domingo, 19 de setembro de 2010

Castelo Branco: o regresso da cena musical

Velha Gaiteira em Alpedrinha no Chocalhos 2010
Na última década, com grupos como os Norton, Jaguar, Musgo, Izumi ou Purpe Angel, Castelo Branco tornou-se uma espécie de meca regional do idie rock. À excepção de um ou outro caso, pouco ficou desse fervilhar irreverente de criatividade underground. As surpresas no panorama alternativo local vieram entretanto de outros géneros, com formações juvenis com um background mais diversificado, como os Ventos da Líria ou os Comcordas.               

Na semana em que os Velha Gaiteira (trance rural orgânico) e os Waterflies (etno-jazz experimental) deram a conhecer os seus discos de estreia - cada qual com uma personalidade forte, atenção profunda às suas influências ou raízes, universo sonoro único e um público fiel crescente -, estou em crer que uma nova e promissora etapa se inaugura no panorama musical albicastrense.

Graças às novas ferramentas de produção e divulgação do seu trabalho - dos estúdios caseiros às redes sociais -, hoje estas novas formações já não estão dependentes do rótulo geográfico e podem concentrar-se mais na sua energia criativa e obter melhores resultados com menos meios. Contudo, com uma plateia infinita à distância de um clique e com gostos e atenções cada vez mais fragmentados, mais difícil se torna diferenciarem-se e chegarem ao patamar mínimo do reconhecimento público, seja ele regional, nacional ou mesmo internacional.


Mas quer Velha Gaiteira, quer Waterflies (nem outra coisa se espera) têm capacidade para crescer, melhorar e afirmar-se dentro e fora de portas. Independentemente da existência ou não de pontos em comum, há pelo menos algo que estes e outros grupos da cidade que entretanto estejam a dar os primeiros passos partilham, para lá da frescura juvenil e acústica e da geografia e realidade temporal. Uma espécie de white('s)tone diria (o raia tone reinventado), isto porque os rótulos e/ou conceitos, tal como o envelhecer, são um dos grandes vícios, também da indústria musical.

Jorge Costa

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