"Ghole Pamtschal", Schäl Sick Brass Band (Alemanha) - brass band, jazz, folk
Os Schäl Sick Brass Band a abrirem a emissão com o tema "Ghole Pamtschal", extraído do álbum "Tschupun", editado em 1999. O grupo surgiu em Colónia, capital cultural da província da Renânia e fortaleza mediterrânica da Alemanha. Um dos muitos emigrantes e visitantes de todo o mundo que a encheram de sons coloridos foi Raimund Kroboth, que em 1977 se instalou na margem direita do Reno. No dialecto local, aquela parte da cidade é conhecida precisamente por "Schäl Sick" (lado errado). Isto porque está do lado contrário à catedral e ao centro de Colónia, e porque é um enclave protestante na católica Renânia. Partindo de uma secção de ritmo que tem por base a tuba, a cítara popular e as percussões, os Schäl Sick Brass Band utilizam o som das fanfarras da região alemã da Bavaria e da Boémia checa para explorarem com inovação e versatilidade a música de outras culturas. Eles combinam elementos de jazz com o rock, o funk, o hip-hop o rap ou a folk. Um universo sonoro influenciado pela Europa central e de Leste e pelo norte de África, onde convivem ritmos cubanos, gregos, latinos, africanos e orientais, e instrumentos de todo o mundo - tavil, kanjira, dhol, dolki, omele, sekere, gangan, thereminvox, entre muitos outros. Um ambiente festivo em que se celebra a música de todo o planeta e onde o lema é "pensar global, soprar local"..."Morning Nightcap", Lúnasa (Irlanda) - celtic
As músicas do mundo prosseguem com os Lúnasa e o tema "Morning Nightcap", extraído do álbum "The Merry Sisters of Fate", lançado em 2001. Na Irlanda, ainda hoje o mês de Agosto é conhecido por Lúnasa - o termo original era Lughnasadh -, uma alusão ao antigo festival celta outrora realizado no primeiro dia de Outono em honra do deus irlandês Lugh, patrono das artes. Este quinteto instrumental, criado em 1997, contraria a tendência de fundir a música tradicional com o rock, a pop ou a música electrónica. No enteder dos Lúnasa, a renovação da música celta passa pela tradição, embora eles não fechem portas a novas sonoridades. O grupo transporta a música acústica do seu país para novos territórios, acudindo directamente ao coração dos ritmos. Inspirados pela The Bothy Band, referência dos anos de 1970, os novos deuses da música irlandesa juntam de maneira singular o violino, a flauta, o whistle, o baixo e a guitarra acústica, explorando também as raízes bretãs e galegas. Ao baixista Trevor Hutchinson (ex-Waterboys) e ao guitarrista Paul Meehan (que veio substituir Donogh Hennessy, antigo membro da Sharon Shannon Band) juntam-se então o violinista Seán Smyth e as flautas e gaitas irlandesas de Kevin Krawford e Cillian Vallely. Graças aos seus arranjos inventivos e ao som enérgico com influências do jazz, blues, rock, country e outras formas de improviso, os Lúnasa definiram um novo standard para a música irlandesa de raízes tradicionais."Per la Boca", L'Ham de Foc (Espanha) - traditional folk
Os valencianos L’Ham de Foc (Anzol de Fogo) regressam ao programa, desta feita com “Per la Boca”, tema extraído do seu terceiro e último álbum “Cor de Porc” (Coração de Porco), editado no ano passado. Desde 1998 que os L’Ham de Foc se servem de mais de trinta instrumentos acústicos mediterrânicos – darabuka, bendir, gaitas galega e búlgara, violino, sanfona, saltério, bouzouki, alaúde e cítara são alguns deles – para criarem atmosferas intensas e mágicas. Utilizando uma orquestração tradicional, mas socorrendo-se de uma linguagem actualizada, os L’Ham de Foc entrelaçam a música medieval ocidental, do Médio Oriente ou do Mediterrâneo oriental, num universo de sons africanos, europeus e orientais, criando um conglomerado sonoro que se concentra em redor do Mediterrâneo. As percussões são a base para os textos e melodias modais tecidas pela voz de Mara Aranda, que é acompanhada por instrumentos de corda e sopro, tocados por Efrén López. Contrariando a tendência crescente da folk actual pelos ritmos electrónicos, os L’Ham de Foc confiam na simplicidade do som acústico e na pureza da música medieval. Algo que os tornou uma referência em todo o mundo no que toca à música tradicional."Khululuma", African Rhythm Travellers (África do Sul) - african dance
A viagem prossegue com os African Rhythm Travellers e o tema "Khululuma", extraído do album "Putumayo Presents African Groove", editado em 2003. Os African Rythm Travellers nasceram em Joanesburgo, na África do Sul, em 2001, fruto da colaboração entre os membros dos Colorfields, uma banda performativa da Cidade do Cabo, e os The Branch, um grupo local de afro-reggae. Eles juntam o kwaito com o funk, o reggae, a dub, a house e a música electrónica, criando uma mistura única de ritmos e melodias africanas a que chamaram de african dance. São sons tribais que se cruzam com géneros urbanos. Os African Rhythm Travellers são formados por Ben Amato (teclados, guitarra, saxofone e flauta), Eric Michot (baixo), Ash Read (tambores), Lennox Olivier (percussões), Danial "Dials" Gous (guitarra), Judah (vozes) e Kirsten Olivier (teclados), incorporando no seu repertório a sonoridade do bongo, do saxofone e mesmo da flauta. As letras são apimentadas com comentários sociais e espiritualidade rastafari. O objectivo da sua música é dar algo positivo ao mundo e abrir o seu universo musical a toda a gente, numa mensagem que apela à consciencialização."Let Them Talk", Geraldo Pino & The Heartbeats (Serra Leoa) - afro soul funk

Seguimos até à Serra Leoa com Geraldo Pino e os The Heartbeats. Eles trouxeram-nos o tema “Let Them Talk”, extraído da antologia "Afro Soco Soul Live". Um CD editado no ano passado para resgatar do desconhecimento o álbum “Heavy Heavy Heavy”, gravado entre 1962 e 1967. Cantor, guitarrista e líder dos The Heartbeats, Geraldo Pino, cujo verdadeiro nome é Gerald Pine, foi o herói do afro soul funk e um dos pioneiros da afrobeat na África Ocidental nas décadas de 60 e 70. Em 1961, com a explosão do rock'n'roll, ele e a sua banda começam por interpretar sucessos da soul e da pop inglesa e americana, tornando-se a primeira orquestra do género na região. Quatro anos depois partem para Monróvia, capital da Libéria, o primeiro país africano em se popularizaram os discos de James Brown, Ray Charles, Otis Redding e Wilson Pickett. Marcas que a banda levaria consigo nas tournées pelo Gana e Nigéria. Com a crescente influência do funk latino, a música de Gerald Pino e dos The Heartbeats africaniza-se, ganhando energia, ritmo e slogans políticos. Na sua primeira actuação em Lagos, na Nigéria, o estilo inovador de Geraldo Pino influenciou de tal forma Fela Kuti, então dedicado ao jazz e ao highlife, que este evitou actuar em locais onde ele já tivesse passado. Isto porque acreditava que nada poderia superar o James Brown africano.
"Hakmet Lakdar", Hasna El Becharia (Argélia) - gnawa music
A jornada musical prossegue com Hasna El Becharia e o tema “Hakmet Lakdar”, extraído do álbum “Djazaïr Johara”, editado em 2001. Os ritmos e melodias dos escravos negros africanos e dos imigrantes e seus descendentes são parte da cultura musical do norte de África. Uma herança que em Marrocos tem o nome de gnawa, e na Argélia é chamada de diwan de Bechar. É precisamente em Bechar, cidade situada no sul da Argélia, junto ao deserto do Sáara, que vive Hasna El Becharia, a rainha do diwan e da vibrante música de casamentos. Em 1972 ela formou um grupo com três amigos, começando por tocar na guitarra acústica os ritmos tradicionais do deserto. O sucesso nas festas não se faz esperar, e para se destacar das vozes do público, que cantava em coro as suas canções, Hasna El Becharia decide enveredar pela guitarra eléctrica. A fama estende-se então a todo o sul da Argélia. Apesar de dominar a utilização de instrumentos afro-magrebinos como o gumbri (baixo de três cordas do Sáara) ou a krakesh (espécie de castanholas de metal), e de tocar também oud, derbouka, bendir e banjo, a guitarra é a sua vida. Em mais de cinquenta anos de carreira, Hasna El Becharia gravou apenas um trabalho. Tudo porque os produtores argelinos nunca lhe inspiraram confiança. Neste disco, em que participam músicos da Argélia, Marrocos, Tunísia e Níger, Hasna El Becharia explora o som das guitarras e dos timbres vocais, deixando transparecer o seu profundo sentido de improviso e composição."Sahra Saidi", Gamal Goma (Egipto) - bellydance
O percusionista Gamal Goma traz-nos o tema “Sahra Saidi”, extraído do álbum “Shake Me Ya Gamal”, lançado em 2003. Gamal Goma nasceu em Giza, no Egipto, e graduou-se na Academia de Música do Cairo, acumulando duas décadas de experiência com os mais famosos ensembles do Médio Oriente e América. Na capa deste disco, uma colecção de solos de percussão, cada um baseado num ritmo particular – saidi, malfoof, maqsum, ayyoub, khaliji ou fallahi –, ele surge ao lado da dançarina Fifi Abdou. Especialista na tabla (tambor indiano), Gamal Goma toca também doholla (tabla grave), mazhar (pandeireta gigante), riqq (pandeireta árabe), sagat (timbales de dedo) e dufs (espécie de pandeireta). Neste trabalho podemos conhecer algumas composições para raqs sharki, termo árabe para dança do ventre, e que traduzido literalmente equivale a “dança do Oriente”. Um género enraizado numa dança levada a cabo em celebrações comunitárias e dançada por todos os membros da comunidade. Com o crescimento do Islão veio a segregação entre homens e mulheres, mas no século XX o desenvolvimento dos media precipitou a sua dissolução. Com a introdução da dança do ventre nos Estados Unidos pelo vaudeville e pelos espectáculos burlescos, esta popularizou-se em todo o mundo. Se no Egipto e Líbano a dança do ventre é acompanhada pelo oud (alaúde), a kanoun (cítara arménia), o kaman (violino árabe), a nay (flauta egípcia de bambu), o rabab (cordofone de arco, principal instrumento da música afegã), o mizmar (clarinete árabe), o dumbek (tambor egípcio), a tabla ou a riqq, nas danças turcas têm lugar o saz (instrumento de cordas), o azoukie (alaúde comprido), a kanoun, o dumbek e a zurna (flauta de montanha)."Min Man", Garmarna (Suécia) - folk-rock
Os suecos Garmarna trazem-nos o tema "Min Man" (O Meu Marido), extraído do álbum “Live”, editado em 2002. Esta banda de rock, formada em 1990, canta velhas lendas da música tradicional do seu país, falando de bruxas más, madrastas tenebrosas e de princesas indefesas. Convém explicar que na mitologia sueca os Garmarna eram os cães que guardavam a porta do inferno. Uma imagem metafórica que se transpõe facilmente para os cenários sonoros criados por este quinteto, que oscila entre as estéticas anglo-saxónicas e os ambientes da música tradicional sueca. No entanto, os Garmarna não fazem questão de perpetuar tradições. O que eles querem é tocar com a vontade do momento, com tudo o que isso tenha de eterno ou de efémero. Um som único, influenciado pelo rock, e que remistura a instrumentação antiga com amostras de batidas, harpas, violinos e guitarras distorcidas."Lovelight", Stereo Action Unlimited (França, Suiça) -
acid jazz, latin loungeA fechar a emissão os Stereo Action Unlimited com o tema "Lovelight", extraído do LP do mesmo nome e parteintegrante da colectânea"Paris Lounge", lançada em 2001. Os Stereo Action Unlimited são formados pelo francês Philippe Cohen Solal e pelo suíço Christophe Müeller, uma dupla que partilha outras experiências musicais como os The Boyz From Brazil, ligada às pistas de dança, e a mais popular delas todas, os Gotan Project, a qual envolve também o guitarrista Eduardo Makaroff e cria uma síntese entre o tango e a música electrónica. Desde 1997 que estes escultores do vinil e artesãos dos sons trabalham conjuntamente em projectos que combinam música e imagem, explorando paixões como a música sul-americana e os novos territórios electrónicos.
Jorge Costa


As músicas do mundo prosseguem com os Gaiteiros de Lisboa, que nos trazem “Sátiro”, tema que dá nome ao seu último álbum, editado em Junho. Cada vez mais voltados para o Mediterrâneo, neste seu quarto trabalho de originais os Gaiteiros de Lisboa abarcam desde os sons de Trás-os-Montes às polifonias alentejanas, passando pelo fado. Nele são convidados Mafalda Arnauth e o violinista Manuel Rocha, da Brigada Vítor Jara. Desde 1991 que os Gaiteiros de Lisboa criam de forma inovadora música tradicional portuguesa, baseando-se nas tradições vocais, nos ritmos do tambor e na sonoridade das gaitas e flautas, que dão à sua música um ar medieval. O experimentalismo deste grupo, que utiliza ainda a sanfona, a trompa, a tarota (oboé catalão) e o clarinete, leva-o a reinventar ou criar instrumentos como os “túbaros de Orpheu” (aerofone múltiplo de palhetas simples), a “cabeçadecompressorofone” (aerofone de percussão) ou o “clarinete acabaçado” (aerofone de palheta simples). Neste trabalho juntam-se-lhes ainda os cordofones, os flautões (aerofones de arestas) e o sanfonocello (sanfona baixo). Um ambiente de festa, recheado de sons desconhecidos e de percussões populares.
Seguem-se os The Soul Brothers e o tema “Thandaza”, extraído do álbum “Amanikiniki”, lançado em 1999. Grupo que é o exemplo supremo das típicas harmonias mbaqanga, próximas do gospel, que durante três décadas dominaram a música urbana sul-africana. Na luta dos jovens africanos contra o Apartheid, a pop tradicional e o mbaqanga deram espaço à música modelada pela soul americana e mais tarde pela disco. O som dos Soul Brothers, banda que melhor encarnou o conceito da soul sul-africana, cativou sobretudo os trabalhadores que então foram obrigados a deixar o campo para procurar trabalho na cidade. Desde a sua formação, em 1974, que eles já gravaram mais de trinta álbuns. A banda foi construída com o baixista Zenzele "Zakes" Mchunu, o percusionista David Masondo e o guitarrista Tuza Mthethwa, que tocaram pela primeira vez juntos nos Groovy Boys em Kwazulu Natal, e mais tarde nos Young Brothers. Em Joanesburgo junta-se-lhes o teclista Moses Ngwenya, enquanto que David Masondo troca as percussões pela voz, surgindo então os Soul Brothers. Da formação original restam apenas Masondo e Ngwenya. Hoje são cinco cantores e três saxofones liderados por Thomas Phale, sendo os Soul Brothers a única banda jive que sobreviveu ao nascimento da disco, a antiga bubblegum que hoje se designa por música kwaito.
A jornada musical prossegue com Mercan Dede, um dos mais importantes artistas turcos, e o tema “Huo”, extraído do álbum “Nefes”, editado em Junho. Radicado em Montreal, no Canadá, Mercan Dede mistura a música tradicional com batidas electrónicas. Ele desenvolve duas carreiras paralelas: como Arkin Allen é um DJ especializado em hard techno; como Mercan Dede mistura a tradição do sufismo com estilos contemporâneos. Com o seu ensemble de músicos turcos e canadianos, fundado em 1998 e formado pelos músicos Mohammad, Farokh Shams e Ben Grossman e pela dançarina Isaiah Sala, Mercan Dede funde as tradições espirituais da música sufi com sons actuais, criando uma mistura única entre o Oriente e o Ocidente. Nas suas actuações, ele utiliza instrumentos de origem turca como a ney (flauta de cana) e a kanun (cítara), e mistura as percussões do Médio Oriente com sons electrónicos, tudo isso enquanto que um dervish dança em palco. No álbum “Nefes” (Respiração), o terceiro de uma série de quatro que começou com Nar (Fogo) e continuou com Su (Água), Mercan Dede cria uma fusão que captura a magia do Oriente, os elementos místicos, a instrumentação tradicional e os sons electrónicos.
Smadar Levi traz-nos “Ghali Ya Bouy”, tema extraído do álbum “Smadar”, editado em 2004. Uma visão diferente da raqs sharki, tradução literal do termo árabe para dança do ventre, que quer dizer “dança do Oriente”. Um género que se popularizou em todo o mundo depois da sua introdução nos Estados Unidos pelas mãos do vaudeville e dos espectáculos burlescos. Filha de pais marroquinos, Smadar Levi cresceu em Israel a ouvir música egípcia e tunisina. A sua música, que combina temas originais e tradicionais, reflecte a diversidade do povo judaico, incorporando tradições israelitas, espanholas, africanas e gregas. Ela canta em hebreu, árabe, grego e ladino, a língua medieval dos judeus em Espanha. Entretanto, depois de ter tocado com músicos ciganos na Roménia, Espanha e Turquia, ela decidiu também misturar a sua música com sons ciganos. Foi em 2000, depois de se ter mudado para os Estados Unidos, que Smadar Levi conheceu o cantor e violinista marroquino Rashid Halihal, com quem formaria um trio. Quatro anos depois formava a sua própria banda, juntando músicos de Israel, Líbano, Turquia, Marrocos e Palestina. Actualmente, Smadar Levi vive em Nova Iorque, onde trabalha com músicos como Uri Sharlin, Emmanuel Mann, um dos melhores baixistas israelitas, e o português Pedro da Silva, que a acompanha com a cítara e a guitarra clássica.
A jornada prossegue com Trilok Gurtu e “The Beat of Love”, tema extraído do álbum do mesmo nome, editado em 2001. Gurtu, cujo avô era um conhecido tocador de cítara e a mãe uma estrela do canto clássico, tornou-se conhecido como membro dos Oregon, uma banda de fusão world/jazz. Cinco vezes eleito o melhor percussionista do planeta pela revista “Downbeat”, título ganho pela ponte que criou entre a música do Oriente e Ocidente, Trilok Gurtu mistura ritmos indianos, executados com a tabla, com elementos do jazz, da música de dança, do rock, da música clássica e da música étnica de todo o planeta. Este ano, ele regressou à tradição indiana, apoiado pelos cantores Rajan e Sajan Misra, e apresentando o khylal, espécie de cântico hipnótico. O virtuosismo deste indiano, natural de Bombaim, transformou-o num dos grandes vultos do post-jazz, do jazz de fusão e do avant-garde. Ele tem colaborado com génios da música como Jan Garbarek, Ravi Shankar ou David Gilmour, destacando-se na comunidade jazzística por surgir ao lado de nomes como Don Cherry, John McLaughlin, Joe Zawinul ou Pat Metheny.
french pop, rock
O finlandês Kimmo Pohjonen a abrir a emissão com o tema “Keko”, extraído do álbum “Kluster”, editado em 2002. Com uma carreira de vinte anos, repartida entre a folk, a música clássica e o rock, Kimmo Pohjonen mistura de forma única o acordeão com amostras de som e percussões, levando-o para universos como a dança contemporânea ou o teatro musical. Pohjonen, que nasceu na aldeia de Viiala, começou a tocar acordeão aos oito anos por influência do pai. Na Academia Sibelius, em Helsínquia, foi encorajado a absorver a folk e a misturá-la com outros estilos. Para expandir a sonoridade do fole diatónico, em 1996 Kimmo apresentou-se em palco com um acordeão cromático e com composições originais que integravam samples e loops do islandês Samuli Kosminen, com quem formou o duo Kluster. Mais tarde, a eles juntaram-se Pat Mastrelotto e Trey Jun, dando lugar ao quarteto Kluster TU. Entretanto, Pohjonen tem vindo a colaborar com músicos finlandeses como Heikki Leitinen, Maria Kalaniemi, Pinnin Pojat, Alanko Saatio ou Arto Järvellä. Os sons que este extrai do acordeão, a sua voz, misturam harmonia e ruído. Actualmente mais voltado para o formato acústico, Kimmo Pohjonen mantém no entanto como base as raízes e os cantos populares da Finlândia. Tradição e improviso estão assim unidos, numa busca de novos sons através da música experimental e electrónica.
As músicas do mundo prosseguem com Jacques Pellen, um dos melhores guitarristas bretões e um talentoso músico de jazz, e o colectivo Celtic Procession. Eles trazem-nos o tema “Feunteun Wenn”, extraído do álbum “Celtic Procession Live – Les Tombées de la Nuit”. Um trabalho gravado em Rennes por doze músicos a propósito do décimo aniversário daquela big band de geometria variável, criada em 1988. Um colectivo que reúne uma dezena de músicos tradicionais bretões e de jazz com a mesma paixão de Jacques Pellen pelo improviso. Com referências tão diferentes quanto o pianista de jazz Keith Jarrett, o compositor clássico Schönberg ou o o guitarrista bretão Dan Ar Braz, eles tentam misturar o jazz com temas e instrumentações de inspiração celta bretã, adicionando-lhes mesmo o rock e sons africanos.
A viagem prossegue com Malek Ridzuan e o tema “Andainya Kau Sudi”, extraído do álbum “10 Best of The Best”. Veterano da actual cena musical malaia, Malek Ridzuan canta uma mistura de pop e melodias tradicionais da Malásia, tendo na década de 80 enveredado pelo asli, um conhecido género de dança. Um país asiático onde se combinam as influências das vizinhas Indonésia e Tailândia e também do Ocidente, criando uma mistura de culturas e estilos musicais. A existência de quatro grandes etnias na Malásia – malaia, árabe, indiana, chinesa e ocidental – fez igualmente com que a música local se diversificasse em géneros tradicionais e modernos, servindo estes de caminho a muita da pop e música comercial daquele país. Do ghazal (“poema de amor” em árabe) tocado nos casamentos, ao masri, ritmo do Médio Oriente, passando pelos cinco tipos de ritmo de dança: tarian melayu, asli, inang, joget e zapin. Uma mistura incrementada com a chegada a Malaca dos portugueses no início do século XVI, que para aí levaram o violino, o acordeão e a rebana (um membrafone cónico de grandes dimensões), e com a colonização britânica no final do século XIX. Por volta de 1920 aparece então a bangsawan (ópera malaia), cujos músicos começam a modernizar os estilos tradicionais de dança da Malásia.
Atrás no programa Djamo com “Purin Dnigun”, tema extraído do álbum “Chants Tziganes Métissés”. Um ensemble françês que tem como repertório principal os cantos e a música cigana mestiça. Este jovem grupo originário da região de Poitou-Charentes, localizada no centro-oeste de França, leva-nos à descoberta das músicas ciganas e magrebinas. Neste álbum, eles são acompanhados por outros embaixadores dos sons mestiços, entre eles os Dikès e os Opa Tsupa, quinteto acústico que cruza igualmente diferentes influências como o gypsy swing, o jazz, a musette, o rock, o funk, a bossa nova e a chanson française.
A jornada prossegue com Tiken Jah Fakoly e o tema “Sauver”, extraído do seu sétimo álbum “Coup de Gueule”, lançado em 2004. Um disco em que Tiken Jah Fakoly segue os caminhos do reggae africano de Alpha Blondy, fazendo uma ponte com a Jamaica, e mergulhando na tradição mandingo sem no entanto deixar de permanecer ligado ao urbano. De etnia malinké, Fakoly é descendente do chefe guerreiro Fakoly Koumba Fakoly Daaba e membro de uma família de griots, tradicionalmente vistos como os depositários da tradição oral de uma família, povo ou país. Neste álbum, o porta-voz da jovem geração da Costa do Marfim, exilado entre Bamako e Paris, ataca os regimes de alguns presidentes africanos, denunciando a injustiça, a corrupção e as desigualidades que todavia subsistem no continente, bem como a hipocrisia das religiões monoteístas. Fakoly apresenta temas em francês e em dioula, a língua da sua etnia e que é falada no norte da Costa do Marfim, na Guiné-Conacri, no Mali e no Burkina-Faso. Um trabalho de novo realizado por Tyrone Downie, e que conta com os ritmos de Sly Dunbar e Robbie Shakespeare, que nos trazem os inconfundíveis sons do balafon, da kora e do ngoni. Outros artistas do mundo ajudam o rebelde tranquilo a alargar a sua música a outros horizontes. Entre eles estão Didier Awadi, dos Positive Black Soul e um dos fundadores do hip-hop senegalês, e os irmãos Amokrane de Zebda e Magyd Cherfi.
soul jazz, afro-pop

