quinta-feira, 12 de junho de 2008

Emissão #67 - 14 Junho 2008

A 67ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 14 de Junho, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 18 de Junho, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (5 e 9 de Julho) nos horários atrás indicados.

"Oriente Ocidental", Fadomorse (Portugal) - folk, world fusion
Os Fadomorse a abrirem de novo mais uma emissão, desta feita com “Oriente Ocidental”, tema que faz parte do seu terceiro álbum de originais “Folklore Hardcore”, editado este ano. A banda transmontana, criada em 2000 na cidade de Mirandela, explora os timbres dos instrumentos tradicionais (acordeão, flauta transversal, gaita de foles, cavaquinho, viola braguesa ou guitarra portuguesa) e a riqueza harmónica e melódica do cancioneiro nacional, acrescentando-lhes no entanto novas tendências e sonoridades. Sons que o grupo de sete elementos descreve como sendo uma fusão da raiz popular portuguesa com a melhor música do mundo, mas que não estão necessariamente associados a estilos ou géneros específicos. Influenciados por nomes como Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Gentle Giant, Frank Zappa ou Mr Bungle, os Fadomorse apresentam um conjunto ritmado de inéditos e arranjos, cantados nos vários sotaques do país, da Madeira aos Açores, sem esquecer o Alentejo. Aventuras sonoras onde eles têm contado com as colaborações de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta), Abel Beja (Primitive Reason) ou Peixe (Pluto). A 5 e 11 de Julho, os Fadomorse vão estar no Rainforest Festival, em Sarawak, na Malásia. No dia 19 rumam até ao Festival da Serra da Estrela, em Valhelhas, e a 25 de Julho eles vão estar no Raízes do Atlântico, no Funchal. Finalmente, a 14 de Agosto os Fadomorse tocam nas festas da cidade, em Santa Comba Dão.

"Abaixo Esta Serra", Mandrágora (Portugal) - folk, jazz, rock
As músicas do mundo prosseguem com com os Mandrágora e o tema "Abaixo Esta Serra", extraído seu segundo álbum “Escarpa”, lançado no mês de Maio. Trabalho onde participam Simone Bottaso (acordeão diatónico), Matteo Dorigo (sanfona), Francisco Madeira (voz e guitarra) e Helena Silva (voz). Depois de explorarem as raízes da folk através das flautas e gaitas-de-foles, neste seu novo disco os Mandrágora (segundo a crença popular, a Mandrágora, uma planta afrodisíaca com uma raiz de odor forte e forma humana, grita quando é arrancada da terra) seguem um caminho mais urbano, adicionando-lhe amostras de jazz e rock. São músicas rápidas, recheadas de improviso e percussão, a que se juntam os arranjos de guitarra, baixo e saxofone, e instrumentos de arco como o violoncelo, a moraharpa e a sua predecessora nyckelharpa, ambas referências tradicionais da Suécia. As composições deste colectivo do Porto, formado em 1999 e de que hoje fazem parte Filipa Santos, Ricardo Lopes, Pedro Viana, Sérgio Calisto e João Serrador, evocam a tradição musical portuguesa, procurando influências noutras culturas e na música moderna. Em Julho, os Mandrágora vão estar na FNAC de Braga (dia 5) e em Lagos (dia 11). Ainda no mesmo mês, seguem-se os concertos no Ethnoambient Salona Festival, na Croácia (dia 17), e em Sines, no Festival de Músicas do Mundo, (dia 24), onde os Mandrágora irão surgir ao lado do violinista Jacky Molard, do clarinetista Guillaume Guern e da cantora luso-francesa Simone Alves, num cruzamento entre a música portuguesa e bretã.

"Chapeloise", Pé Na Terra (Portugal) - folk, folk-rock
Os Pé na Terra em estreia no programa com “Chapeloise”, tema retirado do álbum do mesmo nome do grupo, editado este ano. Um trabalho que conta com a colaboração dos portugueses António Fernandes, Dulce Moreira, Patrícia Miranda, Silvana Dias, Tânia Pires e Tiago Meireles, bem como das galegas Patrícia Cela (do grupo de folk galego-minhoto Xistra de Coruxo) e Maria Xosé López (do grupo de musica tradicional Muxicas). A banda, formada no Porto em 2005 por Cristina Castro, Ricardo Coelho e Tiago Soares, tem vindo a percorrer diversos palcos, bares e festivais não só em Portugal, mas também em Espanha. Este projecto de renovação da música tradicional começou por se basear em instrumentos portugueses - acordeão, concertina, viola braguesa, gaita-de-foles transmontana ou flauta -, abrindo no entanto as portas aos temas originais, complementados pela poesia e por danças tradicionais europeias como valsas e chapeloises. Dois anos depois, juntavam-se aos Pé na Terra Adérito Pinto e Hélio Ribeiro, trazendo na bagagem o baixo e a guitarra electro-acústica, parte de uma nova sonoridade onde entram a bateria e referências como o rock ou o metal. Como pano de fundo permanecem os sons mais tradicionais da gralha (aerofone tradicional da Catalunha), tarota (oboé catalão), melódica, sanfona ou tamboril galego. Em Junho, os Pé na Terra vão estar nas FNAC’s de Coimbra (dia 15) e Viseu (dia 22), com uma aparição pelo meio na Rua Cândido dos Reis, no Porto (dia 21). Já em Julho, seguem-se as actuações na Nespereira, em Lousada (dia 5), Guimarães (dia 11) e Famalicão (dia 12). Finalmente, em Agosto, o grupo ruma até ao Festival Andanças, em São Pedro do Sul (dias 4 e 7), Ourense, na Galiza (dia 9), Abrantes (dia 23) e Faro (dia 30).

"Kel Tamasheck", Etran Finatawa (Níger) - wodaabe and touareg music
A jornada continua com os Etran Finatawa e “Kel Tamasheck” (O Povo Tuaregue), tema extraído do seu segundo trabalho “Desert Crossroads”, lançado este ano. Uma canção dirigida ao próprio povo, onde se fala da importância da sua cultura e modo de vida ancestral. Em 2004, seis músicos wodaabes e quatro tuaregues, unidos pelo gosto pela música e pelo desejo de paz entre todas as etnias que vivem ou viajam pelo Níger, na fronteira com o Mali, juntaram-se e formaram este grupo. Eles são dois dos lendários grupos étnicos nómadas que vivem na savana do Sahel, no sul do Sáara. Durante milhares de anos, a região foi um ponto de passagem entre os árabes do norte de África e as culturas subsarianas. Enquanto que os wodaabe, de etnia fulani, são conhecidos pelos seus rebanhos e gado, os tuaregues, berberes que falam tamashek, são famosos criadores de camelos. Mesmo tendo culturas e línguas muito distintas, os elementos dos Etran Finatawa (As Estrelas da Tradição) ultrapassaram as fronteiras étnicas e o racismo, trabalhando juntos para construírem um futuro melhor para os seus povos. Eles combinam instrumentos tradicionais e canções polifónicas com arranjos modernos e guitarras eléctricas. O resultado é um cruzamento entre o blues, o rock e o funk, mistura melódica onde se destacam as vozes nostálgicas que descrevem as suas raízes culturais e uma forma de vida cada vez mais relegada para o passado.

"Ger Aadi", Fatma Zidan (Arábia Saudita) - ethno pop
Fatma Zidan estreia-se no programa com "Ger Aach", tema retirado do álbum “Ella Elzaal” (Aceitar a Tristeza), e que pode ser encontrado na compilação “The Rough Guide to Arabic Café”, editada este ano. Segundo trabalho a solo da cantora, sucessor do clássico “Aya Haeman” (Amor Apaixonado), numa produção pop carregada de ritmos do Golfo Pérsico, e de novo produzida por alguns dos mais famosos músicos e compositores daquela região. Conhecida como a voz do Egipto, Fatma Zidan é uma das cantoras corais mais requisitadas pelos estúdios de gravação do Cairo, com passagens recorrentes pelo Dubai, Omã ou Iémen, e uma das mais talentosas da música árabe. Uma sonoridade fortemente enraizada na tradição egípcia e inspirada na diva Oum Khaltoum.
Nascida em 1977 na Arábia Saudita, Fatma Zidan é filha de pais egípcios, o que lhe permitiu cantar nos vários dialectos do Golfo Pérsico. A jovem começou a tocar harpa aos cinco anos, estudando mais tarde no conservatório em Guiza e na Escola de Música de Zamalek. No entanto, a sua carreira musical clássica, feita sobretudo de actuações na Ópera do Cairo, acabou por sofrer uma reviravolta há cerca de uma década quando esta começou a cantar e gravar para algumas das maiores estrelas da pop árabe, com destaque para Kazem El-Saher, Kadhim Zaher, Ngrem ou Sherin. Fatma Zidan surge habitualmente em palco com o seu ensemble egípcio, mas já trabalhou também com a orquestra da radio pública dinamarquesa, naquele que foi um dos momentos mais altos da sua carreira. A jovem diva procura agora novas parcerias, tendo em vista projectos similares com outras orquestras sinfónicas.

"Yidu Tramvayem", Haydamaky (Ucrânia) - carpathian ska, ukranian dub machine, hutzul punk
Seguem-se os ucranianos Haydamaky com “Yidu Tramvayem”, tema retirado do seu segundo disco “Kobzar”, lançado este ano. Um trabalho onde a banda conta com as colaborações dos polacos Pidzama Porno e dos Zion Train, os reis do raggamuffin. Os Haydamaky levam-nos de novo pelos caminhos do ska das montanhas dos Cárpatos, do reggae, do punk hutzul e da dub machine, misturando-os com a folk ucraniana, o rap e o rock’n’roll. Após o colapso da União Soviética e a independência da Ucrânia, um grupo de estudantes criava a banda Aktus, que rapidamente conquistou um lugar de destaque no underground musical de Kiev. No início do novo século, em honra à rebelião histórica do século XVIII, eles decidiram mudar o nome para Haydamaky. Para além dos espectáculos que têm feito em toda a Europa de Leste, em 2004 apoiaram a revolução laranja que mobilizou o país, tendo um dos seus temas sido muito rodado nas estações de rádio alternativas. Música que assenta na combinação de raízes ucranianas com standards europeus, uma fórmula caracterizada pela energia turbulenta e por uma montanha russa de melodias.

"Hassan’s Mimuna", Balkan Beat Box (Israel) & Hassan Ben Jaffar (Marrocos) e Har-El Shachal (EUA) - gypsy-punk, contemporary folk
Os Balkan Beat Box trazem-nos “Hassan’s Mimuna”, tema extraído do seu álbum de estreia, baptizado com o nome do grupo e editado em 2005. Para além da participação nesta música de Hassan Ben Jaffar e de Har-El Shachal (radicados em Nova Iorque, Hassan Ben Jaffar tem vindo a actuar com vários ensembles de fusão gnawa, enquanto que o saxofonista e clarinetista Har-El Shachal liga Ocidente e Oriente), o trabalho conta ainda com as colaborações das Bulgarian Chicks (Valda Tomova e Kristin Espeland), dos israelitas Boom Pam, bem como de Victoria Hanna, Shushan e Tomer Yosef. Os Balkan Beat Box misturam de forma enérgica e ousada melodias folk do norte de África, Israel, Balcãs, Mediterrâneo, Europa de Leste e Médio Oriente com letras bizarras, hip-hop e batidas electrónicas. A fanfarra circense, que chega a ter 15 músicos – um terço deles oriundos da Europa – é formada pelos israelitas Tamir Muskat e Ori Kaplan, que têm trabalhado com músicos e compositores da Turquia, Israel, Palestina, Marrocos, Bulgária e Espanha. A filosofia dos Balkan Beat Box é a de acabar com as fronteiras políticas na música, fazendo folk de forma contemporânea. Tudo começou em Israel, onde assimilaram os standards folk, do klezmer às melodias búlgaras, passando pelos ritmos árabes. No final dos anos 80, Ori e Tamir partem para Nova Iorque, onde descobrem o gypsy-punk e acabam por misturar as suas raízes mediterrânicas com outras culturas.

"Close Your Eyes", Bebel Gilberto (Brasil) - bossa nova, forró, pop, electronica
Despedimo-nos com Bebel Gilberto, que nos traz o tema “Close Your Eyes”, extraído do álbum “Tanto Tempo”, editado em 2000. Primeiro trabalho a solo, duas vezes nomeado para os Grammy, da cantora e compositora que em Maio passou por Portugal, e que tem vindo a trabalhar com produtores como Guy Sigsworth e com grupos como as The Brazilian Girls ou a Orquestra Imperial. Radicada em Nova Iorque mas brasileira de corpo e alma, Bebel Gilberto, cujo nome completo é Isabel Gilberto de Oliveira, é filha do lendário guitarrista João Gilberto, o criador da bossa nova, e da cantora e compositora Miúcha. Desde muito cedo que esta começou a cantar em coros infantis e em musicais, tendo-se estreado em palco com o pai. Neste disco, Bebel reinventa precisamente o legado clássico de João Gilberto ao abrir as portas à bossa nova. A sensualidade deste género, resultado do cruzamento do ritmo sincopado da percussão do samba com a voz uniforme, é recriada pelo timbre suave e melódico de Bebel Gilberto, a que se juntam instrumentos acústicos e algumas orquestrações. O resultado é um disco com sabor a música electrónica e um cheirinho a forró, pop ou jazz, onde participam, entre outros, Mario Caldato Jr, Suba, Amon Tobin, Béco Dranoff, Luís do Monte, João Parahyba ou Nina Miranda, dos Smoke City.

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