Velha Gaiteira em Alpedrinha no Chocalhos 2010 |
Na semana em que os Velha Gaiteira (trance rural orgânico) e os Waterflies (etno-jazz experimental) deram a conhecer os seus discos de estreia - cada qual com uma personalidade forte, atenção profunda às suas influências ou raízes, universo sonoro único e um público fiel crescente -, estou em crer que uma nova e promissora etapa se inaugura no panorama musical albicastrense.
Graças às novas ferramentas de produção e divulgação do seu trabalho - dos estúdios caseiros às redes sociais -, hoje estas novas formações já não estão dependentes do rótulo geográfico e podem concentrar-se mais na sua energia criativa e obter melhores resultados com menos meios. Contudo, com uma plateia infinita à distância de um clique e com gostos e atenções cada vez mais fragmentados, mais difícil se torna diferenciarem-se e chegarem ao patamar mínimo do reconhecimento público, seja ele regional, nacional ou mesmo internacional.
Mas quer Velha Gaiteira, quer Waterflies (nem outra coisa se espera) têm capacidade para crescer, melhorar e afirmar-se dentro e fora de portas. Independentemente da existência ou não de pontos em comum, há pelo menos algo que estes e outros grupos da cidade que entretanto estejam a dar os primeiros passos partilham, para lá da frescura juvenil e acústica e da geografia e realidade temporal. Uma espécie de white('s)tone diria (o raia tone reinventado), isto porque os rótulos e/ou conceitos, tal como o envelhecer, são um dos grandes vícios, também da indústria musical.
Jorge Costa
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