quarta-feira, 23 de maio de 2007

FMM de Sines apresenta cartaz para 2007

Entre 20 e 28 de Julho, em Sines e Porto Covo, a nona edição do Festival Músicas do Mundo promove no litoral alentejano mais de três dezenas de concertos com artistas dos cinco continentes

Eleitos na última edição dos mais prestigiados prémios de world music - os BBC Radio 3 World Music Awards - como melhor grupo das Américas, melhor artista africano e revelação de 2006, Gogol Bordello (EUA/Ucrânia), Mahmoud Ahmed (Etiópia) e K’Naan (Somália) são três dos grandes destaques do programa da nona edição do
Festival Músicas do Mundo de Sines (FMM), uma organização da autarquia local, e que se realiza entre 20 e 28 de Julho.

Bellowhead, o mais importante grupo da folk britânica do séc. XXI, Rachid Taha, uma das maiores figuras da música com raízes no Magrebe, e Darko Rundek, o grande cantautor croata, são outros três espectáculos em evidência entre os 32 programados para o mais extenso cartaz de sempre do maior festival português deste género, repartido por quatro palcos, um na aldeia de Porto Covo (junto ao Porto de Pesca) e três na cidade de Sines (Castelo, Avenida da Praia e Centro de Artes).

SEXTA, 20 DE JULHO
O festival abre sexta-feira, dia 20 de Julho, às 21h30, em Porto Covo, com um dos mais interessantes projectos do folclore português. Partindo da música, dança e língua das terras de Miranda, os Galandum Galundaina prometem um espectáculo divertido e fiel à tradição. Darko Rundek é o grande cantor e compositor da Croácia. No segundo concerto do dia, às 23h00, apresenta-se com os oito instrumentistas da Cargo Orkestar uma música doce e miscigenada, em canções que tratam as viagens e a solidão no mundo globalizado. Às 00h30, uma das revelações da world music em 2006. Etran Finatawa reúne músicos de dois povos nómadas do Níger, tuaregues e “wodaabe”, para um concerto em que vozes, guitarra eléctricas e percussões se unem para cantar a vida na savana.

SÁBADO, 21 DE JULHO
No segundo dia de música em Porto Covo, Às 21h30, o americano Don Byron, um dos mais importantes clarinetistas do jazz do mundo, leva a Porto Covo o disco de 2006 “Do The Boomerang”, onde visita a música de Junior Walker, pioneiro da soul dos anos 60. Às 23h00, a música sempre surpreendente do Mali, com a cantora mandinga Mamani Keita, uma das melhores vozes africanas actuais, apoiada pelo guitarrista francês Nicolas Repac. O Leste contemporâneo fecha a noite, às 00h30. Eleitos melhor nova banda da Rússia em 2002, os Deti Picasso fundem melodias de canções tradicionais da Arménia com rock russo.

DOMINGO, 22 DE JULHO
O último dia do festival na aldeia retoma a Europa Oriental. Entre os grupos mais interessantes do jazz centro-europeu, os húngaros Djabe abrem a noite, às 21h30, com o seu encontro de música improvisada, tradição popular húngara, ritmos de todo o mundo e referências do rock progressivo. Às 23h00, um espectáculo em estreia mundial. Karl Seglem é um dos melhores saxofonistas noruegueses. Rão Kyao foi o músico que levou o saxofone ao fado e trouxe a flauta oriental à música portuguesa. Juntam-se, pela primeira vez, no FMM 2007. A música termina com o escaldante “Ska dos Cárpatos” dos ucranianos Haydamaky. Às 00h30, um cruzamento de reggae, punk e música tradicional vai pôr o público a dançar.

SEGUNDA, 23 DE JULHO
Segunda-feira, o festival transita para Sines. Marcel Kanche e Ttukunak preenchem a primeira noite, às 21h30, no Auditório do Centro de Artes de Sines.O cantautor Marcel Kanche é uma figura especial da música de França. Entre a chanson française, o jazz e o rock experimental, tem recebido elogios entusiásticos da imprensa do seu país e internacional. Ttukunak são duas irmãs gémeas do País Basco exímias tocadoras da txalaparta, instrumento de percussão com uma história de dois mil anos e que tratam de uma forma elegante, vigorosa, tradicional e inovadora. Às 23h00.

TERÇA, 24 DE JULHO
Dia 24, ainda no Auditório do Centro de Artes, seguem-se Lula Pena e o Jacky Molard Acoustic Quartet. Com uma carreira quase toda feita fora do nosso país, Lula Pena é uma das mais intensas e misteriosas artistas portuguesas. Entre o fado e a pop, entre a música brasileira e a música árabe, ouve-se, a partir das 21h30, a alma universal de uma cantora de voz única. O violinista Jacky Molard é uma instituição musical da Bretanha. Regressa a Sines em 2007, pela primeira vez num grupo com o seu nome, onde aproxima a música bretã da música irlandesa, do jazz manouche e de sons orientais. Às 23h00.

QUARTA, 25 DE JULHO
Dia 25, a música arranca no Castelo, e, este ano, um dia mais cedo, logo na quarta-feira. O maior percussionista do mundo, o indiano Trilok Gurtu, é o primeiro a subir ao palco, às 21h30, com o quarteto de cordas italiano Arkè String Quartet e a cantora Reena Bhardwaj. Uma fusão indo-mediterrânica, com o lirismo das cordas e o fogo das percussões. Eleitos melhor grupo e espectáculo nos Folk Awards da BBC Radio 2, os Bellowhead são a maior revelação da folk britânica no século XXI, responsáveis por uma riqueza tímbrica e harmónica nunca antes ouvida na música tradicional inglesa. Às 23h00. O último concerto do dia no Castelo (00h30) à mailana Omou Sangaré. Aquela que uma das maiores divas da música africana cruza os ritmos “wassoulou” com funk, rhythm n’ blues e afrobeat, géneros pontuados pela nostalgia de um violino e pelo fumo do seu timbre excepcional. Na Avenida da Praia, às 2h30, uma nova visão da tradição musical do mais antigo povo do Japão. A Oki Dub Ainu Band cruza a tradição acústica Ainu, o dub-reggae, a electrónica e a música afro-americana num som de dança completamente inesperado.

QUINTA, 26 DE JULHO
É na praia que começa a música, quinta-feira, 26 de Julho. Harry Manx, britânico radicado no Canadá, é um bluesman singular. Com o seu instrumento híbrido de guitarra e setar, a música que faz é um encontro entre a canção americana e as texturas musicais da Índia. Às 19h30. Já no Castelo, lugar ao contrabaixista português Carlos Bica, um dos melhores músicos de jazz da Europa. Acompanhado pelos americanos Frank Möbius e Jim Black e pelo DJ alemão Ill Vibe, apresenta-se às 21h30 com o seu projecto mais emblemático, “Azul”. Oriundos de um raro matriarcado da África de influência árabe, os malianos Tartit são um dos mais comoventes grupos em actividade. Juntando homens e mulheres, canto e dança, eléctrico e acústico, os seus blues do deserto são absolutamente a não perder, às 23h00. A fechar o Castelo, às 00h30, um mito. Melhor artista africano de 2006, eleito pela BBC, o etíope Mahmoud Ahmed é um dos mais extraordinários cantores do mundo. Os ritmos circulares da tradição etíope, pop e jazz, num dos concertos mais esperados do FMM. A noite de quinta acaba, às 2h30, na Av. Praia. Considerado um dos cantores com mais soul do reggae actual, o britânico Bitty McLean actua no FMM com a secção rítmica mais importante da história do género, Sly & Robbie, os génios jamaicanos do drum n’ bass.

SEXTA, 27 DE JULHO
Sexta-feira, 27, a Oceania estreia-se no festival. O pianista neo-zelandês Aron Ottignon está em Sines com o grupo Aronas para um concerto de jazz com um caldeirão de influências, entre elas os ritmos das ilhas da Polinésia. A ouvir na praia, às 19h30. No Castelo, há Brasil, Estados Unidos e Argélia. Com pouco mais de 30 anos, Hamilton de Holanda foi considerado pelo mestre Hermeto Pascoal “o maior bandolinista do mundo”. Animal de palco, toca de forma vertiginosa um repertório de música popular, erudita e jazz. Às 21h30, com o seu quinteto. Às 23h00, o mais famoso quarteto de saxofones do mundo, o World Saxophone Quartet, regressa a Sines com “Political Blues”, jazz condimentado de blues e muito funk, com letras que criticam o clima político actual dos Estados Unidos. Às 00h30, Rachid Taha. Porta-voz de uma geração de músicos árabes a viver na Europa, este cantor argelino cruza ritmos do Norte de África, música de dança e atitude punk para criticar as hipocrisias dos dois lados do Mediterrâneo. Na praia, a partir das 2h30, uma big band empenhada em encontrar novos caminhos para a música tradicional italiana. La Etruria Criminale Banda une, sem chocar, estilos tão diferentes quanto a tarantela, música de circo, tango, ska e swing.

SÁBADO, 28 DE JULHO
O último dia de música tem a Bretanha como ponto de partida. Liderada por Erik Marchand, a orquestra Norkst parte em busca da recuperação da riqueza modal da música bretã, reencontrando parentescos com o Oriente e os Balcãs. Na Av. Praia, às 19h30. Às 21h30, já no Castelo, uma cantora desconcertante, Erika Stucky. Tradição suíça, rock, pop alternativa e jazz vanguardista desaguam num imaginário muito pessoal. Acompanha-a para a estreia em Portugal o grupo Roots of Communication. Eleito pela BBC Radio 3 revelação das músicas do mundo de 2006, o rapper somali K’Naan volta a Sines para a entrada decisiva do género no coração histórico do festival, o Castelo. Hip-hop com sabor acústico e africano, num concerto fundamental, a ouvir, às 23h00. Também premiado pela BBC, neste caso como melhor grupo das Américas, os Gogol Bordello estreiam-se em Portugal para um espectáculo efervescente. Entre os Estados Unidos e a Ucrânia, o festival encerra no Castelo, às 00h30, com punk cigano e fogo-de-artifício. Mais uma estreia absoluta no nosso país. Para gastar as últimas energias, às 02h30, uma descida à praia, para ouvir e dançar com um dos grupos mais originais do momento. Partindo de referências da pop alemã e japonesa, Señor Coconut and His Orchestra feat. Argenis Brito constrói com arranjos latinos um espectáculo contagiante.

INICIATIVAS PARALELAS
Além da programação musical, o FMM prolonga-se num conjunto de iniciativas paralelas. No Centro de Artes, dia 1 de Julho, é inaugurada a exposição “N’Gola”, do fotógrafo angolano Kiluanji, patente até 30 de Setembro. Também no Centro, tem lugar um ciclo de cinema com o tema “Música e Trabalho”, um conjunto de conversas com artistas do festival e workshops para os mais novos. Depois dos concertos nocturnos no palco da Avenida da Praia, a música continua, até ao sol nascer, em quatro sessões de DJ.

Sem comentários: