quarta-feira, 20 de junho de 2007

Emissão #45 - 23 Junho 2007

A 45ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 23 de Junho, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 27 de Junho, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (14 e 18 de Julho) nos horários atrás indicados.

Um programa especial onde se destaca a entrevista exlusiva aos Uxu Kalhus, realizada a 12 de Junho em Proença-a-Nova, nas festas daquele concelho.


"Psycoceltic", Rarefolk (Espanha) - freestyle folk/folk-rock
Os sevilhanos Rarefolk inauguram a emissão com “Psycoceltic”, tema retirado do álbum “Natural Fractals”, lançado no ano passado. Quarto e último trabalho dos pioneiros, precisamente, do freestyle folk, uma mistura criativa de sons e ritmos folclóricos de todo o mundo com o universo do rock, do funk e da música electrónica. O resultado é um raro estilo folk, carregado de energia, em que se fundem influências da música africana, celta, oriental e do próprio jazz. Neste disco, os Rarefolk regressam à sua formação original – Ruben Diez, "Mangu" Díaz, Marcos Munné, Pedro Silva, Fernando Reina e Oscar "Mufas" Valero –, contando com a participação especial do violinista Elo Sánchez (dos andaluzes Sila Na Gig) e do saxofonista Nacho Gil (Caponata Argamacho Trio). Desta feita, eles apresentam-nos uma mistura de instrumentos acústicos com sequências de dança, enveredando por géneros como a breakbeat ou o jungle. Bem para trás fica 1992, ano em que os Rarefolk se deram a conhecer na exposição mundial de Sevilha como Os Carallos e em que começaram a ter uma formação estável.

"Pasodoble do Azulejo", Uxu Kalhus (Portugal) - trad-folk-rock, folk fusion
As músicas do mundo prosseguem com o “Passodoble do Azulejo”, tema extraído de “A Revolta dos Badalos”, trabalho de estreia dos Uxu Kalhus, editado em 2006, e onde, para além das chocalhadas endiabradas deste quinteto (Celina Piedade, Paulo Pereira, Eddy Cabral, Luís Salgado e To Zé), formado em 2000, se podem ouvir as vozes de Joana Negrão, Rui Vaz, Pedro Mestre e António Tavares e o cavaquinho de Luís Peixoto. Uma fusão radical de sons e melodias onde a regra é não haverem regras. A revolta faz-se então pela subversão do folclore e pela reinvenção das músicas e danças tradicionais portuguesas e europeias, à mistura com géneros (jazz, rock, ska, funk, drum & bass, hip-hop ou música klezmer) e ritmos de todo o mundo: dos brasileiros (maracatú, embolada ou samba), africanos, árabes e orientais, aos medievais e barrocos. O público é então convidado a bailar ao som de viras, chotiças, modinhas, corridinhos e regadinhos, e de danças israelitas, sérvias ou austríacas, que se cruzam com mazurcas, valsas, polcas ou marchas. Universo sonoro que é alimentado por instrumentos como a flauta, o acordeão, a rauschpfeife (aerofone medieval de palheta dupla), as guitarras eléctrica e acústica, o baixo ou o metalfone. Nas percussões, acrescem a bateria, o bouzouki, a darabuka, o djembé, o bombo, o pandeiro, o didgeridoo, o dunun (família de tambores graves africanos, formada pelo kenkeni, sangban e doundounba), o davul (tambor duplo turco, conhecido nos Balcãs por tapan), a caixa, bem como o repenique e o surdo (tambores comuns no samba). Soma-se-lhes o caxixi, idiofone africano formado por um cesto de palha trançada em forma de campânula e com sementes no interior. A 29 Junho, os Uxu Kalhus vão estar no Festival MED de Loulé; a 21 de Julho em Portel; a 31 Julho e 2 e 5 Agosto no Festival Andanças, em São Pedro do Sul. Em Agosto estarão ainda nas Caldas da Rainha (dia 4), Tavira (dia 7), Seia (dia 18) e em Burgos, no Danzas Sin Fronteras (dias 21 e 22).

"Sunnu Gal", Terrakota (Portugal) - afrobeat, reggae, gnawa
Os Terrakota trazem-nos o tema “Sunnu Gal”, retirado do álbum “Oba Train”, terceiro e último da banda portuguesa, lançado em Maio deste ano. O comboio da vida é uma nova mestiçagem sonora onde se apela ao entendimento entre povos, celebrando as músicas do mundo num ambiente de festa. Criados em 1999, os Terrakota empreenderam então uma viagem pela África Ocidental. Na bagagem trouxeram ideias e instrumentos acústicos cujo som viriam a misturar com o poder dos instrumentos eléctricos. Aos três elementos do grupo juntaram-se depois mais quatro músicos e a actual vocalista, os quais viriam a assimilar géneros como o reggae e o gnawa. Depois de três anos de concertos, digressões em Portugal e na Europa, e viagens por Marrocos, Mauritânea, Mali, Burkina-Faso e Brasil, onde recolheram inspiração, os Terrakota juntam agora toda essa energia musical num trabalho que abrange várias geografias (Jamaica, Caraíbas, Cuba ou Brasil), sonoridades (árabes, flamencas ou indianas) e línguas (português, yoruba, wolof, francês, inglês ou castelhano). No seu último disco, uma fusão sem confusão, destacam-se as participações de Ikonoklasta e Conductor, ambos pertencentes ao angolano Conjunto Ngonguenha/Buraka Som Sistema, e do jamaicano U-Roy. A 14 de Julho, os Terrakota vão estar no Festival Serra da Estrela, em Valhelhas (Guarda).

"Château Rouge", Emmanuel Santarromana (França) e Hadja Kouyaté (Guiné-Conacri) - electro, afropop, mandingo
A jornada continua com Emmanuel Santarromana e Hadja Kouyaté, que nos trazem “Château Rouge”, tema extraído do álbum “Métropolitan”, editado em 2003. Antes de enveredar por uma carreira a solo, Emmanuel Santarromana foi percussionista em alguns dos maiores clubes europeus, lado a lado com nomes como o DJ Mandrax, Laurent Garnier ou Charles Schillings. Em 1998 enveredava finalmente por uma carreira como compositor. Neste seu primeiro álbum de originais, o DJ francês apresenta uma Paris multicultural, servindo cada estação de metro como pretexto para explorar as diferentes facetas musicais daquela cidade. Uma visão sofisticada, melódica e impressionista da capital francesa, cheia de cores, emoções e sons. O ambiente urbano mistura-se então com ritmos ciganos, africanos ou árabes, amostras de jazz, pop, hip-hop e música electrónica. Nesta mestiçagem destaca-se a voz quente e fervorosa de Hadja Kouyaté, uma das dez figuras femininas que participaram no projecto também ele electrónico de Frederic Galliano "African Divas". Hadja Kouyaté nasceu no sul da Guiné-Conari, na região de Gueckédou. Familiar de Manfila Kanté e Ousmane Kouyaté, grandes guitarristas guineenses, e de ascendência griot, a jovem começou a cantar aos cinco anos, viajando de povoação em povoação para participar em baptismos ou casamentos. Mais tarde avançaria por uma carreira a solo, seguindo a tradição musical mandingue. Hoje reparte o seu tempo entre França e a Guiné-Conacri, país onde acompanha o grupo "Les Guinéens".

"Maleele", Etran Finatawa (Níger) - wodaabe and touareg music

Seguem-se os Etran Finatawa com “Maleele”, tema extraído do álbum “Introducing Etran Finatawa”, editado no ano passado. Em 2004, seis músicos wodaabes e quatro tuaregues, unidos pelo gosto pela música e pelo desejo de paz entre todas as etnias que vivem ou viajam pelo rio Níger, juntaram-se e formaram este grupo. Os tuaregues e os wodaabe são dois dos grupos étnicos nómadas que vivem na savana do Sahel, no sul do Sáara. Durante milhares de anos, a região foi um ponto de passagem entre os árabes do norte de África e as culturas subsarianas. Enquanto que os wodaabe, de etnia fulani, são conhecidos pelos seus rebanhos e gado, os tuaregues, berberes que falam tamashek, são famosos criadores de camelos. Mesmo tendo culturas e línguas muito distintas, os elementos dos Etran Finatawa (As Estrelas da Tradição) ultrapassaram as fronteiras étnicas e o racismo, trabalhando juntos para construírem um futuro melhor para os seus povos. Eles fundaram o seu estilo, combinando instrumentos tradicionais e canções polifónicas com arranjos modernos e guitarras eléctricas. O resultado é um álbum marcado por uma mistura única entre o blues, o rock e o funk.


"Matadjem Yinmixan", Tinariwen (Mali) - touareg music, rock, blues
Viagem agora até ao deserto com os Tinariwen e o tema “Matadjem Yinmixan” (“Porquê todo este ódio entre vocês?”), retirado do álbum “Aman Iman” (Água é Vida), gravado em Bamako e lançado em Fevereiro deste ano. Uma melodia onde se faz um apelo às tribos tuaregues para que deixem de lado as rivalidades. Este clã apareceu em 1982 na Líbia num campo de acolhimento de rebeldes tuaregues (povo nómada descendente dos berberes do norte de África e que vagueia entre a Argélia, o Mali, o Níger e a Líbia), tocando para a comunidade de exilados naquele país e na Argélia. Três jovens encarnam a Ishumaren, a música dos ishumar desempregados, uma geração que sonha com a liberdade e a auto-determinação. São sobretudo melodias tradicionais, inspiradas nas guitarras do norte do Mali ou nos alaúdes (ngoni para os songhai, teherdent para os tuaregues) dos griots, e canções nostálgicas que apelam ao despertar político das consciências e à rebelião da alma. Em 1990, dois elementos dos Taghreft Tinariwen (literalmente, os "reconstrutores dos desertos") integraram o grupo de guerrilheiros separatistas que atacou um posto militar em Menaka, na fronteira com o Níger, inaugurando um novo conflito com o governo do Mali. Seis anos depois, quando a paz chegou finalmente ao sul do Sáara, voltaram-se apenas para a música do seu povo, em geral acompanhada pelo tindé (instrumento de percussão tocado por mulheres) ou pela flauta t’zamârt. Na sonoridade rítmica e harmónica dos Tinariwen, percussores dos blues do deserto, estão presentes também a guitarra eléctrica e a asoüf, solidão característica da poesia tuaregue que, tal como os blues, incorpora um sentimento de desamparo universal. A 29 de Junho, eles vão estar no Festival Mediterrâneo de Loulé, a 5 de Julho no Africa Festival de Lisboa e a 6 de Julho em Évora.

"Papirosn", Nina Stiller (Polónia) -
jewish music
O programa chega ao fim com Nina Stiller e o tema “Papirosn” (Cigarros), retirado do álbum editado em 2006 e baptizado com o nome desta cantora, actriz e dançarina polaca. Um projecto discográfico onde se juntam dois mundos muito diferentes: a tradição cultural judaica e a moderna música electrónica. Trabalho que por isso mesmo se destina a toda a comunidade mundial e não apenas aos aficionados das sonoridades com raízes hebraicas. Nina Stiller tem ganho vários galardões no seu país, onde se inclui o primeiro prémio da Polish Competition of Jewish, atribuído em 1999. Servindo-se de um repertório que integra canções judaicas, populares e religiosas, a cantora apresenta-se agora ao mundo com uma música dinâmica, fresca e expressiva.

Jorge Costa

1 comentário:

Alan Romero disse...

Caro Jorge Costa,
Gostaria que informasse vosso e-mail para enviar material de divulgação:
Melhores cumprimentos,
Alan Romero
alanromero@gmail.com