quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Emissão #53 - 1 Dezembro 2007

A 53ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 1 de Dezembro, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 5 de Dezembro, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (22 e 26 de Dezembro) nos horários atrás indicados.

"Tango Greco/Vrisi", Ale Möller Band (Suécia) - folk, polska
A Ale Möller Band a abrir mais uma emissão com “Tango Greco / Vrisi”, tema retirado do álbum “Bodjal”, lançado em 2004. Trabalho onde o sexteto multicultural – formado pelos suecos Ale Möller e Magnus Stinnerbom, pela grega Maria Stellas, pelo senegalês Mamadou Sene, pelo canadiano Sebastien Dubé e pelo mexicano Rafael Sida Huizar – conta com as participações de Jonas Knutsson, Shirpa Nandy, Kurash Sultan e Mats Oberg. Seja no seu projecto a solo Bouzoukispellman ou em grupos como Filarfolket (O Pessoal dos Violinos), Nordan Project ou o trio Frifot, o multi-instrumentista e compositor Alle Staffan Mölle procura descobrir as histórias que se escondem por entre os sons. Nesta reinvenção da folk escandinava, Alle Mölle recorre ao improviso (liberdade que foi buscar ao jazz, ao swing, ao be-bop e à música grega) e a sons e instrumentos de todo o globo. Para obter os quartos de nota e as escalas apropriadas a esta tarefa, o one man band desenvolveu a sua versão da mandola (instrumento semelhante ao bandolim, com quatro pares de cordas) e do bouzouki, adaptando-os às melodias tocadas com o violino, presença habitual no folclore da região de Darlarna. Juntam-se-lhes a harpa, o saltério, a flauta, a charamela (aerofone antecessor do oboé), o acordeão, a harmónica, os zils (pratos de dedo), o riti (violino senegalês) e a guitarra. O resultado é um cruzamento das diferentes tradições regionais e das polskas suecas com os ritmos noruegueses, gregos, brasileiros, africanos, afro-cubanos e indianos.

"Santa Moura", Júlio Pereira (Portugal) - folk, acoustic, fusion
As músicas do mundo prosseguem com Júlio Pereira e o tema "Santa Moura", extraído do seu último álbum “Geografias”, editado este ano. Um conjunto de inéditos instrumentais baseados em memórias de viagens e experimentações sonoras, e que resulta da combinação entre bandolim, guitarra portuguesa, viola braguesa, bouzouki e sintetizadores. Depois de muitos anos ligado ao cavaquinho, Júlio Pereira volta-se agora para outro cordofone pequeno, o bandolim, instrumento que o acompanha desde a infância. São sons tradicionais portugueses à mistura com ritmos africanos e orientais, num trabalho que conta com as vozes de Sara Tavares, Isabel Dias (grupo minhoto Raízes) e Marisa Pinto (Donna Maria), e com Miguel Veras na viola acústica e guitarra e Bernardo Couto na guitarra portuguesa. Júlio Pereira começou no rock nos anos 70 com grupos como os Petrus Castrus e os Xarhanga. Da inovação musical dos anos 60/70, à revitalização dos instrumentos tradicionais, a partir dos anos 80/90 Júlio Pereira associou-os a soluções acústicas contemporâneas. Ao longo de mais de três décadas de carreira, o multi-instrumentista, compositor e produtor tem colaborado com músicos como Carlos do Carmo, Amélia Muge, Pedro Burmester, Eugénia Melo e Castro, Zeca e João Afonso, José Mário Branco, Jorge Palma, Janita Salomé ou Fausto, bem como os The Chieftains, Pete Seeger, Kepa Junkera, Xosé Manuel Budiño, Uxia ou Na Lúa.

"Kabir Kouba", Claire Pelletier (Canadá) - celtic music
Claire Pelletier regressa ao programa, desta feita com o tema “Kabir Kouba” (nome grosseiro atribuído ao rio St-Charles, que desagua no Saint-Laurent, na cidade do Quebeque), retirado do álbum “En Concert Au St-Denis”, gravado ao vivo em Outubro de 2002 no teatro Saint-Denis, em Montreal, no Canadá. Desde muito pequena que a rapariga da voz azul-marinho, baptizada de Claire La Sirène (A Sereia) se deixou fascinar pelos contos, lendas e canções tradicionais do Quebeque, província onde 80 por cento da população é de descendência francesa. Aos 24 anos, a jovem trocava o curso de oceanografia pela música, surgindo inicialmente ao lado do grupo Tracadièche. Depois de ter dado a conhecer “Galileo” no Quebeque e na Europa francófona, neste álbum Claire Pelletier, o músico e seu marido Pierre Duchesne e o compositor Marc Chabot misturam as músicas dos álbuns “Murmures d'Histoire” (1996) e “Galileo” (2000), ligando a inspiração medieval, a alma céltica, as melodias tradicionais e as lendas da antiguidade. Um espectáculo em que o duo harmónico combina o piano, o violino, a viola e o contrabaixo com sons electrónicos. Como a vela de um barco, a voz envolvente e suave de Claire Pelletier iça-se, estica-se e apoia-se sobre o vento.

"Neria", Oliver 'Tuku' Mtukudzi (Zimbabué) - tuku
music
A jornada continua com Oliver Mtukudzi e o tema "Neria", extraído do álbum com a banda sonora do filme do mesmo nome, reeditado em 2001. Figura emblemática da música urbana africana e uma das maiores estrelas do Zimbabué, o cantautor e guitarrista criou um género único chamado tuku. Uma aliança dos ritmos da África austral, com influências da mbira, do mbaqanga sul-africano, da zimbabueana jit music, do katekwe, do urban zulu, das percussões dos Korekore, o seu clã, e dos temas tradicionais shona, etnia que corresponde a três quartos da população do Zimbabué. Oliver Mtukudzi começou a sua carreira em 1977 ao juntar-se aos Wagon Wheels, grupo lendário de que também fazia parte o poeta revolucionário Thomas Mapfumo. Foi com músicos desta banda que ele formaria os Black Spirits. Com a independência do seu país, Oliver torna-se produtor e consegue editar dois álbuns por ano – a lista anda perto das quatro dezenas de trabalhos de originais. Pelo seu carácter inovador e pela voz generosa, a música de Oliver Mtukudzi distingue-se facilmente dos outros estilos do Zimbabué. Um artista popular pela capacidade de abordar os problemas económicos e sociais do seu povo, e de seduzir o público com um humor contagioso e optimista.

"Arouna", Angélique Kidjo (Benim) - afropop, afrobeat
Angélique Kidjo traz-nos “Arouna”, tema retirado do álbum “Djin Djin” (Apreciem o Dia), e que conta com a participação de Joy Denelane. A jovem é natural da povoação costeira de Cotonou, no Benim. Dada a situação política do país, foi muito cedo que rumou até Paris e mais tarde até Nova Iorque, cidade onde hoje reside. Angélique, que canta em francês e inglês, mas também nas línguas nativas do Benim, Nigéria ou Togo, usa a voz e a música como ferramentas de diálogo entre nações. Embaixadora da UNICEF e fundadora do grupo de apoio a seropositivos Batonga, esta aposta na educação das mulheres africanas. As músicas, grande parte inspiradas nas suas missões humanitárias, falam do nascimento, do amor, da alienação e da esperança. Se nos discos anteriores Angélique Kidjo fundia géneros ocidentais – jazz, funk, blues, electrónica – com sons e ritmos africanos, neste trabalho, gravado em Nova Iorque e lançado este ano, a cantora e compositora regressa às origens, dando destaque à diversidade rítmica do seu país e da África Ocidental. Um casamento de culturas em que para além dos percussionistas Crespin Kpitiki e Benoit Avihoue (membros da Benin Gangbé Brass Band), do baterista americano Poogle Bell, do teclista Amp Fiddler, do multinstrumentista Lary Campbell, do baixista senegalês Habib Faye, dos guitarristas Lionel Loueke, Romero Lubambo e João Mota, e do mestre da kora Mamadou Diabaté, conta com convidados de luxo como Alicia Keys, Peter Gabriel, Josh Groban, Ziggy Marley, Carlos Santana, Amadou & Mariam, Joss Stone e Branford Marsalis.

"Lume, Lume", Fanfare Ciocărlia (Roménia) – gypsy brass band, balkan music
A Fanfare Ciocărlia (“laverca”, em romeno) apresenta-nos “Lume, Lume”, tema retirado do álbum “Gili Garabdi – Ancient Secrets of Gypsy Brass”, lançado em 2005. Esta orquestra de metais, fundada pelo clarinetista Ioan Ivancea, falecido no ano passado, é célebre pelo improviso e pela interpretação acelerada de solos de clarinete, saxofone e trompete, por vezes com mais de 200 batidas por minuto. Eles começaram por tocar em cerimónias populares, até que o produtor discográfico e engenheiro de som alemão Henry Ernst (seu actual manager) os descobriu em 1996. Oriundos da aldeia de Zece Prăjini (“Dez Campos”), no nordeste da Roménia, junto à fronteira com a Moldávia, os demónios acelerados do gypsy brass cruzam a tradição balcânica com influências globais, adaptadas ao seu estilo enérgico e festivo. Danças tradicionais romenas e moldavas como a sîrba (“dança” em romeno), a hora (dança de círculo) ou a geamparale (popular dança da região de Dobrogea, caracterizada por ritmos balcânicos e turcos), bem como os ritmos turcos, húngaros, búlgaros, sérvios e macedónios são apresentados ao som de instrumentos de sopro (trompa, tuba, trompete, clarinete, requinta, saxofone e corneta) e percussão (tímpano e bombo, tarola e bongo). Juntam-se-lhes histórias sobre a vida, cantadas em romeno ou em romani (dialecto cigano). O grupo tem colaborado com expoentes máximos da música cigana como a macedónia Esma Redzepova, o sérvio Šaban Bajramović, estrelas da pop romena e búlgara como Dan Armeanca e Jony Iliev, bem como Florentina Sandu (Roménia), Mitsou (Hungria), Ljiljana Butler (Bósnia), Kal (Sérvia) ou os Kaloome (França).

"Abre Ramce", Esma Redzepova (Macedónia) -gypsy music
Segue-se Esma Redzepova, com “Abre Ramce”, tema extraído do álbum “Čhaje Šhukarije”, editado em 2001. Trabalho produzido pelo trompetista klezmer Frank London, e que juntou músicos de todo o mundo. Esma nasceu em 1943 numa pequena povoação perto de Skopje, a capital da Macedónia, precisamente a cidade onde Emir Kusturica rodou “O Tempo dos Ciganos”. Na escola, aos 14 anos, a cantautora foi convidada a cantar num concurso da Radio Skopje. Concerto onde conquistou o primeiro lugar e a atenção do músico e futuro marido Stevo Teodosievski. Esma começa então uma tournée com o seu ensemble musical. Num festival no norte da Índia é baptizada como “Rainha dos Ciganos”, alcançando a partir daí grande popularidade. As suas canções, semelhantes às melodias típicas dos Balcãs, são a expressão musical do seu amor pela Macedónia. Uma voz vibrante a que se juntam o violino, o clarinete e o acordeão, sem esquecer as influências da Índia, Pérsia e Espanha, num ambiente alegre e sensual. A diva dos Balcãs tem actuado nos palcos mais importantes do mundo, sendo hoje a grande embaixadora da cultura cigana da Macedónia. Até agora já foram mais de oito mil concertos e 500 canções, o que inclui 108 singles, 20 álbuns e 6 filmes. Nomeada por duas vezes para o prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho humanitário, ela e o seu falecido marido adoptaram 47 dos rapazes órfãos que encontraram nas suas viagens, treinando-os para serem músicos.

"Era D'Aqui I D'Allà", Xazzar (Espanha) - gypsy klezmer jazz, folk rock
A emissão chega ao fim com os Xazzar e “Era D’Aqui I D’Allà”, tema extraído do álbum “Que No S’Escapin Els Gossos” (Que Não Fujam os Cães), editado este ano. O projecto arrancou em 2005, quando alguns estudantes da Escola de Música da Catalunha decidiram criar um grupo que tocasse temas originais, inspirados na música klezmer. No seu disco de estreia, o jovem septeto, formado por Angela Llinarés (clarinete), Ildefons Alonso (bateria), Toni Vilaprinyó (baixo), Clara Peya (piano e acordeão), Noemi Rubio (violino), Miranda Gás (voz) e Laia Serra (violino), mistura melodias inspiradas na folk com ritmos variados que vão do jazz ao swing, passando pelo charleston e pela chanson française, sem esquecer os sons endiabrados da música cigana. São composições próprias, cantadas em catalão, castelhano e francês, que apelam ao baile e à festa. Muito ritmo a marcar passo num trabalho onde os Xazzar contam com as colaborações de músicos como Helena Cases de Conxita (pandeireta), Jordi Cristau (coros) ou Francesc Vives de Dumbala Canalla (trompete).

Jorge Costa

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Emissão #52 - 17 Novembro 2007

A 52ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 17 de Novembro, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 21 de Novembro, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (8 e 12 de Dezembro) nos horários atrás indicados.

"Ostinato & Romanian Dance", Taraf de Haïdouks (Roménia) - gypsy music
Os Taraf de Haïdouks a abrirem mais uma emissão com a “Ostinato & Romanian Dance”, tema original de Béla Bártok e que inaugura “Maškaradă”, trabalho inventivo e enérgico, lançado este ano. Neste álbum, onde é convidada Virginica Dumitru, os Taraf de Haïdouks apresentam temas próprios e versões de clássicos do início do século XX. Entre os compositores que serviram de base a este disco estão os húngaros Béla Bártok e Joseph Kosma, o arménio Aram Khachaturian, os espanhóis Isaac Albéniz e Manuel de Falla ou o inglês Albert Ketèlbey, eles próprios influenciados pelo folclore balcânico e pela tradição cigana. Os Taraf de Haïdouks ("banda de bandidos") são originários de Clejani, cidade localizada a sudoeste de Bucareste, na Roménia. Esta dezena de instrumentistas e cantores, em que convivem quatro gerações de lăutari (músicos), foi descoberta em 1990 por dois jovens músicos belgas que se apaixonaram pela sua sonoridade e decidiram dá-los a conhecer ao mundo. A música dos Taraf de Haïdouks, que varia entre as baladas e as danças, é uma mistura de estilos locais, representando na perfeição a riqueza da folk romena.

"The Stride Set",
Solas (EUA) - celtic, irish folk
As músicas do mundo prosseguem com os Solas (termo que em gaélico significa “luz”). Eles trazem-nos "The Stride Set", um agrupamento de temas (“The Stride”, “Tom Doherty's”, “The Contradiction” e “Viva Galicia”), extraído do terceiro álbum da banda, “The Words That Remain”, editado em 1998. Uma visão contemporânea da folk irlandesa e dos sons tradicionais celtas, a que o quinteto de Nova Iorque, formado em 1996, adiciona elementos da música country, do blues, do bluegrass, do jazz, bem como outros ritmos globais. Apesar de americanos, o virtuosismo e a versatilidade dos Solas fá-los levar a música tradicional irlandesa para além dos típicos jigs e reels. São arranjos imaginativos de melodias e danças do velho continente, mas também composições próprias do grupo, formado por Seamus Egan, Winifred Horan, Mick McAuley, Deirdre Scanlan e Eamon McElholm. Neste trabalho, onde são convidados o mestre do banjo canadiano Bela Fleck e a vocalista Iris de Ment, os Solas apimentam a folk irlandesa com instrumentação menos convencional. À flauta, gaita, whistle, bodhrán, acordeão, guitarra, banjo, bandolim, violino e concertina juntam-se então a guitarra eléctrica, os teclados e o sintetizador.

"Boy In The Boat ", Lúnasa (Irlanda) - celtic
Os Lúnasa apresentam-nos o medley “Boy In The Boat” (integra “The Ballivanich Reel”, “The Boy in the Boat” e “The Stone of Destiny”), retirado do disco “Sé” (em irlandês lê-se ‘shay’), lançado em 2006. Trabalho onde Trevor Hutchinson, Paul Meehan, Seán Smyth, Kevin Krawford e Cillian Vallely contam com as colaborações dos guitarristas Tim Edey, do teclista Pat Fitzpatrick e do trombonista Karl Ronan. Na Irlanda, ainda hoje o mês de Agosto é conhecido por Lúnasa – o termo original era Lughnasadh –, uma alusão ao antigo festival celta outrora realizado no primeiro dia de Outono em honra do deus irlandês Lugh, patrono das artes. Este quinteto instrumental, criado em 1997, contraria a tendência de fundir a música tradicional com o rock, a pop ou a música electrónica. Para os Lúnasa, a renovação celta passa antes pela tradição, embora eles não fechem portas a novas sonoridad
es. Inspirados pela The Bothy Band, referência dos anos de 1970, os novos deuses da música irlandesa juntam o violino, a flauta e a gaita irlandesa, o whistle, o contra-baixo e a guitarra acústica, explorando também as raízes bretãs e galegas. Graças aos arranjos inventivos e ao seu som enérgico, influenciado pelo jazz, blues, rock e country, os Lúnasa abriram um novo caminho para a música tradicional irlandesa.

"Jidka", Saba (Somália) - afropop
A jornada continua com Saba e o tema "Jidka" (A Linha), extraído do álbum do mesmo nome, editado este ano. Termo que se refere ao lado mestiço da cantora, a qual cruza a cultura africana com a europeia. Nascida em Mogadíscio, capital da Somália, durante o regime repressivo do general Muhammad Siyad Barre, Saba é filha de pai italiano e de mãe etíope. Com os italianos permanentemente sob suspeita e o conflito com a Etiópia na região de Ogaden, a família foi então obrigada a exilar-se em Itália. Neste trabalho de estreia, a jovem mistura guitarras acústicas, koras e djembés com batidas tradicionais africanas e percussão contemporânea, recordando canções de infância e temas compostos com a própria mãe (recorde-se que ela começou por cantar e dançar com a irmã para entreter os vizinhos, em Addis Abeba). Saba, que tem trabalhado com autores somalianos como Cristina Ubax Alì Farah e Igiaba Scego, serve-se do dialecto somali de Xamar Weuyne, onde abundam as palavras em inglês e italiano, herança dos tempos coloniais. Nesta aproximação entre culturas, ela conta com as participações do guitarrista e percussionista camaronês Tatè Nsongan, do griot senegalês Lao Kouyatè e da voz de Felix Moungara, orginária do Gabão.

"Mini Kusuto", Colombiafrica - The Mystic Orchestra (Colômbia, Congo, Nigéria, Bolívia) - champeta, afrobeat, soukous, highlife
A Colombiafrica – The Mystic Orchestra estreia-se no programa com “Mini Kusuto”, tema retirado do álbum “Voodoo Love Inna Champeta Land”, lançado este ano. Depois de séculos de colonização, Colômbia e África juntam-se finalmente através da champeta criolla, o primeiro género afro-colombiano contemporâneo. São versões locais de ritmos africanos como o soukous congolês, o highlife ganês, a afro-beat nigeriana ou o sul-africano mbaqanga, que se misturam com a cumbia, o bullerengue, a chalupa, o lumbalú (canção funerária) e outros estilos caribenhos, num diálogo permanente entre as percussões, as guitarras e as vozes. Neste trabalho, as estrelas da champeta Viviano Torres, Luís Towers e Justo Valdez, originários da cidade de San Basilio de Palenque, juntamente com o produtor Lucas Silva (“Champeta-Man Original”), devolvem a África os ritmos afro-colombianos. Uma jornada em que contam com talentos oriundos do Congo, Guiné, Angola e Camarões, tais como Dally Kimoko, Diblo Dibala, Nyboma, Sékou Diabaté, Rigo Star, Bopol Mansiamina, Caien Madoka, Ocean, 3615 Code Niawu, Hadya Kouyate, Son Palenque, Las Alegres Ambulancias, Batata e Guy Bilong.

"Mesechina", Dragan Dautovski Quartet (Macedónia) - macedonian folk
Segue-se o Dragan Dautovski Quartet com “Mesechina”, tema retirado do álbum “Patot Na Sonceto” (O Caminho do Sol), lançado em 2001. Para além de Dragan Dautovski, fazem parte desta formação Aleksandra Popovska, Ratko Dautovski e Bajsa Arifovska. Ao longo das últimas três décadas, o artista tem trabalhado com mais de vinte instrumentos tradicionais da Macedónia e composto para diversos vocalistas e orquestras. Neste quarteto, destacam-se a gajda (gaita-de-foles dos Balcãs), a kaval (pequena flauta diatónica), a zurla (espécie de oboé, comum na Macedónia e nos países dos Balcãs), o tapan (tambor duplo comum nos Balcãs e originário da Turquia, onde é conhecido por davul) e a tambura (versão balcânica do alaúde indiano, com cordas dedilhadas e braço sem trastos). Professor de música tradicional em Skopje, a capital daquele território, Dautovski é o único flautista neolítico do planeta. Tudo porque foi o primeiro a estudar uma ocarina com cerca de seis mil anos, encontrada perto da cidade de Veles. Um instrumento de sopro de forma oval, feito de porcelana, terracota ou pedra, e que é um dos mais antigos do mundo. Em 1992, o compositor formou o ensemble tradicional Mile Kolarovski, com que tem tocado e feito várias gravações para a radiotelevisão macedónia, e três anos depois o DD Synthesis, projecto cujo objectivo é o de explorar em profundidade a folk daquele país.

"Min Perimenis Pia", Glykeria (Grécia) - greek music, rock, pop
Segue-se Glykeria, que nos traz “Min Perimenis Pia”, tema extraído do álbum “15 Greek Classics”, editado em 1998. Nascida em Agio Pnevma, na Macedónia grega, Glykeria Kotsoula é conhecida pela interpretação de canções da música rebética. Ela apresenta-nos uma amostra da dança do ventre, género popular na Grécia, onde é conhecido por tsifteteli, e que ali recebeu a influência da herança cigana e dos gregos regressados da Turquia aquando a independência daquele território. Glykeria começou por trabalhar em clubes de noite tradicionais de Plaka, no centro de Atenas, até que em 1978 o compositor Apóstolos Kaldaras a convidou a interpretar uma selecção de temas. Hoje são quase três dezenas de discos, cantados em 14 línguas, entre elas o sérvio, o hebreu, o turco, o inglês, o francês, o italiano, o espanhol e o japonês. O estilo profundo e melancólico de Glykeria cativou também os corações dos israelitas. Em 1998, ela foi a única artista estrangeira a marcar presença em Tel Aviv numa homenagem a Yitzhak Rabin, cantando diante de 200 mil pessoas. Ao longo dos anos têm vindo a somar-se as colaborações com outros artistas, entre eles Natacha Atlas, Omar Faruk Tekbilek, Loukianos Kilaidonis, Mary Linda, Sotiria Bellou, George Dalaras, Ofra Haza, Ricky Gal, Chava Alberstein, Amal Markus, Paschalis Terzis, Ilias Aslanoglou, Antino Vardis e Sarit Hadad.

"Desde Cuba Hasta Afghanistan", Bakú (Porto Rico) - salsa, flamenco, pop, rock
A emissão chega ao fim com os Bakú e o tema “Desde Cuba Hasta Afganistán”, extraído do álbum “Somos”, editado em 2006. Uma faixa que fala de alguém de tal forma obcecado, que seria capaz de se converter ao Islão para conquistar o coração de uma moura. Depois de terem trabalhado juntos durante cerca de cinco anos noutro projecto, em 2006 Farrel, Dabí Marrero, Martín Cerame, "Joey" González e Davo Ayala decidiram formar um novo grupo. Este quinteto porto-riquenho, que foi buscar o nome a uma árvore de madeira extremamente dura, mistura a música afro-caribenha, a salsa clássica, o cubano son montuno, o flamenco e a música do Médio Oriente com o funk, a pop e o rock latinos. Para criarem um repertório único e dinâmico, os Bakú servem-se de uma secção de metais (trompete, saxofone e trombone) e de uma secção rítmica que inclui a bateria, os timbales, as congas, os tambores e o cajón. A instrumentação fica completa com as guitarras acústica e eléctrica, o baixo e os teclados, havendo lugar ainda para a sitar e as gaitas de foles.

Jorge Costa

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Emissão #51 - 3 Novembro 2007

A 51ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 3 de Novembro, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 7 de Novembro, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (24 e 28 de Novembro) nos horários atrás indicados.

Programa em que se destaca a rubrica Caixa de Ritmos, numa emissão especial, feita de poucas palavras, e inteiramente dedicada aos melhores temas que passaram nas últimas dez edições do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO:

"Tri Martelod", Claire Pelletier (Canadá) - celtic music


"Pasodoble do Azulejo", Uxu Kalhus (Portugal) - trad-folk-rock, folk fusion

"Psycoceltic",
Rarefolk (Espanha) - freestyle folk/folk-rock

"Papa", Angélique Kidjo (Benim) - afropop, afrobeat

"Château Rouge",
Emmanuel Santarromana (França) e Hadja Kouyaté (Guiné-Conacri) - electro, afropop, mandingo

"Maïna Raï",
Les Boukakes (França) - raï n'rock, afrobeat, reggae

"Tamatantelay",
Tinariwen (Mali) - touareg music, rock, blues

"Gross",
Balkan Beat Box (Israel) - gypsy-punk, contemporary folk

"Duj Duj",
Fanfare Ciocărlia (Roménia) – gypsy brass band, balkan music

"Papirosn", Nina Stiller (Polónia) - jewish music

(os dados sobre estes temas podem ser encontrados nos textos das emissões em que foram emitidos)

Jorge Costa

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

World Music Charts Europe - Novembro 2007

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Novembro dos 177 discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de). A assinalar, para além da subida de oito posições dos portugueses Dona Rosa, as oito novas entradas no topo do painel (três em estreia absoluta no WMCE e cinco a subirem para os primeiros vinte lugares):

1º- AFRIKI, Habib Koite & Bamada (Mali) - Cumbancha
mês passado: 2ºlugar


2º- MADE IN DAKAR, Orchestra Baobab (Senegal) - World Circuit
estreia na tabela

3º- DISKO PARTIZANI, Shantel (Alemanha, Balcãs) - Crammed/Essay
mês passado: 1ºlugar
4º- LA RADIOLINA, Manu Chao (França) - Because
mês passado: 3ºlugar
5º- MASKARADA, Taraf de Haïdouks (Roménia) - Crammed
mês passado: 40ºlugar
6º- THE VOICE OF LIGHTNESS, Tabu Ley Rochereau (RD Congo) - Sterns
mês passado: 4ºlugar
7º- ALMA LIVRE, Dona Rosa (Portugal) - Jaro
mês passado: 15ºlugar
8º- ROKKU MI ROKKA, Youssou N'Dour (Senegal) - Nonesuch
mês passado: 59ºlugar
9º- FESTA FARINA E FORCA, Enzo Avitabile & Bottari (Itália) - Il Manifesto

mês passado: 131ºlugar
10º- LA BONNE HUMEUR, Madilu System (RD Congo) - Sterns
estreia na tabela
11º- THE VERY BEST OF ETHIOPIQUES, vários (Etiópia) - Union Square Music
mês passado: 9ºlugar

12º- GO MARKO GO, Boban i Marko Markovic Orkestar (Sérvia) - Piranha
estreia na tabela
13º- VIAJA, Teofilo Chantre (Cabo Verde) - Lusafrica
mês passado: 18ºlugar

14º- SEN, Sevara (Uzebequistão) - Realworld
mês passado: 14ºlugar

15º- ALBANIAN WEDDING, Fanfare Tirana (Albânia) - Piranha
mês passado: 39ºlugar
16º- EIXOS, Miquel Gil (Espanha) - Temps
mês passado: 6ºlugar

17º- SUONO GLOBAL, Roy Paci & Aretuska (Itália) - V2
mês passado: 8ºlugar
18º- THE CLASSICAL GUINEAN GUITAR GROUP, African Virtuoses (Guiné-Conacri) - Stern's
mês passado: 7ºlugar

19º- SPIEWAM ZYCIE, Edyta Geppert & Kroke (Polónia) - Oriente
mês pasado: 131ºlugar

20º- SOFERA, Rajery (Madagáscar) - Marabi
mês passado: 5ºlugar