"Kudumba", Armenian Navy Band (Arménia) - avant-guarde folk
A Armenian Navy Band inaugura a emissão com “Kudumba”, tema que faz parte do seu segundo álbum “New Apricot”. Trabalho gravado em Istambul e editado em 2001, reflexo da primeira digressão europeia do grupo, realizada um ano antes. À primeira vista, Armenian Navy Band pode parecer um nome absurdo para a banda criada em 1998 em Yerevan, capital de um país sem acesso directo ao mar. No entanto, o seu fundador, o percussionista e vocalista de ascendência arménia Arto Tunçboyaciyan, acredita ser possível mover todo este barco sonoro do Cáusaco, mesmo sem água. Juntam-se-lhe neste projecto onze jovens que se fazem acompanhar desde os tradicionais sazabo, duduk (aerofone tradicional da Arménia), zurna (aerofone da Anatólia com palheta dupla), kamancheh (espécie de violino persa), kanun (semelhante à cítara, mas de formato trapezoidal), blul, suduk, a instrumentos mais actuais como o trombone, o saxofone, o trompete, o baixo, a bateria, os teclados e o piano. A orquestra cruza então a melancolia da música tradicional da Arménia e Anatólia (parte asiática da Turquia) com o lamento e a solidão do jazz e dos blues, havendo ainda espaço para o rock e para a pop. Composições próprias numa folk avant-garde, síntese das vivências multiculturais de alguém que através da música procura comunicar os valores do amor, do respeito e da verdade. Arto Tunçboyaciyan cresceu na Turquia e emigrou para os Estados Unidos da América, onde hoje vive. Ao longo dos anos, tem vindo a colaborar com referências do jazz e da world music como Eleftheria Arvanitaki, Gerardo Nuñez, Joe Zawinul, Al Di Meola, Chet Baker, Oregon, Joe Lovano, Wayne Shorter, Don Cherry, Arthur Blythe ou Omar Faruk Tekbliek.
"A Day Like Today", Emily Smith (Reino Unido) - folk, celtic music
As músicas do mundo prosseguem com a escocesa Emily Smith e "A Day Like Today", tema retirado do álbum do mesmo nome, seu trabalho de estreia, lançado em 2002, e em que participam ainda Jamie McClennan, Ross Ainslie e Sean O'Donnell. Um conjunto de canções e melodias tradicionais, cantados de forma natural e com grande emoção por Emily Smith, a que se juntam novos arranjos e composições originais que soam como se tivessem sobre si o pesado fardo dos anos. Formada na Real Academia Escocesa de Música e Drama, a cantautora é não só uma reconhecida intérprete de canções tradicionais, mas também uma talentosa compositora e instrumentista. Criada na rural Dumfriesshire, no sudoeste da Escócia, Emily Smith herdou a paixão pela história local e o forte sentimento de pertença à sua comunidade. Impressões patentes no entusiasmo com que a jovem pianista e acordeonista - hoje acompanhada em palco pelo violinista Jamie McClennan, pelo guitarrista Ross Milligan e pelo baixista Duncan Lyall - tenta retratar a beleza e diversidade da região onde nasceu. Uma energia vocal que atravessa o tempo e que consegue captar a força das letras do folclore nacional, assimilando desde as baladas de Dumfriesshire aos versos líricos de Robert Burns, o poeta nacional da Escócia.
"The Trucks of Bohermore", Reeltime (Irlanda) - celtic music, irish folk
Os Reeltime apresentam-se pela primeira vez no programa com o medley “The Trucks of Bohermore” (The Bucks Of Oranmore/Gan Ainm/Over The Moor To Maggie), conjunto de reels retirado do seu segundo álbum “Live It Up”, gravado em Edimburgo e editado em 1998. Dos arranjos de antigos jigs e reels, principais ritmos das danças celtas, às incursões por uma panóplia de géneros mais actuais, o jovem ensemble acrescenta uma sensibilidade moderna à música tradicional irlandesa. Viagem sonora multicultural que se constrói a partir de aproximações pontuais à música country de Nashville, ao swing do Texas, à musette francesa, à música cigana da Bulgária, ao americano ragtime ou ao jazz ao estilo do belga Django Reinhardt. O resultado desta mistura global é uma série de melodias carregadas de energia e ritmo, festa onde, para além do violino, do bodhrán e da flauta irlandesa, há lugar também para a guitarra, o ukelele, a harmónica, o acordeão, o baixo, o piano, os teclados e as percussões. Formados pelos irmãos Máirí, Yvonne, Gerard e Terry Fahy, quatro jovens membros de uma família de célebres músicos e dançarinos, os Reeltime são acompanhados em palco por Chris Kelly, o marido de Máirín, e por Benny Hayes. De entre as colaborações com o grupo destacam-se nomes como Eilis Egan, Luke Daniels, John Flatley, Jimmy Higgins, Brendan Power, James Blennerhasset, Georgi Petrov, Declan Masterson, Fran Breen, James Brennan, Barry Conboy, Tommy Hayes, Arty McGlynn ou Kathy Prince.
"Hanfarkaan", Saba (Somália) - afropop
A jornada continua com Saba e o tema “Hanfarkaan” (em somali, hanfar significa "vento", que aqui serve de elo de ligação ao espírito), extraído do álbum “Jidka” (A Linha), lançado em 2007. Título que referencia o lado mestiço da cantora, a qual cruza a cultura africana com a europeia. Nascida em Mogadíscio, capital da Somália, durante o regime repressivo do general Muhammad Siyad Barre, Saba é filha de pai italiano e de mãe etíope. Com os italianos permanentemente sob suspeita e o conflito com a Etiópia na região de Ogaden, a família foi então obrigada a exilar-se em Itália. Neste seu trabalho de estreia, a cantora mistura então guitarras acústicas, koras e djembés com batidas tradicionais africanas e percussão contemporânea, recordando canções de infância e temas compostos com a própria mãe (recorde-se que ela começou por cantar e dançar com a irmã para entreter os vizinhos, em Addis Abeba). A jovem Saba, que tem trabalhado com autores somalianos como Cristina Ubax Alì Farah e Igiaba Scego, serve-se do dialecto somali de Xamar Weuyne, onde abundam as palavras em inglês e italiano, herança dos tempos coloniais. Nesta aproximação entre culturas, ela conta com as participações do guitarrista e percussionista camaronês Tatè Nsongan, do griot senegalês Lao Kouyatè e da voz de Felix Moungara, do Gabão.
"No Habla Na'", Colombiafrica - The Mystic Orchestra (Colômbia, Congo, Nigéria, Bolívia) - champeta, afrobeat, soukous, highlife
A Colombiafrica The Mystic Orchestra regressa ao programa com "No Habla Na’", parte integrante do disco “Voodoo Love Inna Champeta Land”, editado em 2007. Depois de séculos de colonização, Colômbia e África juntam-se finalmente através da champeta criolla, o primeiro género afro-colombiano contemporâneo. São versões locais de ritmos africanos como o soukous congolês, o highlife ganês, a afro-beat nigeriana ou o sul-africano mbaqanga, que se misturam com a cumbia, o bullerengue, a chalupa, o lumbalú (canção funerária) e outros estilos caribenhos, num diálogo permanente entre as percussões, as guitarras e as vozes. Neste trabalho, as estrelas da champeta Viviano Torres, Luís Towers e Justo Valdez, originários da cidade de San Basilio de Palenque, juntamente com o produtor Lucas Silva (“Champeta-Man Original”), devolvem a África os ritmos afro-colombianos. Uma jornada em que contam com talentos oriundos do Congo, Guiné, Angola e Camarões, tais como Dally Kimoko, Diblo Dibala, Nyboma, Sékou Diabaté, Rigo Star, Bopol Mansiamina, Caien Madoka, Ocean, 3615 Code Niawu, Hadya Kouyate, Son Palenque, Las Alegres Ambulancias, Batata e Guy Bilong.
"Era D'Aqui I D'Allà", Xazzar (Espanha) - gypsy klezmer jazz, folk rock
A emissão chega ao fim com os Xazzar, que desta feita nos trazem o tema “¿Qué Hay de Malo en Resbalar?” (Que Mal Tem Escorregar?), retirado do álbum “Que No S’Escapin Els Gossos” (Que Não Fujam os Cães), editado em 2007. O projecto arrancou dois anos antes, quando alguns estudantes da Escola de Música da Catalunha decidiram criar um grupo que tocasse temas originais, inspirados na música klezmer. No seu disco de estreia, o jovem septeto, formado por Angela Llinarés (clarinete), Ildefons Alonso (bateria), Toni Vilaprinyó (baixo), Clara Peya (piano e acordeão), Noemi Rubio (violino), Miranda Gás (voz) e Laia Serra (violino), mistura melodias inspiradas na folk com ritmos variados que vão do jazz ao swing, passando pelo charleston e pela chanson française, sem esquecer os sons endiabrados da música cigana. São composições próprias, cantadas em catalão, castelhano e francês, que apelam ao baile e à festa. Muito ritmo a marcar passo num trabalho onde os Xazzar contam com as colaborações de músicos como Helena Cases de Conxita (pandeireta), Jordi Cristau (coros) ou Francesc Vives de Dumbala Canalla (trompete).
Jorge Costa
"Kielo", Kimmo Pohjonen (Finlândia) - folk-rock, electronic folk
Segue-se Kimmo Pohjonen com “Kalmukki”, tema extraído do álbum “Kielo”, lançado em 1999. Uma série de peças a solo, ora acústicas, ora manipuladas, que estabeleceram um novo parâmetro para a nova avant garde. Com uma carreira repartida entre a folk, a música clássica e o rock, o músico e compositor Kimmo Pohjonen mistura de forma única o acordeão com amostras de sons e percussões, levando-o para universos como a dança contemporânea ou o teatro musical. Pohjonen, que nasceu na aldeia de Viiala, começou a tocar acordeão aos oito anos. Na Academia Sibelius, em Helsínquia, absorveu a folk e misturou-a com outros estilos. Para expandir a sonoridade do fole diatónico, Kimmo adicionou ao acordeão cromático composições originais que integravam samples e loops do islandês Samuli Kosminen, com quem viria a formar o duo Kluster. Mais tarde, juntaram-se-lhes Pat Mastrelotto e Trey Jun, dando lugar ao quarteto Kluster TU. Entretanto, Pohjonen tem vindo a colaborar com músicos finlandeses como Heikki Leitinen, Maria Kalaniemi, Alanko Saatio ou Arto Järvellä, integrando ainda os grupos de new folk Pinnin Pojat e Ottopasuuna. Apesar dos mais de 13 quilos do acordeão, em palco Pohjonen movimenta-se energicamente, extraindo camadas de som a que adiciona a própria voz. Mais voltado para o formato acústico, Kimmo Pohjonen mantém como base as raízes e os cantos populares da Finlândia, tocando outros tipos de acordeão, a harmónica e a marimba. Tradição e improviso unem-se assim na busca de novos sons através da música experimental e electrónica.
Segue-se Kimmo Pohjonen com “Kalmukki”, tema extraído do álbum “Kielo”, lançado em 1999. Uma série de peças a solo, ora acústicas, ora manipuladas, que estabeleceram um novo parâmetro para a nova avant garde. Com uma carreira repartida entre a folk, a música clássica e o rock, o músico e compositor Kimmo Pohjonen mistura de forma única o acordeão com amostras de sons e percussões, levando-o para universos como a dança contemporânea ou o teatro musical. Pohjonen, que nasceu na aldeia de Viiala, começou a tocar acordeão aos oito anos. Na Academia Sibelius, em Helsínquia, absorveu a folk e misturou-a com outros estilos. Para expandir a sonoridade do fole diatónico, Kimmo adicionou ao acordeão cromático composições originais que integravam samples e loops do islandês Samuli Kosminen, com quem viria a formar o duo Kluster. Mais tarde, juntaram-se-lhes Pat Mastrelotto e Trey Jun, dando lugar ao quarteto Kluster TU. Entretanto, Pohjonen tem vindo a colaborar com músicos finlandeses como Heikki Leitinen, Maria Kalaniemi, Alanko Saatio ou Arto Järvellä, integrando ainda os grupos de new folk Pinnin Pojat e Ottopasuuna. Apesar dos mais de 13 quilos do acordeão, em palco Pohjonen movimenta-se energicamente, extraindo camadas de som a que adiciona a própria voz. Mais voltado para o formato acústico, Kimmo Pohjonen mantém como base as raízes e os cantos populares da Finlândia, tocando outros tipos de acordeão, a harmónica e a marimba. Tradição e improviso unem-se assim na busca de novos sons através da música experimental e electrónica.
"Maahinen Neito", Värttinä (Finlândia) - traditional finnish folk/suomirock
A mais conhecida banda da folk contemporânea finlandesa traz-nos “Maahinen Neito” (A Rapariga da Terra), tema retirado do álbum “Iki” (termo que a banda define como sendo “o sopro principal e eterno”), editado em 2003, no vigésimo aniversário do grupo. Um trabalho que marca o seu regresso às grandes melodias, numa mistura de pop e rock ocidental com a folk europeia e nórdica. As Värttinä são conhecidas por terem inventado uma visão contemporânea da tradição vocal feminina e da poesia popular da Carélia – uma região isolada na fronteira entre a Finlândia e a Rússia – reforçando as letras emocionais com ritmos em fino-úgrico, idioma antecessor do finlandês. O grupo nasceu em Raakkylaa, uma pequena cidade na Carélia filandesa. Entusiasmados pelas mães, alguns miúdos juntaram-se para cantar músicas folk e tocar kantele (uma versão filandesa do zither, instrumento da família da cítara). À medida que foram crescendo, muitos deixaram o grupo, mas quatro raparigas criaram uma nova formação, que continuou a fazer arranjos tradicionais mas passou também a compor temas próprios. Actualmente fazem parte das Värttinä Mari Kaasine, Johanna Virtanen e Susan Aho, vozes enérgicas e harmónicas que são suportadas por seis músicos acústicos que aliam a instrumentação tradicional e contemporânea (feita à base da guitarra, violino, acordeão, baixo e percussões) aos ritmos complexos e arranjos modernos.
A mais conhecida banda da folk contemporânea finlandesa traz-nos “Maahinen Neito” (A Rapariga da Terra), tema retirado do álbum “Iki” (termo que a banda define como sendo “o sopro principal e eterno”), editado em 2003, no vigésimo aniversário do grupo. Um trabalho que marca o seu regresso às grandes melodias, numa mistura de pop e rock ocidental com a folk europeia e nórdica. As Värttinä são conhecidas por terem inventado uma visão contemporânea da tradição vocal feminina e da poesia popular da Carélia – uma região isolada na fronteira entre a Finlândia e a Rússia – reforçando as letras emocionais com ritmos em fino-úgrico, idioma antecessor do finlandês. O grupo nasceu em Raakkylaa, uma pequena cidade na Carélia filandesa. Entusiasmados pelas mães, alguns miúdos juntaram-se para cantar músicas folk e tocar kantele (uma versão filandesa do zither, instrumento da família da cítara). À medida que foram crescendo, muitos deixaram o grupo, mas quatro raparigas criaram uma nova formação, que continuou a fazer arranjos tradicionais mas passou também a compor temas próprios. Actualmente fazem parte das Värttinä Mari Kaasine, Johanna Virtanen e Susan Aho, vozes enérgicas e harmónicas que são suportadas por seis músicos acústicos que aliam a instrumentação tradicional e contemporânea (feita à base da guitarra, violino, acordeão, baixo e percussões) aos ritmos complexos e arranjos modernos.
"Era D'Aqui I D'Allà", Xazzar (Espanha) - gypsy klezmer jazz, folk rock
A emissão chega ao fim com os Xazzar, que desta feita nos trazem o tema “¿Qué Hay de Malo en Resbalar?” (Que Mal Tem Escorregar?), retirado do álbum “Que No S’Escapin Els Gossos” (Que Não Fujam os Cães), editado em 2007. O projecto arrancou dois anos antes, quando alguns estudantes da Escola de Música da Catalunha decidiram criar um grupo que tocasse temas originais, inspirados na música klezmer. No seu disco de estreia, o jovem septeto, formado por Angela Llinarés (clarinete), Ildefons Alonso (bateria), Toni Vilaprinyó (baixo), Clara Peya (piano e acordeão), Noemi Rubio (violino), Miranda Gás (voz) e Laia Serra (violino), mistura melodias inspiradas na folk com ritmos variados que vão do jazz ao swing, passando pelo charleston e pela chanson française, sem esquecer os sons endiabrados da música cigana. São composições próprias, cantadas em catalão, castelhano e francês, que apelam ao baile e à festa. Muito ritmo a marcar passo num trabalho onde os Xazzar contam com as colaborações de músicos como Helena Cases de Conxita (pandeireta), Jordi Cristau (coros) ou Francesc Vives de Dumbala Canalla (trompete).
Jorge Costa
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