ÚLTIMA HORA: No sábado passado, devido a uma falha na emissão da Rádio Urbana, o programa não pôde ser emitido normalmente. Desta feita, e para além da repetição habitual às segundas-feiras, a terceira edição do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO será reposta no próximo sábado, dia 8 de Abril.
Estes são os novos temas difundidos neste programa:
"Colossus", Afro-Celt Sound System (Reino Unido) - afro-celt rock, world pop music

Os Afro-Celt Sound System trouxeram-nos o tema “Colossus”, extraído do seu terceiro álbum, intitulado “Further in Time”. E eles estão mesmo à frente do tempo, já que procuram escapar à veia tradicional, deixando fluir a criatividade e explorando novos territórios. Em 1992, o fascínio de Simon Emmerson pela ligação entre as tradições irlandesas e africanas levou-o a juntar-se ao multi-instrumentista James McNally, à vocalista Iarla O Lionaird e ao produtor Martin Russell. Neste trabalho, editado em 2001, a banda criou um mundo musical que explora os talentos de seis membros adicionais e de mais de vinte convidados, incluindo Robert Plant, antigo vocalista dos Led Zeppelin, e Peter Gabriel. Vozes africanas, irlandesas e escocesas misturam-se então com um universo sonoro povoado pela estrutura da pop, pela força do rock e pela euforia da dança – note-se que as suas influências, para além da esfera étnica, abrangem também os Radiohead, os Public Enemy e os U2 -, combinando ritmos celtas, africanos, marroquinos e do leste da Europa. Neste álbum, que foi um estrondoso êxito comercial, os nómadas Afro-Celt Sound System dão sentido à expressão world pop music.
"Lian Mil", Claire Pelletier (Canadá) - celtic music
O tema é extraído do álbum que a canadiana Claire Pelletier gravou ao vivo em Outubro de 2002 no teatro Saint-Denis, em Montreal, no Canadá. Desde muito pequena que a rapariga da voz azul-marinho, baptizada de Claire La Sirène (a sereia) se deixou fascinar pelos contos, lendas e canções tradicionais do Quebeque, província onde 80 por cento da população é de descendência francesa. Aos 24 anos, a jovem trocava o curso de oceanografia pela música, surgindo inicialmente ao lado do grupo Tracadièche. Depois de ter dado a conhecer “Galileo” no Quebeque e na Europa francófona, neste álbum Claire Pelletier, o músico e seu marido Pierre Duchesne e o compositor Marc Chabot misturam as músicas dos álbuns “Murmures d'Histoire” (1996) e “Galileo” (2000), ligando a inspiração medieval, a alma céltica, as melodias tradicionais e as lendas da antiguidade. Um espectáculo em que o duo harmónico combina o piano, o violino, a viola e o contrabaixo com sons électrónicos. Como a vela de um barco, a voz envolvente e suave de Claire Pelletier (ou melhor, de Claire La Sirène) iça-se, estica-se e apoia-se sobre o vento."Wadatshulwa", Amadodana Asempumaze (África do Sul) - south african gospel
O gospel sul-africano é um género musical que faz parte do dia a dia das comunidades urbanas e rurais deste país. A música cantada nas igrejas, rica em harmonias vocais, evoluiu a partir dos hinos do início do século XIX, continuando a rejuvenescer-se através das tradições vocais indígenas e de outros tipos seculares de música, abrangendo diversos estilos. Actualmente, cerca de oito por cento da população da África do Sul é cristã. O número pode parecer irrisório, mas se olharmos isoladamente para a população africana, a percentagem é bastante superior. Por vezes mais concorrentes que doutrinais, muitos dos grupos de gospel sul-africanos exibem tendências carismáticas e incorporaram alguns aspectos e crenças das culturas tradicionais. Cada grupo pode ser identificado pelas vestes coloridas dos seus elementos, que nas tardes de domingo são vistos a caminho dos seus locais de adoração. Os Amadodana Asempumaze (o que em Zulu quer dizer "Coro Masculino Mpumaze") trazem-nos o tema “Wadatshulwa” (“Ele Foi Anunciado”), extraído do álbum "Bhala Nkosi Igama Lami". O uso da palavra “amadodana” (homem) parece despropositado para descrever este grupo, já que grande parte das suas vozes são femininas."M'Bifé [Bafalon]", Amadou & Mariam (Mali) - afro pop blues

Continuamos com as raízes africanas. Da África do Sul avançámos até ao Mali, com a dupla Amadou e Mariam, e o tema “M’Bifé [Bafalon]”. O álbum “Dimanche a Bamako”, lançado em França em Novembro de 2004, chegou no verão passado ao segundo lugar das tabelas de vendas, o mais alto posto alguma vez alcançado na Europa por um disco africano. Em todo o mundo “Dimanche a Bamako” já vendeu cerca de meio milhão de cópias. Bem ao género do afro pop blues, e com muita guitarra à mistura, este trabalho está recheado de ritmos africanos, batidas funky, harmonias suaves e pedaços de reggae, jazz, blues e rock. Se nos anos 90 foram os Buena Vista Social Club a trazerem para a ribalta a vibrante world music, agora parece ser a vez deste casal africano. Mariam começou por cantar em casamentos e festivais tradicionais, enquanto que Amadou era guitarrista nos Les Ambassadeurs, uma das mais lendárias bandas africanas. Os dois são invisuais e conheceram-se em 1977 em Bamako, a capital do Mali, fundindo então as suas carreiras. Três anos depois casavam e davam o primeiro concerto juntos.
"Ne Me Jugez Pas [Volodia Remix]", Sawt el Atlas (Marrocos) - raï funk
Os Sawt el Atlas, uma banda marroquina radicada em França, combinam a música árabe tradicional com o raï, o reggae, o funk e um cheirinho a ritmos latinos. E chegam mesmo a dizer que não pertencem a nenhum daqueles dois países. Isto porque em Marrocos são confundidos com franceses, e em França toda a gente acha que eles são marroquinos. Os vocalistas Kamel e Mounir e os seus irmãos cresceram nos subúrbios de Blois, em França. A formação inicial dos Sawt el Atlas consistia em três irmãos, cada um originário de duas famílias: os Mirghanis (do sul de Marrocos) e os El Habchis (de Casablanca). Conforme vamos poder confirmar no tema “Ne Me Jugez Pas”, em versão remisturada, extraída do album “Doria”, a música deste agrupamento de dez elementos é agradável, dançável e moderna. E apesar de se inclinar mais para uma inspiração multiculturalista, bem ao estilo do Ocidente, mantém-se no entanto na linha das raízes do norte de África.
"El Pibe de Mi Barrio", Doctor Krapula (Colômbia) - urban latino
Os sete elementos da trupe colombiana Doctor Krapula, formada em 1998, não se consideram uma banda de rock, nem uma orquestra tropical. Dizem ser apenas o som que convida toda a gente a dançar pelo prazer, pela sociedade e pela humanidade. Um apelo à esperança cheio de fogo, amor, revolução e sabor, bem ao estilo das atribulações do dia a dia dos subúrbios das grandes cidades sul-americanas. Os Doctor Krapula trazem-nos o tema “El Pibe de Mi Barrio” (O Miúdo do Meu Bairro), primeiro single do seu terceiro álbum “Bombea”. Uma música que não se resume à mensagem política, mas que mostra como os gostos ocidentais se fundem com ela. São estes os sons urbanos da América Latina do século XXI."Ulala Kiskita", Betty Veizaga Y El Grupo Pukaj Wayra (Bolívia) - bolivian folk
Na Bolívia, as raízes indígenas continuam a ser uma referência musical. Depois da revolução boliviana, em 1952, generalizaram-se os conjuntos folclóricos que misturam flautas andinas como a quena e a zampoña (flauta de pan). Os grupos surgem também com os seus ponchos coloridos (um tipo de capa que cobre parte do corpo), guitarras, flautas de pan e charangos (espécie de cavaquinho que descende da espanhola vihuela). Betty Veizaga e o grupo Pukaj Wayra, trouxeram até ao MULTIPISTAS – MÚSICAS DO MUNDO o tema “Ulala Kiskita”, extraído do álbum "Los Mejores Tinkus Com Los Mejores Grupos", no qual ficamos a conhecer as raízes rurais do tinku. Três anos depois de se terem estabelecido na Suécia, em 1980 o grupo regressava à Bolívia. Nesse mesmo ano, Betty Veizaga junta-se a eles para dar a conhecer ao resto do país e ao mundo a música da região norte de Potosí.
"My True Love (Voyage D'Amour)", Steve Riley & The Mamou Playboys (EUA) - cajun dance
O cajun, um género musical originário do sul do estado norte-americano do Louisiana, mistura elementos da música francesa, nativa, espanhola, africana e celta. O seu som é marcado pelos violinos e acordeões, originando uma atmosfera dançável e que aos fins de semana enche sempre de ritmo os bares do Louisiana. Em 1988, o acordeonista Steve Riley formou com o violinista David Greely os The Mamou Playboys, uma banda dinâmica que explora as fronteiras do cajun, adicionando-lhe toques de zydeco, blues e música country.
"Taraf", Sukar Collective (Roménia) -
ursari music, folktronic
Os romenos Shukkar Collective trazem-nos “Taraf”, do álbum “Urban Gypsy”. Eles representam a nova geração de músicos ciganos que tocam música ursari, usando colheres, tambores de madeira ou a darabuka (outra espécie de tambor) para criarem um som poderoso que também se aventura pelo mundo da electrónica.
"Hijra [Traditional Mix]", U-Cef feat. Dar Gnawa (Marrocos) - moroccan music, electronic
Os Dar Gnawa são um grupo marroquino formado por Abel Ghani Manjal e Naim Bounama Gueye, dois rappers de Casablanca que misturam música electrónica e tradicional. Há alguns anos eles gravaram com o produtor marroquino U-Cef, radicado em Londres, este tema polémico sobre o êxodo ou a “hijra” de uma inteira geração frustrada de jovens marroquinos para França, Estados Unidos e Reino Unido. Esta música, adequadamente apelidada de “Hijra”, baseia-se no ritmo do gnawa, usando também o guenbri e o krakesh. Um paródia aos guardas fronteiriços franceses, onde os jovens gritam bem alto: “Donnez moi les papiers!” (“Dêem-me os papéis!”).

Ao longo dos anos 90, os Hedningarna estiveram na linha da frente


Este tema foi extraído do álbum "Fjalar", editado em 2002. O grupo mistura novas dimensões musicais com sonoridades electrónicas, e desde a sua criação em 1980 que tem estado na vanguarda da moderna folk sueca. Nos Groupa encontramos uma imagem das tradições do passado, os caprichos do presente e as possibilidades do futuro.
Em “Unimaverse”, o terceiro trabalho dos sevilhanos mais audazes do freestyle folk, editado em 2001, a banda mistura de forma criativa o universo do rock e da electrónica com a música africana, celta, oriental e até mesmo o jazz. O tema “Sambala” é uma amostra perfeita deste novo movimento folk.
Tema extraído do álbum “Sabou”, lançado em 2004 por Mory Kanté, um dos mais conhecidos músicos africanos da actualidade. Natural da Guiné-Conacri, o músico tornou-se inicialmente conhecido ao juntar-se na década de 70 à Rail Band, cujo som combinava funk e música tradicional. O estrelato viria nos anos 80 quando Kanté se mudou para Paris. Para além de músico, hoje Mory Kanté é embaixador das Nações Unidas na luta contra a fome.
Nova incursão até ao norte da Europa, desta feita com os Värttinä, a mais conhecida banda da folk finlandesa, com um tema extraído do álbum “Miero”, editado este ano. Com mais de vinte anos de carreira, os Värttinä são conhecidos por terem inventado um estilo baseado nas raízes rúnicas e carélicas, nos cantos femininos de várias tribos ocidentais e na poesia antiga. Da imagem do grupo fazem parte a instrumentação acústica tradicional e contemporânea, os ritmos complexos, bem como as composições e os arranjos originais. Uma palete sonora que tem vindo a crescer. Neste seu último álbum, o grupo explora melodias ciganas e a música klezmer, entre outras, deixando para trás os arranjos pop.
Na ilha de Cape Breton, na Nova Escócia (Canadá), metade da população é de origem escocesa, e uma das maiores estrelas da província é Natalie MacMaster, que toca rabeca desde os nove anos, tendo começado a sua carreira na adolescência. Desde então já tocou com diversos talentos internacionais como The Chieftains, Alison Krauss, Paul Simon, Carlos Santana e Luciano Pavarotti. Um tema extraído do álbum “No Boundaries”, e onde as raízes celtas dos dois lados do Altântico se cruzam.

O grupo faz rap em swahili, kihaya e maa, a língua dos Maasai, misturando elementos tradicionais da cultura africana com o hip-pop. O tema foi extraído do seu primeiro lançamento internacional, editado em 2004.


