quarta-feira, 20 de junho de 2007

Emissão #45 - 23 Junho 2007

A 45ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 23 de Junho, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 27 de Junho, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (14 e 18 de Julho) nos horários atrás indicados.

Um programa especial onde se destaca a entrevista exlusiva aos Uxu Kalhus, realizada a 12 de Junho em Proença-a-Nova, nas festas daquele concelho.


"Psycoceltic", Rarefolk (Espanha) - freestyle folk/folk-rock
Os sevilhanos Rarefolk inauguram a emissão com “Psycoceltic”, tema retirado do álbum “Natural Fractals”, lançado no ano passado. Quarto e último trabalho dos pioneiros, precisamente, do freestyle folk, uma mistura criativa de sons e ritmos folclóricos de todo o mundo com o universo do rock, do funk e da música electrónica. O resultado é um raro estilo folk, carregado de energia, em que se fundem influências da música africana, celta, oriental e do próprio jazz. Neste disco, os Rarefolk regressam à sua formação original – Ruben Diez, "Mangu" Díaz, Marcos Munné, Pedro Silva, Fernando Reina e Oscar "Mufas" Valero –, contando com a participação especial do violinista Elo Sánchez (dos andaluzes Sila Na Gig) e do saxofonista Nacho Gil (Caponata Argamacho Trio). Desta feita, eles apresentam-nos uma mistura de instrumentos acústicos com sequências de dança, enveredando por géneros como a breakbeat ou o jungle. Bem para trás fica 1992, ano em que os Rarefolk se deram a conhecer na exposição mundial de Sevilha como Os Carallos e em que começaram a ter uma formação estável.

"Pasodoble do Azulejo", Uxu Kalhus (Portugal) - trad-folk-rock, folk fusion
As músicas do mundo prosseguem com o “Passodoble do Azulejo”, tema extraído de “A Revolta dos Badalos”, trabalho de estreia dos Uxu Kalhus, editado em 2006, e onde, para além das chocalhadas endiabradas deste quinteto (Celina Piedade, Paulo Pereira, Eddy Cabral, Luís Salgado e To Zé), formado em 2000, se podem ouvir as vozes de Joana Negrão, Rui Vaz, Pedro Mestre e António Tavares e o cavaquinho de Luís Peixoto. Uma fusão radical de sons e melodias onde a regra é não haverem regras. A revolta faz-se então pela subversão do folclore e pela reinvenção das músicas e danças tradicionais portuguesas e europeias, à mistura com géneros (jazz, rock, ska, funk, drum & bass, hip-hop ou música klezmer) e ritmos de todo o mundo: dos brasileiros (maracatú, embolada ou samba), africanos, árabes e orientais, aos medievais e barrocos. O público é então convidado a bailar ao som de viras, chotiças, modinhas, corridinhos e regadinhos, e de danças israelitas, sérvias ou austríacas, que se cruzam com mazurcas, valsas, polcas ou marchas. Universo sonoro que é alimentado por instrumentos como a flauta, o acordeão, a rauschpfeife (aerofone medieval de palheta dupla), as guitarras eléctrica e acústica, o baixo ou o metalfone. Nas percussões, acrescem a bateria, o bouzouki, a darabuka, o djembé, o bombo, o pandeiro, o didgeridoo, o dunun (família de tambores graves africanos, formada pelo kenkeni, sangban e doundounba), o davul (tambor duplo turco, conhecido nos Balcãs por tapan), a caixa, bem como o repenique e o surdo (tambores comuns no samba). Soma-se-lhes o caxixi, idiofone africano formado por um cesto de palha trançada em forma de campânula e com sementes no interior. A 29 Junho, os Uxu Kalhus vão estar no Festival MED de Loulé; a 21 de Julho em Portel; a 31 Julho e 2 e 5 Agosto no Festival Andanças, em São Pedro do Sul. Em Agosto estarão ainda nas Caldas da Rainha (dia 4), Tavira (dia 7), Seia (dia 18) e em Burgos, no Danzas Sin Fronteras (dias 21 e 22).

"Sunnu Gal", Terrakota (Portugal) - afrobeat, reggae, gnawa
Os Terrakota trazem-nos o tema “Sunnu Gal”, retirado do álbum “Oba Train”, terceiro e último da banda portuguesa, lançado em Maio deste ano. O comboio da vida é uma nova mestiçagem sonora onde se apela ao entendimento entre povos, celebrando as músicas do mundo num ambiente de festa. Criados em 1999, os Terrakota empreenderam então uma viagem pela África Ocidental. Na bagagem trouxeram ideias e instrumentos acústicos cujo som viriam a misturar com o poder dos instrumentos eléctricos. Aos três elementos do grupo juntaram-se depois mais quatro músicos e a actual vocalista, os quais viriam a assimilar géneros como o reggae e o gnawa. Depois de três anos de concertos, digressões em Portugal e na Europa, e viagens por Marrocos, Mauritânea, Mali, Burkina-Faso e Brasil, onde recolheram inspiração, os Terrakota juntam agora toda essa energia musical num trabalho que abrange várias geografias (Jamaica, Caraíbas, Cuba ou Brasil), sonoridades (árabes, flamencas ou indianas) e línguas (português, yoruba, wolof, francês, inglês ou castelhano). No seu último disco, uma fusão sem confusão, destacam-se as participações de Ikonoklasta e Conductor, ambos pertencentes ao angolano Conjunto Ngonguenha/Buraka Som Sistema, e do jamaicano U-Roy. A 14 de Julho, os Terrakota vão estar no Festival Serra da Estrela, em Valhelhas (Guarda).

"Château Rouge", Emmanuel Santarromana (França) e Hadja Kouyaté (Guiné-Conacri) - electro, afropop, mandingo
A jornada continua com Emmanuel Santarromana e Hadja Kouyaté, que nos trazem “Château Rouge”, tema extraído do álbum “Métropolitan”, editado em 2003. Antes de enveredar por uma carreira a solo, Emmanuel Santarromana foi percussionista em alguns dos maiores clubes europeus, lado a lado com nomes como o DJ Mandrax, Laurent Garnier ou Charles Schillings. Em 1998 enveredava finalmente por uma carreira como compositor. Neste seu primeiro álbum de originais, o DJ francês apresenta uma Paris multicultural, servindo cada estação de metro como pretexto para explorar as diferentes facetas musicais daquela cidade. Uma visão sofisticada, melódica e impressionista da capital francesa, cheia de cores, emoções e sons. O ambiente urbano mistura-se então com ritmos ciganos, africanos ou árabes, amostras de jazz, pop, hip-hop e música electrónica. Nesta mestiçagem destaca-se a voz quente e fervorosa de Hadja Kouyaté, uma das dez figuras femininas que participaram no projecto também ele electrónico de Frederic Galliano "African Divas". Hadja Kouyaté nasceu no sul da Guiné-Conari, na região de Gueckédou. Familiar de Manfila Kanté e Ousmane Kouyaté, grandes guitarristas guineenses, e de ascendência griot, a jovem começou a cantar aos cinco anos, viajando de povoação em povoação para participar em baptismos ou casamentos. Mais tarde avançaria por uma carreira a solo, seguindo a tradição musical mandingue. Hoje reparte o seu tempo entre França e a Guiné-Conacri, país onde acompanha o grupo "Les Guinéens".

"Maleele", Etran Finatawa (Níger) - wodaabe and touareg music

Seguem-se os Etran Finatawa com “Maleele”, tema extraído do álbum “Introducing Etran Finatawa”, editado no ano passado. Em 2004, seis músicos wodaabes e quatro tuaregues, unidos pelo gosto pela música e pelo desejo de paz entre todas as etnias que vivem ou viajam pelo rio Níger, juntaram-se e formaram este grupo. Os tuaregues e os wodaabe são dois dos grupos étnicos nómadas que vivem na savana do Sahel, no sul do Sáara. Durante milhares de anos, a região foi um ponto de passagem entre os árabes do norte de África e as culturas subsarianas. Enquanto que os wodaabe, de etnia fulani, são conhecidos pelos seus rebanhos e gado, os tuaregues, berberes que falam tamashek, são famosos criadores de camelos. Mesmo tendo culturas e línguas muito distintas, os elementos dos Etran Finatawa (As Estrelas da Tradição) ultrapassaram as fronteiras étnicas e o racismo, trabalhando juntos para construírem um futuro melhor para os seus povos. Eles fundaram o seu estilo, combinando instrumentos tradicionais e canções polifónicas com arranjos modernos e guitarras eléctricas. O resultado é um álbum marcado por uma mistura única entre o blues, o rock e o funk.


"Matadjem Yinmixan", Tinariwen (Mali) - touareg music, rock, blues
Viagem agora até ao deserto com os Tinariwen e o tema “Matadjem Yinmixan” (“Porquê todo este ódio entre vocês?”), retirado do álbum “Aman Iman” (Água é Vida), gravado em Bamako e lançado em Fevereiro deste ano. Uma melodia onde se faz um apelo às tribos tuaregues para que deixem de lado as rivalidades. Este clã apareceu em 1982 na Líbia num campo de acolhimento de rebeldes tuaregues (povo nómada descendente dos berberes do norte de África e que vagueia entre a Argélia, o Mali, o Níger e a Líbia), tocando para a comunidade de exilados naquele país e na Argélia. Três jovens encarnam a Ishumaren, a música dos ishumar desempregados, uma geração que sonha com a liberdade e a auto-determinação. São sobretudo melodias tradicionais, inspiradas nas guitarras do norte do Mali ou nos alaúdes (ngoni para os songhai, teherdent para os tuaregues) dos griots, e canções nostálgicas que apelam ao despertar político das consciências e à rebelião da alma. Em 1990, dois elementos dos Taghreft Tinariwen (literalmente, os "reconstrutores dos desertos") integraram o grupo de guerrilheiros separatistas que atacou um posto militar em Menaka, na fronteira com o Níger, inaugurando um novo conflito com o governo do Mali. Seis anos depois, quando a paz chegou finalmente ao sul do Sáara, voltaram-se apenas para a música do seu povo, em geral acompanhada pelo tindé (instrumento de percussão tocado por mulheres) ou pela flauta t’zamârt. Na sonoridade rítmica e harmónica dos Tinariwen, percussores dos blues do deserto, estão presentes também a guitarra eléctrica e a asoüf, solidão característica da poesia tuaregue que, tal como os blues, incorpora um sentimento de desamparo universal. A 29 de Junho, eles vão estar no Festival Mediterrâneo de Loulé, a 5 de Julho no Africa Festival de Lisboa e a 6 de Julho em Évora.

"Papirosn", Nina Stiller (Polónia) -
jewish music
O programa chega ao fim com Nina Stiller e o tema “Papirosn” (Cigarros), retirado do álbum editado em 2006 e baptizado com o nome desta cantora, actriz e dançarina polaca. Um projecto discográfico onde se juntam dois mundos muito diferentes: a tradição cultural judaica e a moderna música electrónica. Trabalho que por isso mesmo se destina a toda a comunidade mundial e não apenas aos aficionados das sonoridades com raízes hebraicas. Nina Stiller tem ganho vários galardões no seu país, onde se inclui o primeiro prémio da Polish Competition of Jewish, atribuído em 1999. Servindo-se de um repertório que integra canções judaicas, populares e religiosas, a cantora apresenta-se agora ao mundo com uma música dinâmica, fresca e expressiva.

Jorge Costa

terça-feira, 19 de junho de 2007

A revolta folk d'Uxu Kalhus

A chocalhada dá-se na reinvenção festiva e eléctrica de músicas e danças tradicionais, cruzadas com sons de todo o mundo


A boa disposição é uma constante do grupo em palco
(imagens: Jorge Costa/Multipistas)

Ainda que rejeitem rótulos, os portugueses Uxu Kalhus servem-se de termos como “música tradicional radical”, “folk subversiva”, “baile progressivo”, “interpretações musculadas” ou “sonoridades camaleónicas” para descreverem as suas endiabradas chocalhadas. Uma revolta sonora que arrancou em 2000, em Gennetimes. “O primeiro intuito, quando fizemos o grupo, foi o de irmos tocar a um festival de danças tradicionais em França, com danças portuguesas”, conta ao MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO Celina de Piedade, vocalista e acordeonista do projecto, na altura ainda sem alcunha à altura do desafio proposto. “Inicialmente éramos só um duo, os CPPP [Celina Piedade & Paulo Pereira]. Precisávamos de um nome e como levávamos uma professora de danças tradicionais connosco, ela baptizou-nos à pressa. Ela achou que seria divertido, uma vez que o som do grupo não é assim tão tradicional”.



Nem a entrevista ao programa escapou à chocalhada

Ao yin tradicional do recém criado colectivo - Celina Piedade (acordeão e voz) e Paulo Pereira (flautas) -, juntar-se-ia mais tarde o yang moderno de Eddy Cabral (baixo eléctrico), Luís Salgado (bateria e percussões) e To Zé (cordas e guitarra eléctrica). Nesta transformação radical, a folk mistura-se então com géneros como o jazz, o rock, o ska, o funk, o drum & bass, o hip-hop ou a música klezmer. Uma fusão de estilos, ritmos e melodias onde a regra é não haverem regras. “Quando começámos a tocar, decidimos que não nos íamos oprimir e que iriamos usar todo o que pudéssemos, sem medo de furar com a tradição”, refere a jovem. “Todos nós tocámos nos conservatórios, mas uns vieram da música tradicional e outros da música popular. Juntamos isso tudo, sem preconceitos e muitas ideias base, e o resultado é algo completamente livre”.



Eddy Cabral e Tó Zé, a dupla eléctrica dos Uxu Kalhus

A revolta faz-se então pela subversão do folclore e pela reinvenção radical das músicas e danças tradicionais portuguesas e europeias, à mistura com ritmos e instrumentos de todo o mundo. Outro propósito dos Uxu Kalhus é o de recuperar o espírito das danças de baile. “Há muita gente em Portugal desde há dez anos para cá a organizar festivais, bailes e alas de danças tradicionais, e nós surgimos inseridos nesse contexto”, explica a jovem. “A ideia é trazer de novo as danças tradicionais para o quotidiano das pessoas, pô-las a dançar sem ser só no contexto de representação etnográfica”, adianta Celina de Piedade, referindo-se desde logo ao repertório do grupo. “Metade do que tocamos são danças portuguesas, que escolhemos em conjunto com algumas professoras de dança e que temos tentado ensinar no país e fora de Portugal, e metade danças do resto da Europa”.




Celina Piedade e Paulo Pereira, os fundadores do grupo

Num ambiente bem disposto e de festa permanente, o público é convidado a bailar ao som de viras, chotiças, modinhas, corridinhos e regadinhos. Um pezinho em solo português que rapidamente se levanta para dar um pulinho a outros pontos do globo. Danças israelitas, sérvias ou austríacas cruzam-se então com mazurcas, valsas, polcas ou marchas, sem esquecer os ritmos brasileiros (maracatú, embolada ou samba), africanos, árabes e orientais, ou mesmo medievais e barrocos. “A revolta está cada vez mais subversiva”, graceja a vocalista dos Uxu Kalhus. “Pensei que com a idade acalmássemos, mas felizmente que isso não está a acontecer. Estamos muito unidos, o que faz com que exploremos cada vez mais as nossas possibilidades”, acrescenta. “Não queremos cortar com o passado, mas também não queremos representá-lo. Queremos tê-lo presente agora e no futuro”.



A percussão chocalheira é assegurada por Luís Salgado

Para alimentar todo este universo sonoro, os Uxu Kalhus contam com uma variedade de instrumentos: a flauta, o acordeão, a rauschpfeife (aerofone medieval de palheta dupla), as guitarras eléctrica e acústica, o baixo ou o metalfone. Nas percussões, acrescem a bateria, o bouzouki, a darabuka, o djembé, o bombo, o pandeiro, o didgeridoo, o dunun (família de tambores graves africanos, formada pelo kenkeni, sangban e doundounba), o davul (tambor duplo turco, conhecido nos Balcãs por tapan), a caixa, bem como o repenique e o surdo (tambores comuns no samba). Numa alusão clara aos chocalhos, não poderia faltar o caxixi, idiofone africano formado por um cesto de palha trançada em forma de campânula e com sementes no seu interior.





Para além do quinteto, em “A Revolta dos Badalos”, trabalho de estreia do grupo, editado em 2006, podem escutar-se as vozes de Joana Negrão, Rui Vaz, Pedro Mestre e António Tavares, bem com o cavaquinho de Luís Peixoto. A 12 de Junho, no concerto que deram em Proença-a-Nova, nas Festas do Concelho, os Uxu Kalhus presentearam o público com praticamente todas as faixas deste seu primeiro disco, desde os arranjos de temas tradicionais portugueses (“Erva-Cidreira”, “Malhão”, “Mat'Aranha”, “Regadinho” e “Sariquité”), cabo-verdianos (“Maria de Ceição”) às composições próprias (“Horage”, “Xotiska” e “Suite de Polkas”). No alinhamento da noite estiveram também outros que deverão integrar o próximo trabalho, a editar ainda em 2007. É esse o caso do popular “A Saia da Carolina” e do internacionalmente famoso “I Will Survive”, de Gloria Gaynor, cujo disco sound se entranha no já de si electrizante “Passodoble do Azulejo”.

VÍDEO...↓

Entrevista Uxu Kalhus + tema ao vivo “A Saia da Carolina"

Jorge Costa

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Emissão #44 - 9 Junho 2007

A 44ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 9 de Junho, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 13 de Junho, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (30 de Junho e 4 de Julho) nos horários atrás indicados.

"Alone At My Wedding", Buscemi (Bélgica) vs. Koçani Orkestar (Macedónia) - gypsy brass band, folktronica

A abrir a emissão, a Koçani Orkestar com “Alone At My Wedding”, uma remistura do DJ Buscemi extraída da colectânea “Electric Gypsyland 2”, editada em 2006. Uma série de reinterpretações de músicos europeus, turcos e africanos em que o ponto de partida é a música cigana. Originária da cidade macedónia do mesmo nome, a Koçani Orkestar é uma das mais conhecidas fanfarras ciganas daquele país. Liderada pelo trompetista Naat Veliov e com um repertório simultaneamente tradicional e contemporâneo, a Koçani Orkestar mistura o som das duvaçki orkestar com ritmos de dança turcos e búlgaros e melodias ciganas dos Balcãs. O resultado é uma frenética festa sonora, bem ao estilo da romska orientalna musika (música cigana oriental), encabeçada por quatro tubas e acompanhada pelo saxofone, pela trompete, pelo clarinete e pelo acordeão. Ritmos que chamaram a atenção do produtor belga Dirk Swartenbroekx. Mais conhecido por Buscemi, desde 1996 que este tem vindo a gravar temas para bandas como os Beach Boys, Suba, Madredeus ou Calexico. Entretanto criou a Squadra Bossa, um formato que combina DJ set’s com instrumentos ao vivo, dando um ar latino à música de dança.

"Tatihou", Kepa Junkera (Espanha) - basque folk
As músicas do mundo prosseguem com Kepa Junkera, que nos traz “Tatihou”, tema retirado do seu último álbum “Hiri” (cidade), lançado no ano passado. Primeira etapa da viagem sonora por alguns dos lugares por onde o músico passou, e que desta feita nos leva até uma ilha da Normandia, em França. O exímio executante da trikitixa (fole do inferno), acordeão diatónico basco mais conhecido por concertina, dá então destaque à txalaparta (instrumento de percussão, tocado com peças de madeira), à alboka (aerofone tradicional basco, constituído por dois chifres de vaca) e à sanfona. Kepa Junkera tornou-se o mais internacional dos músicos bascos ao fundir a folk da sua terra e a música triki com os ritmos do mundo. Uma palete sonora que começou com uma abertura ao jazz, à música clássica e à folk-rock, e que mais tarde anexou os ritmos do Quebeque, do Mediterrâneo, das Canárias, da Europa Central, de África e da Irlanda. Kepa Junkera desenvolveu a sua carreira internacional com John Kirkpatrick e Riccardo Tessi no projecto Trans-Europe Diatonique. Neste disco, o músico de Bilbao conta com a participação de músicos como o albokari Ibon Koteron, Patrick Vaillant, o percussionista Glen Velez, o brasileiro Marcus Suzano, o pianista Alain Bonnin, ou músicos bascos como Ibon Koteron, Etxak e Alos Quartet. Destacam-se ainda Gilles Chabenat, Jean Wellers, Carlos Malta, Lori Cotler, Andy Narell, os catalães Tactequete, o galego Xosé Manuel Budiño, os italianos Enzo Avitabile & I Bottari Di Pórtico e as vozes das Bulgarka, da cantora azeri Aygun, de José António Ramos, Benito Cabrera, Mercedes Peón e Eliseo Parra.

"Gizon Pipartzaleak", Alboka (Espanha) - basque folk
Os Alboka regressam ao programa com “Gizon Pipartzaleak”, tema extraído do álbum “Lau Anaiak” (Os Quatro Irmãos), editado em 2004. Quarto trabalho do grupo que, para além das danças e melodias populares retiradas dos cancioneiros bascos, integra temas instrumentais – então uma novidade na folk basca, mais habituada a trabalhos vocais – e novas canções, compostas por Allan Grifing e traduzidas para euskera pelo escritor basco Juan Garcia. O agora duo, formado pelo acordeonista Joxan Goikoetxea e pelo multi-instrumentista irlandês Alan Griffin, foi criado em 1994 juntamente com mais dois músicos daquela região autónoma espanhola: Txomin Artola e Josean Martín Zarko. Da sua história fazem também parte as vozes de Benito Lertxundi e Xabi San Sebastián, o violinista Juan Arriola e a cantora húngara Marta Sebestyén, que colaborou num dos álbuns do grupo. Um ensemble cujo objectivo é o de interpretar música tradicional exclusivamente de forma acústica, sua imagem de marca, e que foi buscar o nome à alboka, um aerofone pastoril basco, construído com dois chifres de vaca, e cuja sonoridade, parecida com a da gaita, se situa entre a sanfona e a bombarda francesa. Juntam-se-lhe o acordeão, o bouzuki, o bandolim, o ttun-ttun (tamboril basco, da família do saltério), a guitarra acústica, o violino, a harpa, a gaita, a flauta e as percussões. Uma ponte entre a música tradicional e a folk contemporânea, em que a energia basca se une à pureza irlandesa.

"Chauffeurs", Amadou & Mariam (Mali) - afropop blues
A jornada continua com a dupla Amadou & Mariam, que nos traz o tema “Chauffeurs”, extraído do álbum “Wati” (Os Tempos, em bambara), editado em 2002. Um afropop blues, recheado de ritmos africanos, batidas funky e riffs de guitarras, onde se podem encontrar influências tão inesperadas como o cavaquinho português ou o violino de Bengala. Naquela que é a mais roqueira pop africana, não faltam as habituais alusões ao quotidiano do seu país e as letras que apelam à paz, ao amor e à justiça. Neste trabalho, Amadou & Mariam prestam homenagem à música tradicional maliana, ainda que embrulhada em sons ocidentais, tendo por convidados os franceses Mathieu Chedid, Jean-Philippe Rykiel, Sergent Garcia, o marroquino Hamid el Kasri e os malianos Cheick Tidiane Seck, Moriba Koïta e Boubacar Dambalé. Mariam Doumbia começou por cantar em casamentos e festivais tradicionais, enquanto que Amadou Bagayoko era guitarrista nos Les Ambassadeurs, banda lendária a que mais tarde se juntou Salif Keita. Os dois são invisuais e conheceram-se em 1977 no instituto de cegos de Bamako, a capital do Mali. A partir de então tornaram-se inseparáveis na profissão e na vida. Cantando em francês, castelhano e no seu dialecto original, estes bambara (etnia maioritária no Mali) vão buscar referências musicais à sua adolescência: a pop, o rock psicadélico e a salsa dos anos 60, e o funk e a soul da década seguinte. Uma forma através da qual recordam não só as suas raízes mandingo, mas também as teias invisíveis que ligam o Mali ao gnawa, à música cubana e ao jazz, tornando universal a música daquele país.

"Famou", Sekouba Bambino (Guiné-Conacri) - mande music, afrobeat, afrozouk
Sekouba Bambino traz-nos “Famou” (Eu Compreendo), parte integrante do álbum “Sinikan” (Mundo Preconceituoso), lançado em 2002. Acompanhado por um coro feminino, neste tema o cantautor e multi-instrumentista pede a todas as mulheres do mundo que sejam fortes e que não dêem atenção a boatos. Uma celebração musical, produzida por Ibrahima Sylla, e em que se apela à paz e à tolerância. Neste seu terceiro trabalho, a voz de ouro da Guiné cruza então instrumentos como o balafon (instrumento sul-africano, percursor do xilofone, cuja ressonância se deve a um conjunto de cabaças), a kora (harpa de 23 cordas, cuja caixa de ressonância é uma cabaça) e o ngoni (um alaúde ancestral, predecessor do banjo) com a flauta, o violino, o acordeão, o baixo ou a guitarra eléctrica. Sekouba “Bambino” Diabaté nasceu em Siguiri, junto à fronteira com o Mali. Ele é um descendente de griots (ou djeli, palavra que em mandinga significa “sangue”), uma casta de poetas e trovadores da África Ocidental. Aos 12 anos, o presidente da Guiné Sekou Touré, que o ouvira numa banda, convidou-o a integrar a Bembeya Jazz National, um dos grupos subsidiados pelo governo, recebendo então, devido à sua idade, o apelido de Bambino. Extinta a formação, Sekouba torna-se o líder do colectivo afro-latino Africando, avançando depois para uma carreira a solo. Hoje, com a sua orquestra, a Bouré Band, este faz uma ponte entre a África tradicional e contemporânea.

"D Achu Ayen", Akli D (Argélia) - chaâbi, mbalax, folk, blues, rock
A viagem prossegue com Akli D e o tema “D Achu Ayen”, parte integrante do seu segundo álbum “Ma Yela” (Se Houvesse), editado em 2006. Um trabalho rico em misturas étnicas, onde se fala de paz, fraternidade e amor. Se no primeiro disco o compositor argelino enfatizava as suas raízes culturais e reivindicações políticas, neste alarga o espectro musical, abrindo-se ao mundo. Poético, político e tradicional, Akli Dehlis combina o chaâbi do norte de África com as tradições folk da região rural de Kabylie, misturando-os com canções americanas de intervenção, com os blues do Mississippi ou com o mbalax, a moderna pop senegalesa. Akli D nasceu em Kerouan, pequena cidade da Cabília, região montanhosa do norte da Argélia. Ele é um amazigh, o povo pré-islâmico que durante séculos habitou a costa sul mediterrânica desde o Egipto ao Atlântico, e que foi alvo de repressão armada ao exigir o reconhecimento oficial das línguas berberes naquele país. Exilado em Paris a partir da década de 80, tornou-se um músico de rua e do metro, acabando por experimentar géneros musicais como os blues, o rock, o reggae ou a folk. Mais tarde, Akli D muda-se para São Francisco, chegando a viver algum tempo na Irlanda. Pelo meio, acompanhou o duo feminino El Djazira e formou o grupo Les Rebeuhs des Bois, o qual tocava nos cafés e clubes de Paris. Foi num destes espaços em que ocorriam encontros musicais espontâneos levados a cabo pelas comunidades árabes e africanas que Akli D conheceu Manu Chao, produtor deste seu último trabalho.

"Aitma", Tartit (Saara Ocidental) - touareg music, rock, blues

Seguem-se os pioneiros do blues do deserto com "Aitma", tema extraído do álbum "Ichichila", lançado em 2000. Pertencentes à imensa família berbere, os tuaregues são um dos poucos matriarcados existentes no norte de África, região tendencialmente muçulmana. Conquistada a independência pela maioria das nações africanas da zona, este povo nómada acabou dividido em países como a Argélia, a Líbia, o Níger, o Mali e o Burkina-Faso. Com uma história repleta de conflitos com o governo maliano, dadas as sucessivas revoltas pela defesa do seu modo de vida, muitos tuaregues escaparam para campos de refugiados. Foi num deles, em 1995, que nasceram os Tartit (“União”), uma banda formada por cinco mulheres e quatro homens oriundos da região de Timbuktu, no Mali. Sentadas, as mulheres cantam, ululam, batem palmas e percutem o tindé (género de tambor), melodias hipnóticas de amor e saudade que são acompanhadas de forma minimalista pelos homens. Cobertos por panos de azul índigo, estes tocam instrumentos de corda acústicos como o imzad (violino tuaregue de uma corda, formado por meia cabaça e crinas de cavalo), o tehardent (espécie de alaúde de três cordas) ou o guimbri (baixo acústico arcaico de três cordas), e eléctricos como a guitarra e o baixo. Uma ponte entre o gnawa e os blues de Ali Farka Touré, numa música que evoca a imensidão do deserto do Saara e que poderá ser escutada ao vivo a 26 de Julho, data em que os Tartit vão estar no Festival de Músicas do Mundo de Sines.

"Mile Chemins", Dikès (Argélia) - flamenco, gypsy music, chanson française

Segue-se o francês Dikès com o tema “Mile Chemins”, extraído do álbum “Mon Côté Punk” (O Meu Lado Punk), lançado em 2005 pelo grupo do mesmo nome. Um colectivo de artistas do qual fazem também parte Loïc Lantoine, Mourad Musset, Karim Arab, Fathi Oulhaci, Jean-Michel Martin, Hélène Avice, Loraine Ritmanic e Boris Moncombe, e que se inspira precisamente nos mil e um caminhos percorridos por cada um dos seus membros. Ambiente festivo, feito de canções livres e textos incisivos, e que inclui instrumentos com o sousafone (uma espécie de tuba, precisamente o maior dos instrumentos de sopro) o címbalo ou a flauta. Yahia Dikès nasceu em Khemis Miliana, na Argélia. Aos 11 anos parte clandestinamente para a Suiça, deambulando pela Alemanha, Espanha e França. A viagem interrompe-se em Paris, onde Dikès descobre a chanson française, assimilando o estilo de Georges Brassens, Léo Ferré ou Jacques Brel. Com uma voz de timbre quente, este viajante poético criou uma sonoridade mestiça onde o blues e o flamenco se cruzam com melodias ciganas e orientais. Uma mistura das culturas do mediterrâneo, assente em instrumentos como o violino, o acordeão, a guitarra ou a flauta de pã. As letras em árabe e francês, inspiradas em autores como Stéphane Cadé, Bernard Dimey, Allain Leprest, Jean-Marc Le Bihan, Michel Robakowski ou Florent Vintrigner, falam sobre a tolerância e o respeito, testemunhando uma vida marcada pela errância e pelos reencontros.

"Čhaje Šhukarije", Esma Redzepova (Macedónia) -gypsy music

Esma Redzepova traz-nos “Čhaje Šhukarije”, tema retirado do álbum do mesmo nome, editado em 2001. Trabalho produzido pelo trompetista klezmer Frank London, e que juntou músicos de todo o mundo. Esma nasceu em 1943 numa pequena povoação perto de Skopje, a capital da Macedónia, precisamente a cidade onde Emir Kusturica rodou “O Tempo dos Ciganos”. Na escola, aos 14 anos, a cantautora foi convidada a cantar num concurso da Radio Skopje. Concerto onde conquistou o primeiro lugar e a atenção do músico e futuro marido Stevo Teodosievski. Esma começa então uma tournée com o seu ensemble musical. Num festival no norte da Índia é baptizada como “Rainha dos Ciganos”, alcançando a partir daí grande popularidade. As suas canções, semelhantes às melodias típicas dos Balcãs, são a expressão musical do seu amor pela Macedónia. Uma voz vibrante a que se juntam o violino, o clarinete e o acordeão, sem esquecer as influências da Índia, Pérsia e Espanha, num ambiente alegre e sensual. A diva dos Balcãs tem actuado nos palcos mais importantes do mundo, sendo hoje a grande embaixadora da cultura cigana da Macedónia. Até agora já foram mais de oito mil concertos e 500 canções, o que inclui 108 singles, 20 álbuns e 6 filmes. Nomeada por duas vezes para o prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho humanitário, ela e o seu falecido marido adoptaram 47 dos rapazes órfãos que encontraram nas suas viagens, treinando-os para serem músicos. Em 2006, “Čaje Šukarije”, o seu tema mais conhecido de sempre, foi integrado à revelia na banda sonora do famoso “Borat”, dando origem a um processo judicial contra os produtores do filme.

"The Charleston", Desbundixie (Portugal) - dixieland

Os Desbundixie encerram o programa com o tema “The Charleston, um clássico retirado do álbum “Kick’n Blow”, disco de estreia do grupo, editado em Abril deste ano. César Cardoso, Daniel Marques, Flávio Cardoso, João Maneta, Miguel Sousa, Pedro Santos e Ricardo Carreira tentam reviver o tradicional dixieland, estilo criado pelos escravos negros americanos que misturavam sons e ritmos de forma vibrante. Surgia assim a primeira forma conhecida de jazz, adoptada na década de 1920 por mestres do género como Louis Armstrong, Bix Beiderbeck ou Kid Ory e presença constante nos clubes de dança. Em Setembro de 2000, sete amigos de Leiria, servindo-se da experiência acumulada nas bandas filarmónicas, decidiram então pegar na instrumentação primitiva do jazz (trompete, clarinete, trombone, tuba e banjo), acrescentando-lhe o saxofone, a bateria e um toque pessoal. O resultado é uma música igualmente alegre e enérgica, com sabor a Nova Orleães, e que nos convida a mexer o pé. Em Junho, os Desbundixie vão estar nas Caldas da Rainha (dia 15), Pombal (dia 16), Rio Maior (dia 22) e Leiria (dia 23), regressando a esta última a 28 de Julho e 4 de Agosto.

Jorge Costa

domingo, 3 de junho de 2007

World Music Charts Europe - Junho 2007

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Junho dos 175 discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de). A assinalar, a nova liderança e as oito novas entradas no topo do painel: duas em estreia absoluta no WMCE e seis a subirem para os primeiros vinte lugares:

1º- WATINA, THE UNIQUE AND SOULFUL SOUND OF AFRICA IN CENTRAL AMERICA, Andy Palacio and the Garifuna Collective Belize (Guatemala,Honduras) - Cumbancha
mês passado: 2ºlugar


2º- BAHAMUT, Hazmat Modine (EUA) - Jaro

estreia na tabela
3º- SEGU BLUE, Bassekou Kouyate & Ngoni Ba (Mali) – Outhere
mês passado: 3ºlugar
4º- AUTHENTICITE - THE SYLIPHONE YEARS, vários (Guiné-Conacri) - Sterns
estreia na tabela

5º- DJIN DJIN, Angelique Kidjo (Benim, França) - EMI
mês passado: 8ºlugar
6º- AMAN IMAN, Tinariwen (Mali) – Independiente
mês passado: 1ºlugar
7º- SEVENTH TRIP, Kroke (Polónia) - Oriente Musik
mês passado: 11ºlugar
8º- NU MED, Balkan Beat Box (EUA) - Crammed

mês passado: 54ºlugar
9º- MI SUENO, Ibrahim Ferrer (Cuba) - World Circuit
mês passado: 4ºlugar
10º- 3 NIGHTS, Zulya and the Children of the Underground (Rússia) - Westpark
mês passado: 91ºlugar
11º- SEASON OF VIOLET, Rim Banna (Palestina) - Kirkelig Kulturverksted
mês passado: 17ºlugar

12º- CAFE NOIR, Bana Congo & Papa Noel (RD Congo, Cuba) - Tumi
mês passado: 6ºlugar
13º- A DEVLA, Viorica & Ionitsa - Clejani Express (Roménia) - Network
mês passado: 12ºlugar
14º- WHAT...IS IN BETWEEN, David Lowe's Dreamcatcher (Reino Unido) - Oval Records
mês passado: 15ºlugar
15º- DJEF DJEL, Ale Möller Band (Suécia) - Amigo
mês passado: 21ºlugar
16º- QUEENS AND KINGS, Fanfare Ciocărlia (Roménia) - Asphalt Tango
mês passado: 5ºlugar
17º- TRAKYA DANCE PARTY, Burhan Öcal & Trakya All Stars (Turquia) – Doublemoon
mês passado: 9ºlugar
18º- OI VA VOI, Oi Va Voi (Reino Unido) - V2

mês passado: 91ºlugar
19º- ALEVANTA, Benjamin Escoriza (Espanha) - 18 Chulos/Riverboat
mês passado: 166ºlugar
20º- RED EARTH, Dee Dee Bridgewater (EUA) - Universal
mês passado: 37ºlugar