e riffs de guitarras, onde se podem encontrar influências tão inesperadas como o cavaquinho português ou o violino de Bengala. Naquela que é a mais roqueira pop africana, não faltam as habituais alusões ao quotidiano do seu país e as letras que apelam à paz, ao amor e à justiça. Neste trabalho, Amadou & Mariam prestam homenagem à música tradicional maliana, ainda que embrulhada em sons ocidentais, tendo por convidados os franceses Mathieu Chedid, Jean-Philippe Rykiel, Sergent Garcia, o marroquino Hamid el Kasri e os malianos Cheick Tidiane Seck, Moriba Koïta e Boubacar Dambalé. Mariam Doumbia começou por cantar em casamentos e festivais tradicionais, enquanto que Amadou Bagayoko era guitarrista nos Les Ambassadeurs, banda lendária a que mais tarde se juntou Salif Keita. Os dois são invisuais e conheceram-se em 1977 no instituto de cegos de Bamako, a capital do Mali. A partir de então tornaram-se inseparáveis na vida e na carreira. Cantando em francês, castelhano e no seu dialecto original, estes bambara (etnia maioritária no Mali) vão buscar referências musicais à sua adolescência: a pop, o rock psicadélico e a salsa dos anos 60, e o funk e a soul da década seguinte. Uma forma através da qual recordam não só as suas raízes mandingo, mas também as teias invisíveis que ligam o Mali ao gnawa, à música cubana e ao jazz, tornando universal a música daquele país.

"Ambasale", Gigi (Etiópia) - world fusion, afrofunk
Avançamos agora até à Etiópia com o tema “Ambasale”, extraído do álbum “Gold and Wax”, editado em 2006. Conhecida como Gigi, Ejigayehu Shibawba é uma das mais célebres cantoras etíopes, apresentando-se quer a solo, quer com as formações Tabla Beat Science e Abyssinia Infinite. Acompanhada por instrumentos acústicos como a harpa kirar ou a flauta washint, ela combina melodias tradicionais do seu país com uma grande variedade de estilos como o jazz, a soul, a dub e o afrofunk. A viver actualmente nos Estados Unidos da América, Gigi é casada com o baixista e produtor Bill Laswell, que há seis anos produziu o seu álbum de estreia, disco em que foram introduzidos instrumentos electrónicos e que entre os convidados incluía o célebre David Gilmore. Neste seu último trabalho, Gigi cruza harmonias africanas com elementos jamaicanos e indianos e batidas do Ocidente. Um arranjo complexo e moderno de canções de dança e melodias, com muito ritmo e percussão à mistura. São sons menos tradicionais que seguem o caminho de outros fusionistas etíopes. Um álbum que contou com a participação de músicos como o virtuoso do sarangi Ustad Sultan Khan, o mestre da tabla Karsh Kale, o teclista Bernie Worrell, Nils Petter Molvaer, ou dos músicos africanos Abesgasu Shiota, Hoges Habte Aiyb Dieng e Assaye Zegeye.

"Hatul Vehatula", Boom Pam (Israel) - world fusion, surf rock

Para já, acompanha-nos um dos melhores grupos israelitas e uma banda de culto naquele país. Os Boom Pam
, que começaram por tocar em clubes e casamentos, trazem-nos o tema “Hatul Vehatula”, extraído do álbum do mesmo nome da banda, lançado no ano passado. Formados em 2003, os Boom Pam foram buscar a identidade ao cover da canção grega que tocaram com a estrela de rock Berry Sakharof, um êxito que ocupou as tabelas israelitas em 2004, à semelhança do que acontecera em 1969 com o cantor grego Aris San, emigrado em Tel Aviv. Os guitarristas Uzi Feinerman e Uri Brauner Kinrot começaram por experimentar sons orientais, até que se lhes juntaram a tuba de Yuval “Tubi” Zolotov e as percussões de Dudu Kohav. Depois do sucesso alcançado no Médio Oriente, eles chegaram ao público europeu, graças sobretudo ao DJ Shantel, que co-produziu o seu primeiro lançamento internacional e os descobriu numa das suas visitas a Tel Aviv, convidando-os então a participarem em vários espectáculos no seu Bucovina Club em Berlim, Frankfurt, Colónia e Zurique. Onde quer que actuassem, os Boom Pam deixavam o público em brasa com a sua mistura enérgica de rock do Médio Oriente com uma amostra de Balcãs, alguma irreverência e muito groove. Fugindo ao cliché do klezmer, geralmente associado à música judaica, eles criam um cocktail dos diferentes estilos que habitualmente se cruzam em Tel Aviv. Uma fusão única de estilos mediterrânicos, balcânicos e gregos, combinados com melodias judaicas, surf rock e música circense.

"Naar Oostland", Jams (Alemanha) - german folk
Os JAMS trazem-nos o tema “Naar Oostland”, retirado do álbum “Fisch” (Peixe), editado em 1997. Disco onde o grupo deixa para trás os temas instrumentais e a céilidh (dança tradicional gaélica), e descobre as suas raízes, apresentando várias canções em plattdeutsch (dialecto falado nas planícies setentrionais daquele país, mas que a maioria dos alemães simplesmente não compreende). São arranjos engenhosos e uma instrumentação especial, onde há lugar para a melódica (aerofone de palhetas, semelhante ao acordeão e à harmónica de boca), o bandolim, o saxofone, o clarinete, o contrabaixo e os tambores. Por vezes divertidos, mas sempre próximos das tradições musicais alemãs, os JAMS fundem tradições klezmer, balcânicas, alemãs e da Europa de Leste. Formados nos anos 80 na parte leste de Berlim, os JAMS marcaram o florescimento da folk alemã numa altura em que as bandas pareciam surgir como cogumelos. Num festival, o quarteto apresentou-se então com os primeiros nomes dos seus elementos: Jo-Andy-Micha-Session. Isto porque alguém juntou os nomes dos três no cartaz de apresentação do grupo. A organização é que não achou grande piada à longa palavra, que acabou por ser abreviada para JAMS (o que em plattdeutsch significa “sessão”). Apesar de a maior parte dos elementos originais já se terem afastado, manteve-se o nome da banda, hoje uma das mais conhecidas da folk germânica.

"Fábula Bêbada",
JP Simões (Portugal) - luso-samba
A fechar o programa, despedimo-nos com “Fábula Bêbada”, tema retirado do disco de estreia a solo de João Paulo Simões, editado no mês passado. Depois de projectos como os Pop Dell’Arte, Belle Chase Hotel, A Ópera do Falhado e Quinteto Tati, o compositor e intérprete conimbricense envereda agora por um trabalho eminentemente pessoal e conceptual. No álbum de nome “1970”, seu ano de nascimento, JP Simões estabelece uma viragem na carreira. Um recomeço artístico em tempos de crise, onde o cantautor tentou criar uma canção portuguesa que se encaixasse na vitalidade da música brasileira. O resultado é uma espécie de pátria ficcional, situada entre Lisboa e o Rio de Janeiro, território onde nasce este luso-samba. Um álbum catársico e recheado de inquietações, onde é retratada uma geração que desapareceu sem ter cumprido os seus ideiais. Nesta colecção de sentimentos, memórias e pessoas, destacam-se a luminosidade dos arranjos de Tom Jobim, a toada da guitarra de João Gilberto e a arquitectura da canção de Chico Buarque. Eis uma realidade musical brasileira, sonhada em português…

Jorge Costa

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

World Music Charts Europe - Fevereiro 2007

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Fevereiro dos 214 discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de). A assinalar, a nova liderança e as oito novas entradas no topo do painel: quatro em estreia absoluta no WMCE e quatro a subirem para os primeiros vinte lugares:

1º- MA YELA, Akli D (Argélia) - Because
mês passado: 7ºlugar


2º- HIRI, Kepa Junkera (Espanha) - Elkar
mês passado: 1ºlugar
3º- THE IDAN RAICHEL PROJECT, The Idan Raichel Project (Israel) - Cumbancha
mês passado: 4ºlugar

4 º- SACRED STONE, Vajas (Noruega) - Vaj
mês passado: 64ºlugar
5º- DIWAN 2, Rachid Taha (França, Argélia) - Barclay/Wrasse
mês passado: 5ºlugar

6º- ELECTRIC GYPSYLAND 2, vários (Roménia) - Crammed
mês passado: 2ºlugar

7º- NEFTAKHIR, Maghrebika (Marrocos) - Barraka
mês passado: 8ºlugar
8º- ELECTRIC GRIOT LAND, Ba Cissoko (Guiné-Conacri) - Totolo
mês passado: 3ºlugar
9º- URBAN AFRICA CLUB, vários - Outhere

mês passado: 21ºlugar
10º- PIRATA, Maria Bethânia (Brasil) - Discmedi
estreia na tabela
11º- BURLESQUE, Bellowhead (Reino Unido) - Westpark
mês passado: 13ºlugar

12º- NA AFRIKI, Dobet Gnahoré (Costa do Marfim) - Contre Jour
estreia na tabela
13º- KETUKUBA, Africando (Senegal, vários) - Stern's
mês passado: 6ºlugar

14º- INTRODUCING, Bela Lakatos & The Gypsy Youth Project (Hungria) - World Music Network
mês passado: 11ºlugar

15º- AKROBAKKUS, Afenginn (Dinamarca) - Tutl
estreia na tabela
16º- WEST EASTERN IMPRESSIONS, Zilverzurf (Suécia) - Lola's World
mês passado: 64ºlugar
17º- DEDICATION, DAM (Palestina) - Red Circle Music
mês passado: 10ºlugar
18º- SHA, Schildpatt vs Peeni Waali (Suiça) - Mensch Records

estreia na tabela
19º- KECE KURDAN, Aynur (Turquia) - Kalan
mês passado: 16ºlugar

20º- WOMEN WITH A VOICE, vários (África do Sul) - Skip Records
mês passado: 167ºlugar