domingo, 22 de junho de 2008

Emissão #68 - 28 Junho 2008

A 68ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 28 de Junho, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 2 de Julho, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (19 e 23 de Julho) nos horários atrás indicados.

"Strong Winds Blockade", Kristi Stassinopoulou (Grécia) - rembetica, techno folk, ethno trance
Kristi Stassinopoulou inaugura a emissão com “Strong Winds Blockade”, tema retirado do álbum “The Secrets of the Rocks”, editado em 2002. Neste seu terceiro trabalho, de novo um casamento entre passado e futuro, a cantora ateniense cruza ritmos gregos como a rebética (género urbano de dança, enraizado na música do século XIX da costa ocidental da Ásia Menor e de Constantinopla, e que se desenvolveu em cidades como Atenas) com as tradições musicais mediterrânicas, dos Balcãs e do norte de África, sem esquecer a psicadélica anglo-saxónica dos anos 60 e 70 e a música electrónica. Nada de estranhar, já que Kristi cresceu a ouvir a folk grega, turca e africana, o rock clássico dos Jefferson Airplane e dos Velvet Underground ou o punk dos Blondie e de Patti Smith. Amálgama sonora que a cantora e escritora ficcionista acabou por explorar de forma criativa em inúmeras bandas de liceu e nos “Anipofori” (Os Insuportáveis), um dos primeiros grupos punk gregos. A aventura continua hoje nos temas compostos com o multinstrumentista Stathis Kalyviotis, produtor dos seus quatro trabalhos discográficos e um dos membros do seu ensemble, formado ainda por ainda Dimitris Chiotis,
Giorgi Makris, Reiner Witzel, Yiannis Kininis, Yiannis Choulis e Vassilis Divolis. Inspirada nas ilhas gregas, neste disco Kristi recria os sons do mar Egeu e evoca a mitologia helénica, as forças da natureza e as paisagens naturais e humanas do Mediterrâneo. Poesia e música juntam-se então numa obra recheada de referências líricas, vocalizações da tradição bizantina, arranjos modernos e sons electrónicos onde, cantando em grego e inglês, Kristi fala do amor ou da passagem do tempo. Para isso, conta com uma variedade de instrumentos que vai dos cordofones tradicionais gregos – a lira cretense, o sazi, o laouto (da família do bandolim) ou o baglamas (semelhante a um pequeno bouzouki) – ao baixo, guitarras acústica e eléctrica, passando pela kaval (flauta oblíqua diatónica), gaita-de-foles grega ou acordeão, todos eles acompanhados por instrumentos de percussão com o dauli, o toumbeleki (pequeno tambor do género da darabuka), o cajón, o djembé ou o berimbau.

"Peru Branco (Cantiga das Mentiras)", Marenostrum (Portugal) - folk
A viagem pelas músicas do mundo continua com os Marenostrum e o tema "Peru Branco (Cantiga das Mentiras)", extraído do álbum “Almadrava”, lançado em 2006. Segundo trabalho do grupo algarvio, cujo título é inspirado na armação utilizada naquela região na pesca de atum, e onde participam os músicos Maria Alice e Mamadi. Neste seu último disco, os Marenostrum, nome que é uma homenagem a Portugal e à sua localização geográfica, prosseguem com a apresentação dos sabores sonoros algarvios ao resto do país e ao estrangeiro (eles passaram já pela Suécia, Espanha, México e Índia), aliando a música tradicional portuguesa às suas próprias composições. Nascidos em Tavira em 1994, os Marenostrum começaram por fazer arranjos de temas de músicos como Sérgio Godinho e Vitorino. Hoje fundem géneros como o corridinho e o baile mandado com influências que vão da música árabe do Magrebe às tradições hebraica, celta e cabo-verdiana. Uma mistura assente no uso da guitarra acústica, do bandolim, da bateria, do acordeão, do baixo eléctrico, do trombone e do saxofone. O repertório da banda vai das melodias que falam dos sentimentos e das vivências daqueles para quem o mar é uma fonte de subsistência ou de inspiração, aos temas enérgicos onde se reflecte o espírito das antigas festas populares da serra e do litoral algarvio. Como cada elemento dos Marenostrum – José Francisco Vieira, Paulo Machado, João Francisco Vieira, João Frade e Lino Vidal - toca vários instrumentos, ao vivo eles contam com músicos adicionais em palco: Emanuel Marçal, Vitor Afonso e Nuno Faria. Espectáculos onde o grupo apela à dança através de ritmos simples e animados, sempre com espaço para o improviso. Em Julho, os Marenostrum vão estar em Cabanas de Azeitão, em Palmela (dia 5), rumando depois até ao sul para um concerto no museu de São Brás de Alportel (dia 13). Ainda no Algarve, seguem-se os espectáculos em Loulé (dia 14), Portimão (dia 18) e Albufeira (dia 25).

"Para Lá do Marão", Diabo a Sete (Portugal) - folk
Os Diabo a Sete regressam ao programa, desta feita com “Para Lá do Marão”, um dos temas vulcânicos que fazem parte de “Parainfernália”, álbum de estreia do grupo, editado em 2007, e onde é convidado o músico Hugo Natal da Luz. Surgidos em Coimbra em 2003, os Diabo a Sete dizem ser uma espécie de cozido à portuguesa, embora com menos couves e mais enchidos. Das adaptações do cancioneiro nacional aos originais de inspiração popular, eles procuram reinventar a música tradicional portuguesa tomando como referência principal formações como o GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e a Brigada Victor Jara. Caminhos escaldantes que depois se alargam a recantos acústicos endiabrados como o rock, o reggae, a música celta ou as danças europeias. Com percursos diferentes mas um gosto comum pela música étnica do seu país, Pedro Damasceno, Celso Bento, Eduardo Murta, Julieta Silva, Luísa Correia e Miguel Cardina misturam os sons da sanfona, da concertina, da flauta, da gaita-de-foles, do bandolim, do cavaquinho e da guitarra com os da bateria, das percussões e do baixo eléctrico. Um cruzamento entre o passado, o presente e o futuro, onde se reinventam ritmos, melodias e instrumentos de outros tempos. Em Agosto, os Diabo a Sete vão estar em Tavira (dia 5). Segue-se a participação no Festival Sons do Atlântico, em Lagoa (dia 10), e o espectáculo no Paço da Cultura, na Guarda (dia 21).

"Colette", Vieux Farka Touré (Mali) & Issa Bamba (Mali) - afropop, blues
A jornada continua com o maliano Vieux Farka Touré e "Colette", tema onde se destaca a voz do cantor Issa Bamba, e que é extraído do álbum baptizado com o nome do músico. No seu disco de estreia, produzido pelo baixista norte-americano Eric Herman e lançado em 2007, o talentoso vocalista, guitarrista, percussionista e tocador de cabaça fala sobre a importância da justiça e da solidariedade entre todos, contando com as participações especiais do pai na guitarra eléctrica e do mestre da kora Toumani Diabaté. A combinação de melodias e instrumentação tradicional africana – da njarka ao n’goni – com ritmos mais rápidos e composições próprias acústicas e eléctricas revela a energia sonora captada pela geração daquele cujo verdadeiro nome é Bouriema Touré. Inspirado pela música de Ali Farka Touré, o lendário bluesman falecido em 2006, Vieux (“velho”, em francês, em alusão ao avô) Farka (“burro”, metáfora adequada à sua teimosia) Touré acabaria por contrariar o pai, inicialmente avesso à carreira musical do filho. Depois da passagem pelo Instituto Nacional de Artes, em Bamako, Toumani Diabaté convida o jovem a integrar o seu ensemble e a viajar pelo mundo. Hoje, Vieux Farka Touré segue o caminho trilhado na guitarra pelo progenitor, acrescentando à tradição musical do Mali elementos ocidentais e referências do reggae, rock, soul, funk e blues.

"Beaux Dimanches", Amadou & Mariam (Mali) - afro pop blues
No seu regresso ao programa, a dupla Amadou & Mariam apresenta-nos “Beaux Dimanches”, tema retirado do álbum “Dimanche a Bamako”, editado em 2005. Com muita guitarra à mistura, este trabalho, produzido por Manu Chao, está recheado de ritmos africanos, batidas funky, harmonias suaves e pedaços de reggae, jazz, blues e rock. Naquela que é a mais roqueira pop africana, não faltam as habituais alusões ao quotidiano do seu país e as letras que apelam à paz, ao amor e à justiça. Mariam Doumbia começou por cantar em casamentos e festivais tradicionais, enquanto que Amadou Bagayoko era guitarrista nos Les Ambassadeurs, banda lendária a que mais tarde se juntou Salif Keita. Os dois são invisuais e conheceram-se em 1977 no instituto de cegos de Bamako, a capital do Mali. A partir de então tornaram-se inseparáveis não só na vida, mas também na música. Amadou & Mariam prestam então homenagem à música tradicional maliana, revestindo-a de sons ocidentais. Cantando em francês, castelhano e no seu dialecto original, estes bambara (etnia maioritária no Mali) vão buscar referências musicais à sua adolescência: a pop, o rock psicadélico e a salsa dos anos 60, e o funk e a soul da década seguinte. Uma forma de recordarem não só as suas raízes mandingo, mas também as ligações do Mali ao gnawa, à música cubana e ao jazz, tornando universal a música daquele país.

"Tamin Qualbak Ya Habibi", Schäl Sick Brass Band (Alemanha) - brass band, jazz, folk
Seguem-se os Schäl Sick Brass Band com “Tamin Qualbak Ya Habibi”, uma dança núbia de Ali Hassan Kuban que faz parte do disco “Tchupun”, editado em 1999. O grupo, constituído por quase uma dezena de elementos, surgiu em Colónia, capital cultural da província da Renânia e fortaleza mediterrânica da Alemanha. Um dos muitos emigrantes e visitantes de todo o mundo que a encheram de sons coloridos foi Raimund Kroboth, que em 1977 se instalou na margem direita do Reno. No dialecto local, aquela parte da cidade é conhecida precisamente por "Schäl Sick" (lado errado). Isto porque está do lado contrário à catedral e ao centro de Colónia, e porque é um enclave protestante na católica Renânia. Partindo de uma secção de ritmo que tem por base a tuba, a cítara popular e as percussões, os Schäl Sick Brass Band utilizam o som das fanfarras da região alemã da Bavaria e da Boémia checa para explorarem com inovação e versatilidade a música de outras culturas. Eles combinam elementos de jazz com o rock, o funk, o hip-hop o rap ou a folk. Um universo sonoro influenciado pela Europa central e de Leste e pelo norte de África, onde convivem ritmos cubanos, gregos, latinos, africanos e orientais, e instrumentos de todo o mundo - tavil, kanjira, dhol, dolki, omele, sekere, gangan, thereminvox, entre muitos outros. Um ambiente festivo em que se celebra a música de todo o planeta e onde o lema é "pensar global, soprar local"...

"Let's Have Fun At The Border", Armenian Navy Band (Arménia) - avant-garde folk
A Armenian Navy Band traz-nos “Let’s Have Fun At The Border”, tema extraído do seu segundo álbum “New Apricot”. Trabalho gravado em Istambul e editado em 2001, reflexo da primeira digressão europeia do grupo, realizada um ano antes. À primeira vista, Armenian Navy Band pode parecer um nome absurdo para a banda criada em 1998 em Yerevan, capital de um país sem acesso directo ao mar. No entanto, o seu fundador, o percussionista e vocalista de ascendência arménia Arto Tunçboyaciyan, acredita ser possível mover todo este barco sonoro do Cáusaco, mesmo sem água. Juntam-se-lhe neste projecto onze jovens que se fazem acompanhar desde os tradicionais sazabo, duduk (aerofone tradicional da Arménia), zurna (aerofone da Anatólia com palheta dupla), kamancheh (espécie de violino persa), kanun (semelhante à cítara, mas de formato trapezoidal), blul, suduk, a instrumentos mais actuais como o trombone, o saxofone, o trompete, o baixo, a bateria, os teclados e o piano. A orquestra cruza então a melancolia da música tradicional da Arménia e Anatólia (parte asiática da Turquia) com o lamento e a solidão do jazz e dos blues, havendo ainda espaço para o rock e para a pop. Composições próprias numa folk avant-garde, síntese das vivências multiculturais de alguém que através da música procura comunicar os valores do amor, do respeito e da verdade. Arto Tunçboyaciyan cresceu na Turquia e emigrou para os Estados Unidos da América, onde hoje vive. Ao longo dos anos, tem vindo a colaborar com referências do jazz e da world music como Eleftheria Arvanitaki, Gerardo Nuñez, Joe Zawinul, Al Di Meola, Chet Baker, Oregon, Joe Lovano, Wayne Shorter, Don Cherry, Arthur Blythe ou Omar Faruk Tekbliek.

"Heptumbao", Cheb Balowski (Espanha) - pachanga, raï, gnawa, rock
Despedimo-nos em ambiente de festa com os catalães Cheb Balowski, que desta feita nos trazem “Heptumbao”, tema extraído do álbum “Potiner”, lançado em 2003. Segundo trabalho do grupo, produzido por Stephane Carteaux, e em que participam os americanos Kultur Shock, os franceses Radio Bemba, o basco Iñigo Muguruza e os catalães La Carrau. A designação da banda resulta da junção dos termos Cheb ("o jovem", em árabe), complemento habitual nos nomes dos cantores de raï argelinos, e Balowski (em polaco, o verbo balować significa "divertir-se bailando"), apelido do emigrante de Leste interpretado por Alexei Sayle na série de televisão inglesa “The Young Ones”. Formados em 2000 em Barcelona, depois de uma infância comum no bairro de Raval, os Cheb Balowski integram uma dezena de músicos - eles são Yacine Belahcene Benet, Isabel Vinardell Fleck, Marc Llobera Escorsa, Santi Eizaguirre Anglada, Jordi Marfà Vives, Daniel Pitarch Fernández, Jordi Ferrer Savall e Arnau Oliveres Künzi, Jordí Herreros e Sisu Coromina. Cantando em castelhano, catalão, francês e árabe, eles cruzam a música catalã e a cultura mediterrânica com a energia do raï, do gnawa, do reggae e do rock. Um ambiente festivo, que vai do flamenco e da pachanga aos ritmos balcânicos, árabes, africanos e mediterrânicos, assente na sonoridade de violinos, saxofones, trompetes, piano, bateria, acordeão, guitarra, baixo e todo o tipo de percussões.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Emissão #67 - 14 Junho 2008

A 67ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 14 de Junho, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 18 de Junho, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (5 e 9 de Julho) nos horários atrás indicados.

"Oriente Ocidental", Fadomorse (Portugal) - folk, world fusion
Os Fadomorse a abrirem de novo mais uma emissão, desta feita com “Oriente Ocidental”, tema que faz parte do seu terceiro álbum de originais “Folklore Hardcore”, editado este ano. A banda transmontana, criada em 2000 na cidade de Mirandela, explora os timbres dos instrumentos tradicionais (acordeão, flauta transversal, gaita de foles, cavaquinho, viola braguesa ou guitarra portuguesa) e a riqueza harmónica e melódica do cancioneiro nacional, acrescentando-lhes no entanto novas tendências e sonoridades. Sons que o grupo de sete elementos descreve como sendo uma fusão da raiz popular portuguesa com a melhor música do mundo, mas que não estão necessariamente associados a estilos ou géneros específicos. Influenciados por nomes como Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Gentle Giant, Frank Zappa ou Mr Bungle, os Fadomorse apresentam um conjunto ritmado de inéditos e arranjos, cantados nos vários sotaques do país, da Madeira aos Açores, sem esquecer o Alentejo. Aventuras sonoras onde eles têm contado com as colaborações de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta), Abel Beja (Primitive Reason) ou Peixe (Pluto). A 5 e 11 de Julho, os Fadomorse vão estar no Rainforest Festival, em Sarawak, na Malásia. No dia 19 rumam até ao Festival da Serra da Estrela, em Valhelhas, e a 25 de Julho eles vão estar no Raízes do Atlântico, no Funchal. Finalmente, a 14 de Agosto os Fadomorse tocam nas festas da cidade, em Santa Comba Dão.

"Abaixo Esta Serra", Mandrágora (Portugal) - folk, jazz, rock
As músicas do mundo prosseguem com com os Mandrágora e o tema "Abaixo Esta Serra", extraído seu segundo álbum “Escarpa”, lançado no mês de Maio. Trabalho onde participam Simone Bottaso (acordeão diatónico), Matteo Dorigo (sanfona), Francisco Madeira (voz e guitarra) e Helena Silva (voz). Depois de explorarem as raízes da folk através das flautas e gaitas-de-foles, neste seu novo disco os Mandrágora (segundo a crença popular, a Mandrágora, uma planta afrodisíaca com uma raiz de odor forte e forma humana, grita quando é arrancada da terra) seguem um caminho mais urbano, adicionando-lhe amostras de jazz e rock. São músicas rápidas, recheadas de improviso e percussão, a que se juntam os arranjos de guitarra, baixo e saxofone, e instrumentos de arco como o violoncelo, a moraharpa e a sua predecessora nyckelharpa, ambas referências tradicionais da Suécia. As composições deste colectivo do Porto, formado em 1999 e de que hoje fazem parte Filipa Santos, Ricardo Lopes, Pedro Viana, Sérgio Calisto e João Serrador, evocam a tradição musical portuguesa, procurando influências noutras culturas e na música moderna. Em Julho, os Mandrágora vão estar na FNAC de Braga (dia 5) e em Lagos (dia 11). Ainda no mesmo mês, seguem-se os concertos no Ethnoambient Salona Festival, na Croácia (dia 17), e em Sines, no Festival de Músicas do Mundo, (dia 24), onde os Mandrágora irão surgir ao lado do violinista Jacky Molard, do clarinetista Guillaume Guern e da cantora luso-francesa Simone Alves, num cruzamento entre a música portuguesa e bretã.

"Chapeloise", Pé Na Terra (Portugal) - folk, folk-rock
Os Pé na Terra em estreia no programa com “Chapeloise”, tema retirado do álbum do mesmo nome do grupo, editado este ano. Um trabalho que conta com a colaboração dos portugueses António Fernandes, Dulce Moreira, Patrícia Miranda, Silvana Dias, Tânia Pires e Tiago Meireles, bem como das galegas Patrícia Cela (do grupo de folk galego-minhoto Xistra de Coruxo) e Maria Xosé López (do grupo de musica tradicional Muxicas). A banda, formada no Porto em 2005 por Cristina Castro, Ricardo Coelho e Tiago Soares, tem vindo a percorrer diversos palcos, bares e festivais não só em Portugal, mas também em Espanha. Este projecto de renovação da música tradicional começou por se basear em instrumentos portugueses - acordeão, concertina, viola braguesa, gaita-de-foles transmontana ou flauta -, abrindo no entanto as portas aos temas originais, complementados pela poesia e por danças tradicionais europeias como valsas e chapeloises. Dois anos depois, juntavam-se aos Pé na Terra Adérito Pinto e Hélio Ribeiro, trazendo na bagagem o baixo e a guitarra electro-acústica, parte de uma nova sonoridade onde entram a bateria e referências como o rock ou o metal. Como pano de fundo permanecem os sons mais tradicionais da gralha (aerofone tradicional da Catalunha), tarota (oboé catalão), melódica, sanfona ou tamboril galego. Em Junho, os Pé na Terra vão estar nas FNAC’s de Coimbra (dia 15) e Viseu (dia 22), com uma aparição pelo meio na Rua Cândido dos Reis, no Porto (dia 21). Já em Julho, seguem-se as actuações na Nespereira, em Lousada (dia 5), Guimarães (dia 11) e Famalicão (dia 12). Finalmente, em Agosto, o grupo ruma até ao Festival Andanças, em São Pedro do Sul (dias 4 e 7), Ourense, na Galiza (dia 9), Abrantes (dia 23) e Faro (dia 30).

"Kel Tamasheck", Etran Finatawa (Níger) - wodaabe and touareg music
A jornada continua com os Etran Finatawa e “Kel Tamasheck” (O Povo Tuaregue), tema extraído do seu segundo trabalho “Desert Crossroads”, lançado este ano. Uma canção dirigida ao próprio povo, onde se fala da importância da sua cultura e modo de vida ancestral. Em 2004, seis músicos wodaabes e quatro tuaregues, unidos pelo gosto pela música e pelo desejo de paz entre todas as etnias que vivem ou viajam pelo Níger, na fronteira com o Mali, juntaram-se e formaram este grupo. Eles são dois dos lendários grupos étnicos nómadas que vivem na savana do Sahel, no sul do Sáara. Durante milhares de anos, a região foi um ponto de passagem entre os árabes do norte de África e as culturas subsarianas. Enquanto que os wodaabe, de etnia fulani, são conhecidos pelos seus rebanhos e gado, os tuaregues, berberes que falam tamashek, são famosos criadores de camelos. Mesmo tendo culturas e línguas muito distintas, os elementos dos Etran Finatawa (As Estrelas da Tradição) ultrapassaram as fronteiras étnicas e o racismo, trabalhando juntos para construírem um futuro melhor para os seus povos. Eles combinam instrumentos tradicionais e canções polifónicas com arranjos modernos e guitarras eléctricas. O resultado é um cruzamento entre o blues, o rock e o funk, mistura melódica onde se destacam as vozes nostálgicas que descrevem as suas raízes culturais e uma forma de vida cada vez mais relegada para o passado.

"Ger Aadi", Fatma Zidan (Arábia Saudita) - ethno pop
Fatma Zidan estreia-se no programa com "Ger Aach", tema retirado do álbum “Ella Elzaal” (Aceitar a Tristeza), e que pode ser encontrado na compilação “The Rough Guide to Arabic Café”, editada este ano. Segundo trabalho a solo da cantora, sucessor do clássico “Aya Haeman” (Amor Apaixonado), numa produção pop carregada de ritmos do Golfo Pérsico, e de novo produzida por alguns dos mais famosos músicos e compositores daquela região. Conhecida como a voz do Egipto, Fatma Zidan é uma das cantoras corais mais requisitadas pelos estúdios de gravação do Cairo, com passagens recorrentes pelo Dubai, Omã ou Iémen, e uma das mais talentosas da música árabe. Uma sonoridade fortemente enraizada na tradição egípcia e inspirada na diva Oum Khaltoum.
Nascida em 1977 na Arábia Saudita, Fatma Zidan é filha de pais egípcios, o que lhe permitiu cantar nos vários dialectos do Golfo Pérsico. A jovem começou a tocar harpa aos cinco anos, estudando mais tarde no conservatório em Guiza e na Escola de Música de Zamalek. No entanto, a sua carreira musical clássica, feita sobretudo de actuações na Ópera do Cairo, acabou por sofrer uma reviravolta há cerca de uma década quando esta começou a cantar e gravar para algumas das maiores estrelas da pop árabe, com destaque para Kazem El-Saher, Kadhim Zaher, Ngrem ou Sherin. Fatma Zidan surge habitualmente em palco com o seu ensemble egípcio, mas já trabalhou também com a orquestra da radio pública dinamarquesa, naquele que foi um dos momentos mais altos da sua carreira. A jovem diva procura agora novas parcerias, tendo em vista projectos similares com outras orquestras sinfónicas.

"Yidu Tramvayem", Haydamaky (Ucrânia) - carpathian ska, ukranian dub machine, hutzul punk
Seguem-se os ucranianos Haydamaky com “Yidu Tramvayem”, tema retirado do seu segundo disco “Kobzar”, lançado este ano. Um trabalho onde a banda conta com as colaborações dos polacos Pidzama Porno e dos Zion Train, os reis do raggamuffin. Os Haydamaky levam-nos de novo pelos caminhos do ska das montanhas dos Cárpatos, do reggae, do punk hutzul e da dub machine, misturando-os com a folk ucraniana, o rap e o rock’n’roll. Após o colapso da União Soviética e a independência da Ucrânia, um grupo de estudantes criava a banda Aktus, que rapidamente conquistou um lugar de destaque no underground musical de Kiev. No início do novo século, em honra à rebelião histórica do século XVIII, eles decidiram mudar o nome para Haydamaky. Para além dos espectáculos que têm feito em toda a Europa de Leste, em 2004 apoiaram a revolução laranja que mobilizou o país, tendo um dos seus temas sido muito rodado nas estações de rádio alternativas. Música que assenta na combinação de raízes ucranianas com standards europeus, uma fórmula caracterizada pela energia turbulenta e por uma montanha russa de melodias.

"Hassan’s Mimuna", Balkan Beat Box (Israel) & Hassan Ben Jaffar (Marrocos) e Har-El Shachal (EUA) - gypsy-punk, contemporary folk
Os Balkan Beat Box trazem-nos “Hassan’s Mimuna”, tema extraído do seu álbum de estreia, baptizado com o nome do grupo e editado em 2005. Para além da participação nesta música de Hassan Ben Jaffar e de Har-El Shachal (radicados em Nova Iorque, Hassan Ben Jaffar tem vindo a actuar com vários ensembles de fusão gnawa, enquanto que o saxofonista e clarinetista Har-El Shachal liga Ocidente e Oriente), o trabalho conta ainda com as colaborações das Bulgarian Chicks (Valda Tomova e Kristin Espeland), dos israelitas Boom Pam, bem como de Victoria Hanna, Shushan e Tomer Yosef. Os Balkan Beat Box misturam de forma enérgica e ousada melodias folk do norte de África, Israel, Balcãs, Mediterrâneo, Europa de Leste e Médio Oriente com letras bizarras, hip-hop e batidas electrónicas. A fanfarra circense, que chega a ter 15 músicos – um terço deles oriundos da Europa – é formada pelos israelitas Tamir Muskat e Ori Kaplan, que têm trabalhado com músicos e compositores da Turquia, Israel, Palestina, Marrocos, Bulgária e Espanha. A filosofia dos Balkan Beat Box é a de acabar com as fronteiras políticas na música, fazendo folk de forma contemporânea. Tudo começou em Israel, onde assimilaram os standards folk, do klezmer às melodias búlgaras, passando pelos ritmos árabes. No final dos anos 80, Ori e Tamir partem para Nova Iorque, onde descobrem o gypsy-punk e acabam por misturar as suas raízes mediterrânicas com outras culturas.

"Close Your Eyes", Bebel Gilberto (Brasil) - bossa nova, forró, pop, electronica
Despedimo-nos com Bebel Gilberto, que nos traz o tema “Close Your Eyes”, extraído do álbum “Tanto Tempo”, editado em 2000. Primeiro trabalho a solo, duas vezes nomeado para os Grammy, da cantora e compositora que em Maio passou por Portugal, e que tem vindo a trabalhar com produtores como Guy Sigsworth e com grupos como as The Brazilian Girls ou a Orquestra Imperial. Radicada em Nova Iorque mas brasileira de corpo e alma, Bebel Gilberto, cujo nome completo é Isabel Gilberto de Oliveira, é filha do lendário guitarrista João Gilberto, o criador da bossa nova, e da cantora e compositora Miúcha. Desde muito cedo que esta começou a cantar em coros infantis e em musicais, tendo-se estreado em palco com o pai. Neste disco, Bebel reinventa precisamente o legado clássico de João Gilberto ao abrir as portas à bossa nova. A sensualidade deste género, resultado do cruzamento do ritmo sincopado da percussão do samba com a voz uniforme, é recriada pelo timbre suave e melódico de Bebel Gilberto, a que se juntam instrumentos acústicos e algumas orquestrações. O resultado é um disco com sabor a música electrónica e um cheirinho a forró, pop ou jazz, onde participam, entre outros, Mario Caldato Jr, Suba, Amon Tobin, Béco Dranoff, Luís do Monte, João Parahyba ou Nina Miranda, dos Smoke City.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Maria João: a voz mestiça do jazz

Depois de um disco recheado de ritmos afro-brasileiros, segue-se o reencontro com Mário Laginha e com os clássicos jazzísticos

Colada à pele e à voz, Maria João apresenta a sua música mestiça
(imagens: Jorge Costa/Multipistas)

Maria João, uma das mais conhecidas vozes do jazz português, encerrou a 14ªedição da Primavera Musical, o Festival Internacional de Música de Castelo Branco. À cidade, a cantora lisboeta trouxe um espectáculo feito com os ritmos coloridos de Portugal, Moçambique e Brasil, sons que se lhe colam ao corpo e se espalham num palco do tamanho do Atlântico.

“Estas três influências fazem parte do pé direito, e o meu pé esquerdo é inteiramente dedicado ao jazz, refere ao MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO Maria João. “Eu não sei bem de onde é que trago as coisas, porque eu nunca vivi propriamente em Moçambique, mas estive muitas vezes lá porque a minha mãe, a minha avó e a minha família são de lá. Nunca assisti a concertos ou fui para o mato ouvir música africana, mas obviamente que isto está no sangue e na pele”, justifica a cantora. “Desde o disco “Cor” que eu sei qual é o meu caminho, a minha música mestiça”.


Em palco, o jazz combina-se com ritmos de todo o mundo

Caminho feito de fábulas sonoras e de conversas com a música, numa mestiçagem que inspira uma voz com várias vozes dentro. A cantora luso-moçambicana estreou-se no jazz no Hot Clube de Portugal, escola onde descobriu à distância os talentos de Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Elis Regina ou Betty Carter. Da experiência nasceu o quinteto Maria João e um disco de standards americanos. Mais tarde, a pianista japonesa Aki Takase revelou-lhe o mundo do free jazz. Desses tempos ficou o improviso em scat, vocalizações sem sentido que acompanham melodia e ritmo, mas muito úteis quando a jovem se esquecia das letras.

“Eu tenho uma aproximação muito intuitiva e instintiva à música. Não tenho nenhum preconceito, oiço tudo e mais alguma coisa, e depois separo o que é a boa da má música”, esclarece Maria João. “Eu gosto muito da música que me faça mexer e dançar, de músicos que façam boa música e que me deixem aos pulos, inspirada, contente e com vontade de dançar”.



André Fernandes (em cima) e Demian Cabaud (em baixo)

Música ritmada que vai dos originais às reinterpretações de temas de nomes da cena internacional. Depois de Björk, Joni Mitchell ou Tom Waits, o último álbum de Maria João revisita os sons da Música Popular do Brasil. Trabalho a solo onde esta explora composições de Chico Buarque, Caetano Veloso, Vinicius de Moraes ou Carlinhos Brown.

“Eu já andava a pedir há tanto tempo um disco dedicado ao cancioneiro brasileiro. Fizemos os arranjos à nossa maneira – às vezes, a música está quase irreconhecível, mas está da maneira que eu gosto”, garante a cantora. “Só faço música de outros se puder juntar alguma coisa. Houve músicas que eu amo, mas como não lhes consegui dar nenhuma volta, então não fizeram parte”.



Marco Franco (em cima e à direita) completa o quarteto

Entretanto, somam-se as colaborações com músicos portugueses (António Pinho Vargas, Júlio Pereira, Dulce Pontes, Mariza, Teresa Salgueiro, Rão Kyao, Jorge Palma ou Danças Ocultas) e estrangeiros (Toninho Ferragutti, Helge Norbakken, quarteto de sopros Saxofour, Orquestra Filarmónica de Hannover, Ralph Towner, Dino Saluzzi, Manu Katché, Kai Eckhardt, Laureen Newton, Bobo Stenson, Christof Lauer, Nils-Henning Ørsted-Pedersen, Hermeto Pascoal, Bobby McFerrin ou David Friedman), e as participações em projectos onde o jazz se cruza com o fado, a música tradicional portuguesa (com José Peixoto, Carlos Bica e José Salgueiro, dos Cal Viva, e as Adufeiras de Monsanto), indiana (com Trilok Gurtu e Wolfgang Muthspiel), brasileira (com Gilberto Gil e Lenine) ou africana (com Bana e Simentera), bem como a dança e as artes marciais japonesas.

As vocalizações de Maria João são sempre uma surpresa

Depois de mais de uma década acompanhada pelo pianista e compositor Mário Laginha, cumplicidade musical de que resultaram oito discos com incursões também no universo da pop e do rock, Maria João surge agora em palco com o quarteto de que fazem parte o guitarrista André Fernandes, o contrabaixista Demian Cabaud e o baterista Marco Franco.

“Estes músicos fazem-me cantar de outra forma porque têm estes instrumentos e as suas personalidades. O Mário e aquele instrumento enorme que é o piano, e aquela orquestra, fazem-me cantar de outra forma, mas a Maria João é sempre a mesma”, assegura. “As pessoas gostam muito de nos ouvir. Tenho muitos convites, estou sempre a cantar fora de Portugal em muitos países, e estou feliz”.


A boa disposição da cantora extravasa para os músicos

O próximo álbum, um trabalho que assinala os 25 anos da estreia do quinteto que juntou Maria João, Mário Laginha, Carlos Martins, António Ferro e Carlos Vieira, já vem a caminho, mas o nome continua no segredo dos deuses. Sabe-se apenas que entre os participantes convidados está o percussionista norueguês Helge Norbakken.

“Eu e o Mário vamos entrar em estúdio e fazer um álbum comemorativo do princípio de tudo. Vamos gravar um disco mais clássico, desta vez mais de standards de jazz, que é uma coisa que já não fazemos há muito tempo”, confessa Maria João. “Vai ser outra aventura”.

Aventuras musicais da voz mestiça do jazz, que se cruzam com os sons e os ritmos do mundo.


Em cena, o movimento junta-se ao ritmo sonoro


Discografia:
1983 – “Quinteto Maria João”
1985 – “Cem Caminhos”
1986 – “Conversa”
1988 – “Looking For Love”
1990 – “Alice”
1991 – “Sol”
1994 – “Danças”
1996 – “Fábula”
1998 – “Cor”
1999 – “Lobos, Raposas e Coiotes”
2000 – “Chorinho Feliz”
2001 – “Mumadji”
2002 – “Undercovers”
2004 – “Tralha”
2007 – “João”
2008 – "Chocolate"

segunda-feira, 2 de junho de 2008

World Music Charts Europe - Junho 2008

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Junho dos 173 discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de). A assinalar, as novas nove entradas no topo do painel (três em estreia absoluta no WMCE e seis a subirem para os primeiros vinte lugares):

1º- UMALALI: THE GARIFUNA WOMEN'S PROJECT, vários (Belize, Guatemala) - Cumbancha
mês passado: 3ºlugar

2º- 3MA, Project 3MA: Rajery, Ballake Sissoko, Driss El Maloumi (Mali, Marrocos, Madagáscar) - Contre-Jour
mês passado: 2ºlugar
3º- MALDITO TANGO, Melingo (Argentina) - Naive
mês passado: 20ºlugar
4º- ALIVE, Sa Dingding (China) - Wrasse
mês passado: 35ºlugar
5º- DESERT BLUES 3, vários - Network
mês passado: 8ºlugar
6º- THE SYLIPHONE YEARS, Balla et ses Balladins (Guiné) - Sterns
estreia na tabela
7º- 800, Mercan Dede (Turquia, Canadá) - Doublemoon
mês passado: 1ºlugar
8º- AFRICAN SCREAM CONTEST, vários - Analog Africa
estreia na tabela
9º- IN THE NAME OF LOVE - AFRICA CELEBRATES U2, vários - Shout/Wrasse
mês passado: 44ºlugar
10º- WANDERLUST, Kiran Ahluwalia (Canadá, Índia) - World Connection
mês passado: 102ºlugar
11º- ETHNOMECANICA, Zdob si Zdub (Moldavia) - Lawine/Sony
mês passado: 13ºlugar
12º- FRAGILE BEAUTY, Huong Thanh (Vietname, França) - ACT
mês passado: 4ºlugar
13º- WATCHA PLAYIN, Brooklyn Funk Essentials (EUA) - Tropical
mês passado: 102ºlugar
14º- MANY LESSONS, Bantu, Docta etc. (vários) - Piranha
mês passado: 12ºlugar
15º- BALDAMORE, Hadouk Trio (França) - Naive
mês passado: 9ºlugar
16º- BADYO, Mário Lúcio (Cabo Verde) - Lusafrica
mês passado: 29ºlugar
17º- O3, Son of Dave (Canadá, Reino Unido) - Kartel
mês passado: 54ºlugar
18º- BALKAN BEATS VOL.3, vários - Eastbook
mês passado: 6ºlugar
19º- TRACES OF THRACE, Fraser Fifield Band with Nedyalkov and Georgi Petrov (Reino Unido, Bulgária) - Tanar Records
estreia na tabela
20º- THE BOY BANDS HAVE WON..., Chumbawamba (Reino Unido) - Westpark
mês passado: 18ºlugar