terça-feira, 31 de março de 2009

World Music Charts Europe - Abril 2009

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Abril dos 192 discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de). A assinalar, as onze novas entradas no topo do painel (seis em estreia absoluta no WMCE, onde se incluem os portugueses Deolinda e a cabo-verdiana Lura, e cinco a subirem para os primeiros vinte lugares):

1º- COBA COBA, Novalima (Perú) - Cumbancha
mês passado: 3ºlugar

2º- SEYA, Oumou Sangaré (Mali) - World Circuit
mês passado: 1ºlugar
3º- TRES TRES FORT, Staff Benda Bilili (RD Congo) - Crammed
mês passado: 49ºlugar
4º- SENO, Ba Cissoko (Guiné) - Stern's
mês passado: 17ºlugar
5º-LUMEN, No Blues (Holanda, Israel) - CRS
estreia na tabela
6º- RADIO ROMANISTA, Kal (Sérvia) - Asphalt Tango Records
mês passado: 2ºlugar
7º- SONIDO AMAZÓNICO, Chicha Libre (EUA) - Crammed
mês passado: 15ºlugar
8º- CANÇÃO AO LADO, Deolinda (Portugal) - World Connection
estreia na tabela
9º- CALL MY NAME, Daby Touré & Skip McDonald (Mauritânia, EUA) - Real World
estreia na tabela
10º- AHORA, Almasäla (Espanha) - Ventilador
mês passado: 118ºlugar
11º- ZUCCHINI FLOWERS, Mimmo Epifani (Itália) - Finisterre
mês passado: 6ºlugar
12º- IN A TOWN CALLED ADDIS, Dub Colossus (Etiópia) - Real World
mês passado: 5ºlugar
13º- ECLIPSE, Lura (Portugal, Cabo Verde) - Lusafrica
estreia na tabela
14º- RECORD OF BROKEN HEARTS, Orient Expressions (Turquia) - Doublemoon
mês passado: 22ºlugar
15º- IMAM BAILDI, Imam Baildi (Grécia) - Pasio Turca
mês passado: 39ºlugar
16º- THE ROUGH GUIDE TO AFROBEAT REVIVAL, vários - World Music Network
estreia na tabela
17º- WELCOME TO MALI, Amadou et Mariam (Mali) - Universal/Because
mês passado: 4ºlugar

18º- MAAYO MEN, Malick Pathe Sow (Mauritânia, Senegal) - Muziek Publique
mês passado: 23ºlugar
19º- ROSA DE PAPEL, Marisa Sannia (Itália) - Felmay
estreia na tabela
20º- EL DORADO, 17 Hippies (Alemanha) - Hipster Records
mês passado: 16ºlugar

segunda-feira, 30 de março de 2009

A magia sonora de Terje Isungset

Aos improvisos do percussionista norueguês com gelo, pedras e pedaços de madeira juntam-se as vocalizações de Lena Nymark

Terje Isungset extrai sons a partir de todo o tipo de objectos
(imagens: Jorge Costa/Multipistas)

É raspando, sacudindo ou batendo que Terje Isungset dá vida a materiais como blocos de gelo, pedaços de granito ou ardósia, ossos ou bocados de bétula do Ártico e metal. Objectos pouco comuns no mundo da música que o multi-instrumentista combina com aerofones tradicionais da Noruega como o bukkehorn (corno de ovelha) ou o lur (corno de madeira), instrumentos simples de percussão como tambores, sinos e pandeiretas, ou com o clássico berimbau de boca.

A estreia em Portugal deste escultor sonoro, com mais de 25 anos de experiência e oito discos editados, fez-se a 27 de Março no
Teatro Municipal da Guarda (TMG), sala onde Terje Isungset apresentou o seu “Ice Concert”. Performance à margem de géneros e tendências musicais, num tributo à Natureza acompanhado pelas vocalizações da também norueguesa Lena Nymark e pelo fôlego de três crianças da cidade.


O músico transforma o palco num laboratório sonoro

“Esta é uma versão limitada do Concerto do Gelo porque se realiza num espaço interior”, explicava ao MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO o músico e compositor, horas antes do concerto no TMG. “Também faço concertos de gelo no exterior, mas o espaço tem de estar abaixo dos zero graus para que possam fazer todos os instrumentos. São muito grandes e levam três a quatro dias a construir”, avança Terje Isungset, em alusão aos iglus onde costuma reunir o público e toda a sua instrumentação congelada. “Hoje teremos uma combinação de alguns sons previamente gravados da nossa primeira digressão. Juntei-os todos num sistema de som tridimensional, e também tocarei no corno de gelo e em coisas que não derretem tão depressa”.

Em palco, a simplicidade de meios contrasta com as mais de duas centenas de ruídos produzidos com
guitarras, baixos, harpas, didgeridoos, xilofones, violinos, trompas ou trompetes criados a partir da água congelada de lagos, rios ou glaciares.

Um material frágil e imprevisível, cortado com precisão para se obter um timbre puro e cristalino, adaptado aos sussurros e gemidos
xamânicos, típicos do joik. Sons gelados a que se juntam o improviso e amostras de jazz e folk escandinava.


Com gelo, Terje recria os ambientes etéreos escandinavos

“Sente-se que há muito ar no som, o qual pode ser muito profundo, luminoso e claro como vidro”, refere Lena Nymark, cantora que Terje foi buscar ao universo da pop. “Tento manter um pouco de ar na voz, fazê-la fina e com que se encaixe no gelo. É algo um pouco místico e mágico, como se fosse um conto de fadas”.

Um ambiente reforçado, paradoxalmente, pela efemeridade e pelo peso histórico que alguns destes instrumentos musicais carregam consigo.
“Tenho um corno de gelo que toquei em Londres e trouxe um da Noruega de um glaciar com 2500 anos que daqui a vinte terá desaparecido por causa dos seres humanos”, lamenta Terje Isungset. “É também uma grande honra poder tocar música onde o recurso mais importante é a água fresca. Sem a água não haveria vida”, acrescenta o músico, que durante o espectáculo, enquanto tocava um destes artefactos, deu a entender à plateia o difícil que é manter o contacto físico, minutos a fio, com um corpo gelado: “Está muito frio. Em Portugal era suposto estar calor”.


O público também participa nas performances do músico

Devolver à Natureza os instrumentos de gelo é, de resto, a filosofia da
ice music de Terje Isungset, compositor que em permanência procura descobrir novas formas de produzir e utilizar os sons.

Cada espectáculo daquele que é considerado um dos percussionistas mais criativos em todo o mundo, com incursões na dança, escultura (com
Bengt Carling participou na parte sueca da transmissão televisiva mundial da passagem do milénio) ou artes visuais (com Peter Wasilewski, astrofísico da NASA, explora os detalhes do gelo), é uma experiência única, e um desafio permanente à técnica e à imaginação, bem como às leis da física e da acústica. Ambiente mágico que contagia o público, e nem é preciso quebrar o gelo.

Nuno Lucas, um dos assistentes entre o público, nunca pensou que se poderia fazer música com gelo.
“Achei espectacular”. Já Tiago Nunes, para quem “o cornetim foi o mais interessante” da noite, garante que o concerto se apresenta como algo “fora do comum".


Lena Nymark empresta a voz aos sopros gelados de Terje

Terje Isungset tem tocado não só por toda a Europa, mas também no Japão e Canadá, países onde surge a solo ou acompanhado por vozes (Sara Marielle Gaup, Therese Skauge ou Lena Willemark) e músicos nórdicos (o violoncelista Didier Petit, o multi-instrumentista Jorma Tapio ou o guitarrista Knut Reiersrud).

Somam-se as colaborações com grupos de
folk norueguesa como o trio Utla (com o violinista Håkon Høgemo e o saxofonista Karl Seglem), o duo Isglem (de novo com Karl Seglem) ou o Trio Mediaeval (ensemble vocal formado por Anna Maria Friman, Linn Andrea Fuglseth e Torunn Østrem Ossum); da nova folk nórdica como os suecos Groupa (com o violinista Mats Edén e o flautista Jonas Simonson): ou de jazz como o duo Agbalagba Daada (com o trompetista e guitarrista Per Jørgensen) ou o sexteto Orleysa; sem esquecer os nigerianos Okuta Percussion.


Cornetins em gelo de vários tamanhos dão vida à ice music

Inspirado por artistas americanos como
Chick Corea, Billy Cobham ou Weather Report, Terje estreou-se nas percussões aos oito anos. Ao tocar em bandas da sua terra natal (Hol, no condado de Buskerud), o jovem começou a explorar outros sons, até que em 1999, no Festival de Inverno de Lillehammer, juntamente com Palle Mikkelborg e Lena Willemark, combinou pela primeira instrumentos tradicionais e de gelo.

Mais tarde, no
Ice Hotel, na Suécia, gravaria os primeiros dois álbuns de gelo. Em 2005, criava a editora independente All-Ice Records, e um ano depois o primeiro festival de gelo do mundo, em Geilo, na Noruega, cidade onde produziu mais dois trabalhos.


Às vocalizações xamânicas junta-se o berimbau de boca
Discografia:
1997 - “Reise”
2000 - “Floating Rhythms”
2002 - “Iceman is”
2003 - “Middle of Mist”
2006 - “Igloo”
2007 - "Two Moons"
2008 - “Ice Concerts”
2009 - “Hibernation”

segunda-feira, 9 de março de 2009

World Music Charts Europe - Março 2009

Eis o TOP 20 relativo ao mês de Março dos 167 discos nomeados para a tabela europeia de música do mundo (a lista pode ser consultada em http://www.wmce.de). A assinalar, para além da manutenção de Cesária Évora, as sete novas entradas no topo do painel (oito em estreia absoluta no WMCE e uma a subir para os primeiros vinte lugares):

1º- SEYA, Oumou Sangaré (Mali) - World Circuit
estreia na tabela

2º- RADIO ROMANISTA, Kal (Sérvia) - Asphalt Tango Records
mês passado: 3ºlugar
3º- COBA COBA, Novalima (Perú) - Cumbancha
mês passado: 11ºlugar
4º- WELCOME TO MALI, Amadou et Mariam (Mali) - Universal/Because
mês passado: 2ºlugar

5º- IN A TOWN CALLED ADDIS, Dub Colossus (Etiópia) - Real World
mês passado: 1ºlugar
6º- ZUCCHINI FLOWERS, Mimmo Epifani (Itália) - Finisterre
estreia na tabela
7º- ZARARA, Amsterdam Klezmer Band (Holanda) - Essay
mês passado: 10ºlugar
8º- LONDON UNDERSOUND, Nitin Sawhney (Reino Unido) - Cooking Vinyl
mês passado: 20ºlugar
9º- MATER SABINA, Raffaello Simeoni (Itália) - Finisterre
estreia na tabela
10º- REBEL WOMAN, Chiwoniso (Zimbabué) - Cumbancha
mês passado:5ºlugar
11º- THE VODOUN EFFECT, Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou (Benim) - Analog Africa
mês passado: 9ºlugar
12º- KALI SULTANA, Titi Robin (França) - Naive
mês passado: 17ºlugar
13º- RÁDIO MINDELO, Cesária Évora (Cabo Verde) - Lusafrica
mês passado: 7ºlugar
14º- THE GIPSY R-EVOLUTION, Mad Manoush (Suiça) - Turicaphon
mês passado: 8ºlugar
15º- SONIDO AMAZÓNICO, Chicha Libre (EUA) - Crammed
estreia na tabela
16º- EL DORADO, 17 Hippies (Alemanha) - Hipster Records
estreia na tabela
17º- SENO, Ba Cissoko (Guiné) - Stern's
mês passado: 149ºlugar
18º- ARRIBA LA CUMBIA, vários - Crammed
mês passado: 16ºlugar
20º- FRANCOPHONIC, Franko & Le Tp Ok Jazz (RD Congo) - Stern's
mês passado: 4ºlugar