"Ostinato & Romanian Dance", Taraf de Haïdouks (Roménia) - gypsy music
Os Taraf de Haïdouks a abrirem mais uma emissão com a “Ostinato & Romanian Dance”, tema original de Béla Bártok e que inaugura “Maškaradă”, trabalho inventivo e enérgico, lançado este ano. Neste álbum, onde é convidada Virginica Dumitru, os Taraf de Haïdouks apresentam temas próprios e versões de clássicos do início do século XX. Entre os compositores que serviram de base a este disco estão os húngaros Béla Bártok e Joseph Kosma, o arménio Aram Khachaturian, os espanhóis Isaac Albéniz e Manuel de Falla ou o inglês Albert Ketèlbey, eles próprios influenciados pelo folclore balcânico e pela tradição cigana. Os Taraf de Haïdouks ("banda de bandidos") são originários de Clejani, cidade localizada a sudoeste de Bucareste, na Roménia. Esta dezena de instrumentistas e cantores, em que convivem quatro gerações de lăutari (músicos), foi descoberta em 1990 por dois jovens músicos belgas que se apaixonaram pela sua sonoridade e decidiram dá-los a conhecer ao mundo. A música dos Taraf de Haïdouks, que varia entre as baladas e as danças, é uma mistura de estilos locais, representando na perfeição a riqueza da folk romena.
"The Stride Set", Solas (EUA) - celtic, irish folk
As músicas do mundo prosseguem com os Solas (termo que em gaélico significa “luz”). Eles trazem-nos "The Stride Set", um agrupamento de temas (“The Stride”, “Tom Doherty's”, “The Contradiction” e “Viva Galicia”), extraído do terceiro álbum da banda, “The Words That Remain”, editado em 1998. Uma visão contemporânea da folk irlandesa e dos sons tradicionais celtas, a que o quinteto de Nova Iorque, formado em 1996, adiciona elementos da música country, do blues, do bluegrass, do jazz, bem como outros ritmos globais. Apesar de americanos, o virtuosismo e a versatilidade dos Solas fá-los levar a música tradicional irlandesa para além dos típicos jigs e reels. São arranjos imaginativos de melodias e danças do velho continente, mas também composições próprias do grupo, formado por Seamus Egan, Winifred Horan, Mick McAuley, Deirdre Scanlan e Eamon McElholm. Neste trabalho, onde são convidados o mestre do banjo canadiano Bela Fleck e a vocalista Iris de Ment, os Solas apimentam a folk irlandesa com instrumentação menos convencional. À flauta, gaita, whistle, bodhrán, acordeão, guitarra, banjo, bandolim, violino e concertina juntam-se então a guitarra eléctrica, os teclados e o sintetizador.
"Boy In The Boat ", Lúnasa (Irlanda) - celtic
Os Lúnasa apresentam-nos o medley “Boy In The Boat” (integra “The Ballivanich Reel”, “The Boy in the Boat” e “The Stone of Destiny”), retirado do disco “Sé” (em irlandês lê-se ‘shay’), lançado em 2006. Trabalho onde Trevor Hutchinson, Paul Meehan, Seán Smyth, Kevin Krawford e Cillian Vallely contam com as colaborações dos guitarristas Tim Edey, do teclista Pat Fitzpatrick e do trombonista Karl Ronan. Na Irlanda, ainda hoje o mês de Agosto é conhecido por Lúnasa – o termo original era Lughnasadh –, uma alusão ao antigo festival celta outrora realizado no primeiro dia de Outono em honra do deus irlandês Lugh, patrono das artes. Este quinteto instrumental, criado em 1997, contraria a tendência de fundir a música tradicional com o rock, a pop ou a música electrónica. Para os Lúnasa, a renovação celta passa antes pela tradição, embora eles não fechem portas a novas sonoridades. Inspirados pela The Bothy Band, referência dos anos de 1970, os novos deuses da música irlandesa juntam o violino, a flauta e a gaita irlandesa, o whistle, o contra-baixo e a guitarra acústica, explorando também as raízes bretãs e galegas. Graças aos arranjos inventivos e ao seu som enérgico, influenciado pelo jazz, blues, rock e country, os Lúnasa abriram um novo caminho para a música tradicional irlandesa.
"Jidka", Saba (Somália) - afropop
A jornada continua com Saba e o tema "Jidka" (A Linha), extraído do álbum do mesmo nome, editado este ano. Termo que se refere ao lado mestiço da cantora, a qual cruza a cultura africana com a europeia. Nascida em Mogadíscio, capital da Somália, durante o regime repressivo do general Muhammad Siyad Barre, Saba é filha de pai italiano e de mãe etíope. Com os italianos permanentemente sob suspeita e o conflito com a Etiópia na região de Ogaden, a família foi então obrigada a exilar-se em Itália. Neste trabalho de estreia, a jovem mistura guitarras acústicas, koras e djembés com batidas tradicionais africanas e percussão contemporânea, recordando canções de infância e temas compostos com a própria mãe (recorde-se que ela começou por cantar e dançar com a irmã para entreter os vizinhos, em Addis Abeba). Saba, que tem trabalhado com autores somalianos como Cristina Ubax Alì Farah e Igiaba Scego, serve-se do dialecto somali de Xamar Weuyne, onde abundam as palavras em inglês e italiano, herança dos tempos coloniais. Nesta aproximação entre culturas, ela conta com as participações do guitarrista e percussionista camaronês Tatè Nsongan, do griot senegalês Lao Kouyatè e da voz de Felix Moungara, orginária do Gabão.
"Mini Kusuto", Colombiafrica - The Mystic Orchestra (Colômbia, Congo, Nigéria, Bolívia) - champeta, afrobeat, soukous, highlife
A Colombiafrica – The Mystic Orchestra estreia-se no programa com “Mini Kusuto”, tema retirado do álbum “Voodoo Love Inna Champeta Land”, lançado este ano. Depois de séculos de colonização, Colômbia e África juntam-se finalmente através da champeta criolla, o primeiro género afro-colombiano contemporâneo. São versões locais de ritmos africanos como o soukous congolês, o highlife ganês, a afro-beat nigeriana ou o sul-africano mbaqanga, que se misturam com a cumbia, o bullerengue, a chalupa, o lumbalú (canção funerária) e outros estilos caribenhos, num diálogo permanente entre as percussões, as guitarras e as vozes. Neste trabalho, as estrelas da champeta Viviano Torres, Luís Towers e Justo Valdez, originários da cidade de San Basilio de Palenque, juntamente com o produtor Lucas Silva (“Champeta-Man Original”), devolvem a África os ritmos afro-colombianos. Uma jornada em que contam com talentos oriundos do Congo, Guiné, Angola e Camarões, tais como Dally Kimoko, Diblo Dibala, Nyboma, Sékou Diabaté, Rigo Star, Bopol Mansiamina, Caien Madoka, Ocean, 3615 Code Niawu, Hadya Kouyate, Son Palenque, Las Alegres Ambulancias, Batata e Guy Bilong.
"Mesechina", Dragan Dautovski Quartet (Macedónia) - macedonian folk
Segue-se o Dragan Dautovski Quartet com “Mesechina”, tema retirado do álbum “Patot Na Sonceto” (O Caminho do Sol), lançado em 2001. Para além de Dragan Dautovski, fazem parte desta formação Aleksandra Popovska, Ratko Dautovski e Bajsa Arifovska. Ao longo das últimas três décadas, o artista tem trabalhado com mais de vinte instrumentos tradicionais da Macedónia e composto para diversos vocalistas e orquestras. Neste quarteto, destacam-se a gajda (gaita-de-foles dos Balcãs), a kaval (pequena flauta diatónica), a zurla (espécie de oboé, comum na Macedónia e nos países dos Balcãs), o tapan (tambor duplo comum nos Balcãs e originário da Turquia, onde é conhecido por davul) e a tambura (versão balcânica do alaúde indiano, com cordas dedilhadas e braço sem trastos). Professor de música tradicional em Skopje, a capital daquele território, Dautovski é o único flautista neolítico do planeta. Tudo porque foi o primeiro a estudar uma ocarina com cerca de seis mil anos, encontrada perto da cidade de Veles. Um instrumento de sopro de forma oval, feito de porcelana, terracota ou pedra, e que é um dos mais antigos do mundo. Em 1992, o compositor formou o ensemble tradicional Mile Kolarovski, com que tem tocado e feito várias gravações para a radiotelevisão macedónia, e três anos depois o DD Synthesis, projecto cujo objectivo é o de explorar em profundidade a folk daquele país.
"Min Perimenis Pia", Glykeria (Grécia) - greek music, rock, pop
Segue-se Glykeria, que nos traz “Min Perimenis Pia”, tema extraído do álbum “15 Greek Classics”, editado em 1998. Nascida em Agio Pnevma, na Macedónia grega, Glykeria Kotsoula é conhecida pela interpretação de canções da música rebética. Ela apresenta-nos uma amostra da dança do ventre, género popular na Grécia, onde é conhecido por tsifteteli, e que ali recebeu a influência da herança cigana e dos gregos regressados da Turquia aquando a independência daquele território. Glykeria começou por trabalhar em clubes de noite tradicionais de Plaka, no centro de Atenas, até que em 1978 o compositor Apóstolos Kaldaras a convidou a interpretar uma selecção de temas. Hoje são quase três dezenas de discos, cantados em 14 línguas, entre elas o sérvio, o hebreu, o turco, o inglês, o francês, o italiano, o espanhol e o japonês. O estilo profundo e melancólico de Glykeria cativou também os corações dos israelitas. Em 1998, ela foi a única artista estrangeira a marcar presença em Tel Aviv numa homenagem a Yitzhak Rabin, cantando diante de 200 mil pessoas. Ao longo dos anos têm vindo a somar-se as colaborações com outros artistas, entre eles Natacha Atlas, Omar Faruk Tekbilek, Loukianos Kilaidonis, Mary Linda, Sotiria Bellou, George Dalaras, Ofra Haza, Ricky Gal, Chava Alberstein, Amal Markus, Paschalis Terzis, Ilias Aslanoglou, Antino Vardis e Sarit Hadad.
"Desde Cuba Hasta Afghanistan", Bakú (Porto Rico) - salsa, flamenco, pop, rock
A emissão chega ao fim com os Bakú e o tema “Desde Cuba Hasta Afganistán”, extraído do álbum “Somos”, editado em 2006. Uma faixa que fala de alguém de tal forma obcecado, que seria capaz de se converter ao Islão para conquistar o coração de uma moura. Depois de terem trabalhado juntos durante cerca de cinco anos noutro projecto, em 2006 Farrel, Dabí Marrero, Martín Cerame, "Joey" González e Davo Ayala decidiram formar um novo grupo. Este quinteto porto-riquenho, que foi buscar o nome a uma árvore de madeira extremamente dura, mistura a música afro-caribenha, a salsa clássica, o cubano son montuno, o flamenco e a música do Médio Oriente com o funk, a pop e o rock latinos. Para criarem um repertório único e dinâmico, os Bakú servem-se de uma secção de metais (trompete, saxofone e trombone) e de uma secção rítmica que inclui a bateria, os timbales, as congas, os tambores e o cajón. A instrumentação fica completa com as guitarras acústica e eléctrica, o baixo e os teclados, havendo lugar ainda para a sitar e as gaitas de foles.
Jorge Costa
A jornada continua com Saba e o tema "Jidka" (A Linha), extraído do álbum do mesmo nome, editado este ano. Termo que se refere ao lado mestiço da cantora, a qual cruza a cultura africana com a europeia. Nascida em Mogadíscio, capital da Somália, durante o regime repressivo do general Muhammad Siyad Barre, Saba é filha de pai italiano e de mãe etíope. Com os italianos permanentemente sob suspeita e o conflito com a Etiópia na região de Ogaden, a família foi então obrigada a exilar-se em Itália. Neste trabalho de estreia, a jovem mistura guitarras acústicas, koras e djembés com batidas tradicionais africanas e percussão contemporânea, recordando canções de infância e temas compostos com a própria mãe (recorde-se que ela começou por cantar e dançar com a irmã para entreter os vizinhos, em Addis Abeba). Saba, que tem trabalhado com autores somalianos como Cristina Ubax Alì Farah e Igiaba Scego, serve-se do dialecto somali de Xamar Weuyne, onde abundam as palavras em inglês e italiano, herança dos tempos coloniais. Nesta aproximação entre culturas, ela conta com as participações do guitarrista e percussionista camaronês Tatè Nsongan, do griot senegalês Lao Kouyatè e da voz de Felix Moungara, orginária do Gabão.
"Mini Kusuto", Colombiafrica - The Mystic Orchestra (Colômbia, Congo, Nigéria, Bolívia) - champeta, afrobeat, soukous, highlife
A Colombiafrica – The Mystic Orchestra estreia-se no programa com “Mini Kusuto”, tema retirado do álbum “Voodoo Love Inna Champeta Land”, lançado este ano. Depois de séculos de colonização, Colômbia e África juntam-se finalmente através da champeta criolla, o primeiro género afro-colombiano contemporâneo. São versões locais de ritmos africanos como o soukous congolês, o highlife ganês, a afro-beat nigeriana ou o sul-africano mbaqanga, que se misturam com a cumbia, o bullerengue, a chalupa, o lumbalú (canção funerária) e outros estilos caribenhos, num diálogo permanente entre as percussões, as guitarras e as vozes. Neste trabalho, as estrelas da champeta Viviano Torres, Luís Towers e Justo Valdez, originários da cidade de San Basilio de Palenque, juntamente com o produtor Lucas Silva (“Champeta-Man Original”), devolvem a África os ritmos afro-colombianos. Uma jornada em que contam com talentos oriundos do Congo, Guiné, Angola e Camarões, tais como Dally Kimoko, Diblo Dibala, Nyboma, Sékou Diabaté, Rigo Star, Bopol Mansiamina, Caien Madoka, Ocean, 3615 Code Niawu, Hadya Kouyate, Son Palenque, Las Alegres Ambulancias, Batata e Guy Bilong.
"Mesechina", Dragan Dautovski Quartet (Macedónia) - macedonian folk
Segue-se o Dragan Dautovski Quartet com “Mesechina”, tema retirado do álbum “Patot Na Sonceto” (O Caminho do Sol), lançado em 2001. Para além de Dragan Dautovski, fazem parte desta formação Aleksandra Popovska, Ratko Dautovski e Bajsa Arifovska. Ao longo das últimas três décadas, o artista tem trabalhado com mais de vinte instrumentos tradicionais da Macedónia e composto para diversos vocalistas e orquestras. Neste quarteto, destacam-se a gajda (gaita-de-foles dos Balcãs), a kaval (pequena flauta diatónica), a zurla (espécie de oboé, comum na Macedónia e nos países dos Balcãs), o tapan (tambor duplo comum nos Balcãs e originário da Turquia, onde é conhecido por davul) e a tambura (versão balcânica do alaúde indiano, com cordas dedilhadas e braço sem trastos). Professor de música tradicional em Skopje, a capital daquele território, Dautovski é o único flautista neolítico do planeta. Tudo porque foi o primeiro a estudar uma ocarina com cerca de seis mil anos, encontrada perto da cidade de Veles. Um instrumento de sopro de forma oval, feito de porcelana, terracota ou pedra, e que é um dos mais antigos do mundo. Em 1992, o compositor formou o ensemble tradicional Mile Kolarovski, com que tem tocado e feito várias gravações para a radiotelevisão macedónia, e três anos depois o DD Synthesis, projecto cujo objectivo é o de explorar em profundidade a folk daquele país.
"Min Perimenis Pia", Glykeria (Grécia) - greek music, rock, pop
Segue-se Glykeria, que nos traz “Min Perimenis Pia”, tema extraído do álbum “15 Greek Classics”, editado em 1998. Nascida em Agio Pnevma, na Macedónia grega, Glykeria Kotsoula é conhecida pela interpretação de canções da música rebética. Ela apresenta-nos uma amostra da dança do ventre, género popular na Grécia, onde é conhecido por tsifteteli, e que ali recebeu a influência da herança cigana e dos gregos regressados da Turquia aquando a independência daquele território. Glykeria começou por trabalhar em clubes de noite tradicionais de Plaka, no centro de Atenas, até que em 1978 o compositor Apóstolos Kaldaras a convidou a interpretar uma selecção de temas. Hoje são quase três dezenas de discos, cantados em 14 línguas, entre elas o sérvio, o hebreu, o turco, o inglês, o francês, o italiano, o espanhol e o japonês. O estilo profundo e melancólico de Glykeria cativou também os corações dos israelitas. Em 1998, ela foi a única artista estrangeira a marcar presença em Tel Aviv numa homenagem a Yitzhak Rabin, cantando diante de 200 mil pessoas. Ao longo dos anos têm vindo a somar-se as colaborações com outros artistas, entre eles Natacha Atlas, Omar Faruk Tekbilek, Loukianos Kilaidonis, Mary Linda, Sotiria Bellou, George Dalaras, Ofra Haza, Ricky Gal, Chava Alberstein, Amal Markus, Paschalis Terzis, Ilias Aslanoglou, Antino Vardis e Sarit Hadad.
"Desde Cuba Hasta Afghanistan", Bakú (Porto Rico) - salsa, flamenco, pop, rock
A emissão chega ao fim com os Bakú e o tema “Desde Cuba Hasta Afganistán”, extraído do álbum “Somos”, editado em 2006. Uma faixa que fala de alguém de tal forma obcecado, que seria capaz de se converter ao Islão para conquistar o coração de uma moura. Depois de terem trabalhado juntos durante cerca de cinco anos noutro projecto, em 2006 Farrel, Dabí Marrero, Martín Cerame, "Joey" González e Davo Ayala decidiram formar um novo grupo. Este quinteto porto-riquenho, que foi buscar o nome a uma árvore de madeira extremamente dura, mistura a música afro-caribenha, a salsa clássica, o cubano son montuno, o flamenco e a música do Médio Oriente com o funk, a pop e o rock latinos. Para criarem um repertório único e dinâmico, os Bakú servem-se de uma secção de metais (trompete, saxofone e trombone) e de uma secção rítmica que inclui a bateria, os timbales, as congas, os tambores e o cajón. A instrumentação fica completa com as guitarras acústica e eléctrica, o baixo e os teclados, havendo lugar ainda para a sitar e as gaitas de foles.
Jorge Costa
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