"Strong Winds Blockade", Kristi Stassinopoulou (Grécia) - rembetica, techno folk, ethno trance
Kristi Stassinopoulou inaugura a emissão com “Strong Winds Blockade”, tema retirado do álbum “The Secrets of the Rocks”, editado em 2002. Neste seu terceiro trabalho, de novo um casamento entre passado e futuro, a cantora ateniense cruza ritmos gregos como a rebética (género urbano de dança, enraizado na música do século XIX da costa ocidental da Ásia Menor e de Constantinopla, e que se desenvolveu em cidades como Atenas) com as tradições musicais mediterrânicas, dos Balcãs e do norte de África, sem esquecer a psicadélica anglo-saxónica dos anos 60 e 70 e a música electrónica. Nada de estranhar, já que Kristi cresceu a ouvir a folk grega, turca e africana, o rock clássico dos Jefferson Airplane e dos Velvet Underground ou o punk dos Blondie e de Patti Smith. Amálgama sonora que a cantora e escritora ficcionista acabou por explorar de forma criativa em inúmeras bandas de liceu e nos “Anipofori” (Os Insuportáveis), um dos primeiros grupos punk gregos. A aventura continua hoje nos temas compostos com o multinstrumentista Stathis Kalyviotis, produtor dos seus quatro trabalhos discográficos e um dos membros do seu ensemble, formado ainda por ainda Dimitris Chiotis, Giorgi Makris, Reiner Witzel, Yiannis Kininis, Yiannis Choulis e Vassilis Divolis. Inspirada nas ilhas gregas, neste disco Kristi recria os sons do mar Egeu e evoca a mitologia helénica, as forças da natureza e as paisagens naturais e humanas do Mediterrâneo. Poesia e música juntam-se então numa obra recheada de referências líricas, vocalizações da tradição bizantina, arranjos modernos e sons electrónicos onde, cantando em grego e inglês, Kristi fala do amor ou da passagem do tempo. Para isso, conta com uma variedade de instrumentos que vai dos cordofones tradicionais gregos – a lira cretense, o sazi, o laouto (da família do bandolim) ou o baglamas (semelhante a um pequeno bouzouki) – ao baixo, guitarras acústica e eléctrica, passando pela kaval (flauta oblíqua diatónica), gaita-de-foles grega ou acordeão, todos eles acompanhados por instrumentos de percussão com o dauli, o toumbeleki (pequeno tambor do género da darabuka), o cajón, o djembé ou o berimbau.
A viagem pelas músicas do mundo continua com os Marenostrum e o tema "Peru Branco (Cantiga das Mentiras)", extraído do álbum “Almadrava”, lançado em 2006. Segundo trabalho do grupo algarvio, cujo título é inspirado na armação utilizada naquela região na pesca de atum, e onde participam os músicos Maria Alice e Mamadi. Neste seu último disco, os Marenostrum, nome que é uma homenagem a Portugal e à sua localização geográfica, prosseguem com a apresentação dos sabores sonoros algarvios ao resto do país e ao estrangeiro (eles passaram já pela Suécia, Espanha, México e Índia), aliando a música tradicional portuguesa às suas próprias composições. Nascidos em Tavira em 1994, os Marenostrum começaram por fazer arranjos de temas de músicos como Sérgio Godinho e Vitorino. Hoje fundem géneros como o corridinho e o baile mandado com influências que vão da música árabe do Magrebe às tradições hebraica, celta e cabo-verdiana. Uma mistura assente no uso da guitarra acústica, do bandolim, da bateria, do acordeão, do baixo eléctrico, do trombone e do saxofone. O repertório da banda vai das melodias que falam dos sentimentos e das vivências daqueles para quem o mar é uma fonte de subsistência ou de inspiração, aos temas enérgicos onde se reflecte o espírito das antigas festas populares da serra e do litoral algarvio. Como cada elemento dos Marenostrum – José Francisco Vieira, Paulo Machado, João Francisco Vieira, João Frade e Lino Vidal - toca vários instrumentos, ao vivo eles contam com músicos adicionais em palco: Emanuel Marçal, Vitor Afonso e Nuno Faria. Espectáculos onde o grupo apela à dança através de ritmos simples e animados, sempre com espaço para o improviso. Em Julho, os Marenostrum vão estar em Cabanas de Azeitão, em Palmela (dia 5), rumando depois até ao sul para um concerto no museu de São Brás de Alportel (dia 13). Ainda no Algarve, seguem-se os espectáculos em Loulé (dia 14), Portimão (dia 18) e Albufeira (dia 25).
"Para Lá do Marão", Diabo a Sete (Portugal) - folk
Os Diabo a Sete regressam ao programa, desta feita com “Para Lá do Marão”, um dos temas vulcânicos que fazem parte de “Parainfernália”, álbum de estreia do grupo, editado em 2007, e onde é convidado o músico Hugo Natal da Luz. Surgidos em Coimbra em 2003, os Diabo a Sete dizem ser uma espécie de cozido à portuguesa, embora com menos couves e mais enchidos. Das adaptações do cancioneiro nacional aos originais de inspiração popular, eles procuram reinventar a música tradicional portuguesa tomando como referência principal formações como o GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e a Brigada Victor Jara. Caminhos escaldantes que depois se alargam a recantos acústicos endiabrados como o rock, o reggae, a música celta ou as danças europeias. Com percursos diferentes mas um gosto comum pela música étnica do seu país, Pedro Damasceno, Celso Bento, Eduardo Murta, Julieta Silva, Luísa Correia e Miguel Cardina misturam os sons da sanfona, da concertina, da flauta, da gaita-de-foles, do bandolim, do cavaquinho e da guitarra com os da bateria, das percussões e do baixo eléctrico. Um cruzamento entre o passado, o presente e o futuro, onde se reinventam ritmos, melodias e instrumentos de outros tempos. Em Agosto, os Diabo a Sete vão estar em Tavira (dia 5). Segue-se a participação no Festival Sons do Atlântico, em Lagoa (dia 10), e o espectáculo no Paço da Cultura, na Guarda (dia 21).
"Colette", Vieux Farka Touré (Mali) & Issa Bamba (Mali) - afropop, blues
Os Diabo a Sete regressam ao programa, desta feita com “Para Lá do Marão”, um dos temas vulcânicos que fazem parte de “Parainfernália”, álbum de estreia do grupo, editado em 2007, e onde é convidado o músico Hugo Natal da Luz. Surgidos em Coimbra em 2003, os Diabo a Sete dizem ser uma espécie de cozido à portuguesa, embora com menos couves e mais enchidos. Das adaptações do cancioneiro nacional aos originais de inspiração popular, eles procuram reinventar a música tradicional portuguesa tomando como referência principal formações como o GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e a Brigada Victor Jara. Caminhos escaldantes que depois se alargam a recantos acústicos endiabrados como o rock, o reggae, a música celta ou as danças europeias. Com percursos diferentes mas um gosto comum pela música étnica do seu país, Pedro Damasceno, Celso Bento, Eduardo Murta, Julieta Silva, Luísa Correia e Miguel Cardina misturam os sons da sanfona, da concertina, da flauta, da gaita-de-foles, do bandolim, do cavaquinho e da guitarra com os da bateria, das percussões e do baixo eléctrico. Um cruzamento entre o passado, o presente e o futuro, onde se reinventam ritmos, melodias e instrumentos de outros tempos. Em Agosto, os Diabo a Sete vão estar em Tavira (dia 5). Segue-se a participação no Festival Sons do Atlântico, em Lagoa (dia 10), e o espectáculo no Paço da Cultura, na Guarda (dia 21).
"Colette", Vieux Farka Touré (Mali) & Issa Bamba (Mali) - afropop, blues
A jornada continua com o maliano Vieux Farka Touré e "Colette", tema onde se destaca a voz do cantor Issa Bamba, e que é extraído do álbum baptizado com o nome do músico. No seu disco de estreia, produzido pelo baixista norte-americano Eric Herman e lançado em 2007, o talentoso vocalista, guitarrista, percussionista e tocador de cabaça fala sobre a importância da justiça e da solidariedade entre todos, contando com as participações especiais do pai na guitarra eléctrica e do mestre da kora Toumani Diabaté. A combinação de melodias e instrumentação tradicional africana – da njarka ao n’goni – com ritmos mais rápidos e composições próprias acústicas e eléctricas revela a energia sonora captada pela geração daquele cujo verdadeiro nome é Bouriema Touré. Inspirado pela música de Ali Farka Touré, o lendário bluesman falecido em 2006, Vieux (“velho”, em francês, em alusão ao avô) Farka (“burro”, metáfora adequada à sua teimosia) Touré acabaria por contrariar o pai, inicialmente avesso à carreira musical do filho. Depois da passagem pelo Instituto Nacional de Artes, em Bamako, Toumani Diabaté convida o jovem a integrar o seu ensemble e a viajar pelo mundo. Hoje, Vieux Farka Touré segue o caminho trilhado na guitarra pelo progenitor, acrescentando à tradição musical do Mali elementos ocidentais e referências do reggae, rock, soul, funk e blues.
"Beaux Dimanches", Amadou & Mariam (Mali) - afro pop blues
No seu regresso ao programa, a dupla Amadou & Mariam apresenta-nos “Beaux Dimanches”, tema retirado do álbum “Dimanche a Bamako”, editado em 2005. Com muita guitarra à mistura, este trabalho, produzido por Manu Chao, está recheado de ritmos africanos, batidas funky, harmonias suaves e pedaços de reggae, jazz, blues e rock. Naquela que é a mais roqueira pop africana, não faltam as habituais alusões ao quotidiano do seu país e as letras que apelam à paz, ao amor e à justiça. Mariam Doumbia começou por cantar em casamentos e festivais tradicionais, enquanto que Amadou Bagayoko era guitarrista nos Les Ambassadeurs, banda lendária a que mais tarde se juntou Salif Keita. Os dois são invisuais e conheceram-se em 1977 no instituto de cegos de Bamako, a capital do Mali. A partir de então tornaram-se inseparáveis não só na vida, mas também na música. Amadou & Mariam prestam então homenagem à música tradicional maliana, revestindo-a de sons ocidentais. Cantando em francês, castelhano e no seu dialecto original, estes bambara (etnia maioritária no Mali) vão buscar referências musicais à sua adolescência: a pop, o rock psicadélico e a salsa dos anos 60, e o funk e a soul da década seguinte. Uma forma de recordarem não só as suas raízes mandingo, mas também as ligações do Mali ao gnawa, à música cubana e ao jazz, tornando universal a música daquele país.
"Tamin Qualbak Ya Habibi", Schäl Sick Brass Band (Alemanha) - brass band, jazz, folk
Seguem-se os Schäl Sick Brass Band com “Tamin Qualbak Ya Habibi”, uma dança núbia de Ali Hassan Kuban que faz parte do disco “Tchupun”, editado em 1999. O grupo, constituído por quase uma dezena de elementos, surgiu em Colónia, capital cultural da província da Renânia e fortaleza mediterrânica da Alemanha. Um dos muitos emigrantes e visitantes de todo o mundo que a encheram de sons coloridos foi Raimund Kroboth, que em 1977 se instalou na margem direita do Reno. No dialecto local, aquela parte da cidade é conhecida precisamente por "Schäl Sick" (lado errado). Isto porque está do lado contrário à catedral e ao centro de Colónia, e porque é um enclave protestante na católica Renânia. Partindo de uma secção de ritmo que tem por base a tuba, a cítara popular e as percussões, os Schäl Sick Brass Band utilizam o som das fanfarras da região alemã da Bavaria e da Boémia checa para explorarem com inovação e versatilidade a música de outras culturas. Eles combinam elementos de jazz com o rock, o funk, o hip-hop o rap ou a folk. Um universo sonoro influenciado pela Europa central e de Leste e pelo norte de África, onde convivem ritmos cubanos, gregos, latinos, africanos e orientais, e instrumentos de todo o mundo - tavil, kanjira, dhol, dolki, omele, sekere, gangan, thereminvox, entre muitos outros. Um ambiente festivo em que se celebra a música de todo o planeta e onde o lema é "pensar global, soprar local"...
"Let's Have Fun At The Border", Armenian Navy Band (Arménia) - avant-garde folk
A Armenian Navy Band traz-nos “Let’s Have Fun At The Border”, tema extraído do seu segundo álbum “New Apricot”. Trabalho gravado em Istambul e editado em 2001, reflexo da primeira digressão europeia do grupo, realizada um ano antes. À primeira vista, Armenian Navy Band pode parecer um nome absurdo para a banda criada em 1998 em Yerevan, capital de um país sem acesso directo ao mar. No entanto, o seu fundador, o percussionista e vocalista de ascendência arménia Arto Tunçboyaciyan, acredita ser possível mover todo este barco sonoro do Cáusaco, mesmo sem água. Juntam-se-lhe neste projecto onze jovens que se fazem acompanhar desde os tradicionais sazabo, duduk (aerofone tradicional da Arménia), zurna (aerofone da Anatólia com palheta dupla), kamancheh (espécie de violino persa), kanun (semelhante à cítara, mas de formato trapezoidal), blul, suduk, a instrumentos mais actuais como o trombone, o saxofone, o trompete, o baixo, a bateria, os teclados e o piano. A orquestra cruza então a melancolia da música tradicional da Arménia e Anatólia (parte asiática da Turquia) com o lamento e a solidão do jazz e dos blues, havendo ainda espaço para o rock e para a pop. Composições próprias numa folk avant-garde, síntese das vivências multiculturais de alguém que através da música procura comunicar os valores do amor, do respeito e da verdade. Arto Tunçboyaciyan cresceu na Turquia e emigrou para os Estados Unidos da América, onde hoje vive. Ao longo dos anos, tem vindo a colaborar com referências do jazz e da world music como Eleftheria Arvanitaki, Gerardo Nuñez, Joe Zawinul, Al Di Meola, Chet Baker, Oregon, Joe Lovano, Wayne Shorter, Don Cherry, Arthur Blythe ou Omar Faruk Tekbliek.
"Heptumbao", Cheb Balowski (Espanha) - pachanga, raï, gnawa, rock
Despedimo-nos em ambiente de festa com os catalães Cheb Balowski, que desta feita nos trazem “Heptumbao”, tema extraído do álbum “Potiner”, lançado em 2003. Segundo trabalho do grupo, produzido por Stephane Carteaux, e em que participam os americanos Kultur Shock, os franceses Radio Bemba, o basco Iñigo Muguruza e os catalães La Carrau. A designação da banda resulta da junção dos termos Cheb ("o jovem", em árabe), complemento habitual nos nomes dos cantores de raï argelinos, e Balowski (em polaco, o verbo balować significa "divertir-se bailando"), apelido do emigrante de Leste interpretado por Alexei Sayle na série de televisão inglesa “The Young Ones”. Formados em 2000 em Barcelona, depois de uma infância comum no bairro de Raval, os Cheb Balowski integram uma dezena de músicos - eles são Yacine Belahcene Benet, Isabel Vinardell Fleck, Marc Llobera Escorsa, Santi Eizaguirre Anglada, Jordi Marfà Vives, Daniel Pitarch Fernández, Jordi Ferrer Savall e Arnau Oliveres Künzi, Jordí Herreros e Sisu Coromina. Cantando em castelhano, catalão, francês e árabe, eles cruzam a música catalã e a cultura mediterrânica com a energia do raï, do gnawa, do reggae e do rock. Um ambiente festivo, que vai do flamenco e da pachanga aos ritmos balcânicos, árabes, africanos e mediterrânicos, assente na sonoridade de violinos, saxofones, trompetes, piano, bateria, acordeão, guitarra, baixo e todo o tipo de percussões.
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