"Indá Pastores", Fadomorse (Portugal) - folk, world fusion

"Lagos Sisi", Bola Johnson (Nigéria) - highlife, afrofunk, pajoka

"Leroy", Tweak (Suiça) & Tony Allen (Nigéria) - afrobeat, afrofunk, electronica

"Assouf", Tinariwen (Mali) - touareg music, rock, blues
Os Etran Finatawa regressam ao programa com "Ganyo Maada" (Inveja), parte integrante do seu segundo trabalho “Desert Crossroads”, editado este ano. Em 2004, seis músicos wodaabes e quatro tuaregues, unidos pelo gosto pela música e pelo desejo de paz entre todas as etnias que vivem ou viajam pelo Níger, na fronteira com o Mali, juntaram-se e formaram este grupo. Eles são dois dos lendários grupos étnicos nómadas que vivem na savana do Sahel, no sul do Sáara. Durante milhares de anos, a região foi um ponto de passagem entre os árabes do norte de África e as culturas subsarianas. Enquanto que os wodaabe, de etnia fulani, são conhecidos pelos seus rebanhos e gado, os tuaregues, berberes que falam tamashek, são famosos criadores de camelos. Mesmo tendo culturas e línguas muito distintas, os elementos dos Etran Finatawa (As Estrelas da Tradição) ultrapassaram as fronteiras étnicas e o racismo, trabalhando juntos para construírem um futuro melhor para os seus povos. Eles combinam instrumentos tradicionais e canções polifónicas com arranjos modernos e guitarras eléctricas. O resultado é um cruzamento entre o blues, o rock e o funk, mistura melódica onde se destacam as vozes nostálgicas que descrevem as suas raízes culturais e uma forma de vida cada vez mais relegada para o passado.
"Kamloreja", Esma Redzepova (Macedónia) - gypsy music
Segue-se Esma Redzepova com “Kamloreja”, tema extraído do álbum “Čhaje Šhukarije”, editado em 2001. Trabalho produzido pelo trompetista klezmer Frank London, e que juntou músicos de todo o mundo. Esma nasceu em 1943 numa pequena povoação perto de Skopje, a capital da Macedónia, precisamente a cidade onde Emir Kusturica rodou “O Tempo dos Ciganos”. Na escola, aos 14 anos, a cantautora foi convidada a cantar num concurso da Radio Skopje. Concerto onde conquistou o primeiro lugar e a atenção do músico e futuro marido Stevo Teodosievski. Esma começa então uma tournée com o seu ensemble musical. Num festival no norte da Índia é baptizada como “Rainha dos Ciganos”, alcançando a partir daí grande popularidade. As suas canções, semelhantes às melodias típicas dos Balcãs, são a expressão musical do seu amor pela Macedónia. Uma voz vibrante a que se juntam o violino, o clarinete e o acordeão, sem esquecer as influências da Índia, Pérsia e Espanha, num ambiente alegre e sensual. A diva dos Balcãs tem actuado nos palcos mais importantes do mundo, sendo hoje a grande embaixadora da cultura cigana da Macedónia. Até agora já foram mais de oito mil concertos e 500 canções, o que inclui 108 singles, 20 álbuns e 6 filmes. Nomeada por duas vezes para o prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho humanitário, ela e o seu falecido marido adoptaram 47 dos rapazes órfãos que encontraram nas suas viagens, treinando-os para serem músicos.

"Alili", Fanfare Ciocărlia (Roménia) – gypsy brass band, balkan music
A Fanfare Ciocărlia (“laverca”, em romeno) traz-nos “Alili”, tema retirado do álbum “Gili Garabdi – Ancient Secrets of Gypsy Brass”, lançado em 2005. Esta orquestra de metais, fundada pelo clarinetista Ioan Ivancea (já falecido), é célebre pelo improviso e pela interpretação acelerada de solos de clarinete, saxofone e trompete, por vezes com mais de 200 batidas por minuto. Eles começaram por tocar em cerimónias populares, até que o produtor discográfico e engenheiro de som alemão Henry Ernst (seu actual manager) os descobriu em 1996. Oriundos da aldeia de Zece Prăjini (“Dez Campos”), no nordeste da Roménia, junto à fronteira com a Moldávia, os demónios acelerados do gypsy brass cruzam a tradição balcânica com influências globais, adaptadas ao seu estilo enérgico e festivo. Danças tradicionais romenas e moldavas como a sîrba (“dança” em romeno), a hora (dança de círculo) ou a geamparale (popular dança da região de Dobrogea, caracterizada por ritmos balcânicos e turcos), bem como os ritmos turcos, húngaros, búlgaros, sérvios e macedónios são apresentados ao som de instrumentos de sopro (trompa, tuba, trompete, clarinete, requinta, saxofone e corneta) e percussão (tímpano e bombo, tarola e bongo). Juntam-se-lhes histórias sobre a vida, cantadas em romeno ou em romani (dialecto cigano). O grupo tem colaborado com expoentes máximos da música cigana como a macedónia Esma Redzepova, o sérvio Šaban Bajramović, estrelas da pop romena e búlgara como Dan Armeanca e Jony Iliev, bem como Florentina Sandu (Roménia), Mitsou (Hungria), Ljiljana Butler (Bósnia), Kal (Sérvia) ou os Kaloome (França).
"Viatjar Per La Ment", Nour (Espanha) - raï, rock, funk, reggae
Despedimo-nos com os Nour (“luz”, em árabe), que desta feita nos trazem o tema “Viatjar Per La Ment” (Viajar Pela Mente), retirado do seu primeiro disco “Papier Mullat” (Papel Molhado), lançado em 2007. Um papel que se converte numa enorme bola de fogo, alimentada por uma fusão de estilos de que resulta uma música para todos os sentidos. A electrónica combina-se então com sonoridades como o reggae, o rock, o funk, o hip-hop, o ska ou o raï, revestidos com letras em catalão, castelhano, francês e árabe. Os Nour foram criados pelo berbere catalão Yacine Belahcene Benet, vocalista dos Cheb Balowski, fazendo parte do grupo Marc Llobera (samplers e teclados), Pablo Potenzoni (bateria), Francisco Guisado “El Rubio” (guitarra), Olalla Castro (voz) e Manolo López (baixo). Produzido por Yacine e Rubio com Pau Guillamet (Guillamino), o primeiro trabalho da banda reflecte sobre a necessidade de ir mais além das palavras, denunciando assim as hipocrisias da sociedade moderna. Uma crítica sonora à intolerância e à desigualdade em que colaboram, entre outros, Joan Garriga (dos La Troba Kung-Fú), Lautaro Rosas (Machalah), Massa Kobayashi (Kultur Shock), Mohamed Souleimane (Orquestra Árabe de Barcelona) ou Pau Llong y Rodrigo (At Versaris).
Jorge Costa

"Viatjar Per La Ment", Nour (Espanha) - raï, rock, funk, reggae

Jorge Costa