sábado, 15 de abril de 2006

Emissão #4 - 16 Abril 2006

ÚLTIMA HORA: Esta semana, devido a alterações extraordinárias na programação da Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), o MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO não poderá ser emitido ao sábado. Desta feita, a quarta emissão do programa irá para o ar no domingo, 16 de Abril, no horário habitual, entre as 17 e as 18 horas, repetindo na segunda-feira, 17 de Abril, entre as 19 e as 20 horas.

Estes são os novos temas difundidos neste programa:

" Gan Ionndrainn (From E to F)",
Paul Mounsey (Escócia) - folktrónica
O escocês Paul Mounsey traz-nos um tema extraído do álbum “City of Walls”, um dos quatro trabalhos que o músico editou enquanto esteve a viver no Brasil. O nome da faixa que serve de mote ao seu último disco baseou-se no livro “Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo”, de Teresa Caldeira, obra onde a escritora reflecte sobre o estado da sociedade e da democracia brasileiras. Paul Mousey pega então em amostras da música tradicional escocesa, brasileira e nativa americana, combinando-as com o som da guitarra, dos teclados, da gaita de foles e das flautas, adicionando-lhes ainda uma amostra de precursão japonesa e de sonoridades electrónicas. E apesar da sua ousadia em lidar com um espectro tão vasto de sons, culturas e instrumentos, Paul Mounsey consegue criar um universo musical único e impressionante.

"I Won't Forget My Roots Manensa Asli (Miwawa)", Souad Massi (Argélia) e Daby Touré (Mauritânia) - argelian folk, chaâbi, raï
Considerada a Tracy Chapman do Magreb, Souad Massi cruza os tormentos da música argelina com os prazeres melódicos do Ocidente. Neste tema, extraído do álbum “Mesk Elil”, editado no ano passado, a jovem surge lado a lado com Daby Touré, músico natural da Mauritânia. Na sua infância, Daby Touré divertia-se com os amigos a tocar caixas metálicas ou velhos bidões, altura em que aprenderá a tocar guitarra às escondidas do pai e se deixa impregnar pelas culturas Soninke, Toucouleur e Wolof. Em 1989, os dois mudam-se para França, onde os irmãos de Daby o convidam a juntar-se aos Touré Kunda, grupo liderado pelo pai. Desmarcando-se da música dançável do clã familiar, que mistura o jazz e as influências africanas, Daby Touré envereda por outros caminhos. O músico volta-se agora para as melodias puras e sonoridades novas, cantando em soniké, wolof ou pular. Uma forma de retratar a vida do seu povo e do mundo.

Lemen,
Cheb Khaled (Argélia) - raï, chaâbi
Cheb Khaled traz-nos o tema “Lemen”, extraído do seu sétimo e último álbum “Ya Rayi”. Neste trabalho, totalmente em árabe e o primeiro no espaço de quatro anos, Khaled surge com uma orquestração bem ao estilo pop de sucessos anteriores como “Didi”, repetindo o universo festivo e combinando as raízes do raï com o chaâbi, o folclore argelino de cariz mais político e social. O álbum apresenta ainda uma mistura de grooves à americana com ritmos orientais, juntando outros ambientes sonoros como a música árabe-andaluza, o jazz, a bossa nova e o zouk.

Kelle Magni,
Cheikh Lô (Senegal, Burkina-Faso) - afropop, mbalax
O tema foi extraído do álbum “Lamp Fall”, editado em 2005. Cheikh Lô vive em Dakar, a capital do Senegal, mas cresceu no Burkina-Faso. A sua música constrói-se a partir da pop característica daquela cidade e dos ritmos mbalax, bem ao estilo do conhecido senegalês Youssou N'Dour, com quem gravou o primeiro álbum em 1995. Cheik Lô foi membro da Orchestre Volta Jazz, a qual tocava sucessos cubanos e congoleses bem como versões pop de músicas tradicionais do Burkina Faso. Em 1978 mudava-se para o Senegal, onde começa por tocar com várias bandas. A música acústica e eléctrica de Cheik Lô, que fez dele uma estrela no Senegal e na Europa, explora ainda elementos de salsa, rumba congolesa, folk e jazz, bem como impulsos de reggae, soukous e um sabor a Brasil.

"Rodopiou",
Nazaré Pereira (Brasil) - carimbó, forró, capoeira, maracatu
Nazaré Pereira, que nos trouxe um tema extraído do álbum “Brasil Forró”, editado em 2001, canta os sons do norte e nordeste brasileiro, levando-nos pelos caminhos do forró, carimbo, xaxado, xote, arrasta-pé, frevo, coco, maracatu ou da capoeira. Nesta região, as músicas destacam-se pela sua simplicidade e pela influência de tradições portuguesas e de lendas indígenas locais misturadas com precursões africanas. Os temas da cantora e actriz, que canta também músicas de grandes autores do nordeste brasileiro, descrevem a floresta, a vida e as lendas do Xapuri do Amazonas, sua aldeia natal.

"Night Of The Living Mambo",
Mamborama, (Cuba, EUA) - mambo
Os Mamborama, que nos trouxeram o tema “Night Of The Living Mambo”, extraído do álbum do mesmo nome, são um grupo de músicos norte-americanos e cubanos que mistura ritmos modernos cubanos com jazz e influências do rithm & blues. Liderados pelo pianista Bill Wolfer, a sua música baseia-se no son cubano e na descargas, aproximando-se de estilos como o songo e a timba. Aperfeiçoado pelas bandas de dança, o mambo remonta às raízes religiosas afro-cubanas, sendo o nome originário de cultos religiosos congoleses. A palavra provém do dialecto cubano Nañigo, aparecendo na frase “Abrecuto y guiri mambo” (o que quer dizer "Abre os teus olhos e escuta"), usada na abertura dos concursos musicais em Cuba. Altamente influenciado pelas big bands, jazz e dance halls nova-iorquinos, o universo dançante do mambo tem geralmente por protagonistas um conjunto cubano, incluindo um ensemble de voz, trompete e secções de ritmo, as quais se incluem um baixo, uma conga e um pequeno tambor.

Lubenica,
Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra (Bósnia Herzegovina) - gypsy technorock
Emir Kusturica e a The No Smoking Orchestra apresentaram-nos um tema extraído do álbum “Unza Unza Time”. Nascido em Sarajevo, hoje capital da Bósnia Herzegovina, Emir Kusturica pertence a uma família bósnia muçulmana, mas de origem eslava ortodoxa. Tal como a maioria dos jugoslavos, o seu pai trocou a fé pelo comunismo. Emir, por seu lado, trocou o comunismo pelo cinema, sendo hoje mundialmente conhecido pelas curtas e longas-metragens que realizou. Em 1986, Emir Kusturica junta-se à Zabranjeno Pusenje, uma banda polémica e censurada pelas autoridades jugoslavas. Em 1994, durante o conflito no país, junta-se ao grupo o jovem Stribor, filho de Emir Kusturica. É então que o grupo se fragmenta em dois: um que mantém o nome original, e outro que adopta a designação inglesa: The No Smoking Orchestra.

Dona Tresa,
Galandum Galundaina (Portugal) - celtic folk
Os mirandeses Galandum Galundaina, que estão a celebrar o seu décimo aniversário, têm apostado na recolha e divulgação do património musical, das danças e da língua das terras de Miranda, em Trás-os-Montes. Os elementos do grupo, que nasceram nesta zona, trazem-nos melodias tradicionais, enriquecidas com timbres, ritmos e harmonias de instrumentos como a gaita-de-foles mirandesa, a flauta pastoril, a sanfona, a caixa de guerra, as conchas de Santiago ou as castanholas. Os Galandum Galundaina, que já colaboraram com músicos como o espanhol Paco Díez ou o gaiteiro escocês Malcom MacMillan, trouxeram-nos um tema extraído do álbum “Modas I Anzonas”, uma música que refere as modas vindas do continente americano para onde muitos transmontanos partiram no início do século XX em busca de uma vida melhor. Nesta faixa surgem em uníssono a gaita mirandesa e a gaita escocesa.


Uah Lúa (Folla Do Visgo), Luar Na Lubre (Espanha) - celtic folk
Os galegos Luar Na Lubre, naturais da Corunha, trazem-nos um tema extraído do seu penúltimo álbum “Hai Un Paraíso”, editado em 2004. Este grupo de música celta, com vinte anos de carreira e nove trabalhos editados, mudou por completo o panorama da música tradicional da Galiza. Isto porque defendem com unhas e dentes a cultura, tradição e música galegas, sem no entanto deixarem de assumir e integrar no seu processo criativo as influências externas, enquadradas pela fraternidade inter-céltica. Os Luar Na Lubre são uma presença constante em muitos festivais em Espanha e na Europa, dando a conhecer uma música que não pretende ser eterna, antes contemporânea.


Es Yamal, Yamal (Espanha) - hip-hop, ethnic
Com o tema extraído do seu primeiro álbum “Y El Cielo Por Encontrar”, editado em 2003, o poeta urbano Yamal traz-nos rimas frescas, sinceras e pessoais, que falam de amor, da família e do meio social. Estas surgem envoltas no universo lírico do hip-hop da capital espanhola, meio que o MC e produtor conheceu aos 12 anos, mas integram algumas surpresas como sons mediterrânicos, árabes e jamaicanos. Um ajuste perfeito entre as palavras e a música, a qual convida a dançar e ao mesmo tempo revela melancolia e tristeza, algo muito próprio das influências de Yamal.

Jorge Costa

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