Estes são os novos temas difundidos no programa:
"Mahli [Remix]", Souad Massi (Argélia) - argelian folk, chaâbi, raï
Considerada a Tracy Chapman do Magreb, Souad Massi trouxe uma nova inspiração folk à música argelina. A nostalgia e a dor do exílio são os temas centrais deste seu último trabalho, o álbum "Mesk Elil", editado no ano passado. Desde 1999 que a jovem vive em França, mas numa ida à Tunísia para realizar mais um concerto reencontrou os aromas da madressilva, uma planta que lhe fez lembrar a sua infância na Argélia e que daria o nome à música que serve de mote ao seu terceiro álbum.
Com a sua guitarra, Souad Massi acompanhou o grupo de flamenco Triana d'Alger e mais tarde a banda argelina de rock Atakor. Durante a vaga da jeel music (a pop oriental), regressa à música country, universo sonoro em que se inspirou, acabando por cruzar os tormentos da música argelina com os prazeres melódicos do Ocidente. Souad Massi passou por Portugal em 2004, estando neste momento em tournée pela Europa para apresentar este trabalho, entretanto premiado este ano como melhor álbum de música do mundo nos “Les Victoires de la Musique”.
"Mani", Cheba Fadela & Cheb Sahraoui (Argélia) - raï-pop
O raï nasceu na cidade portuária de Oran e é o mais popular género musical da Argélia. No final da década de 70 o movimento ganhava novos contornos sonoros com o surgimento do pop-raï, contrastando com o raï tradicional dos cheikhs. A ex-dupla argelina Cheba Fadela e Cheb Sahraoui são duas das mais conhecidas estrelas desta nova geração de cantores que atribuiu a si própria o antenome de “cheb” ou “chabe”, o que quer dizer “o novo”.
"Dil Na Lagay", Faakhir (Paquistão) - mantra
O Paquistão bem se pode orgulhar das suas ricas e variadas tradições musicais. Para além do qawwali, o antigo canto místico islâmico sufi popularizado por Nusrat Fateh Ali Khan e que é de longe o mais popular, o país é geralmente conhecido pelas ghazal, as célebres rimas românticas em Urdu celebrizadas por vozes que recriam essas canções clássicas. O cinema e a música pop têm um papel igualmente relevante na moderna música paquistanesa. O músico Faakhir trouxe-nos uma canção patriótica que combina o tradicional ritmo e a melodia Punjabi com instrumentos ocidentais modernos. O sucesso alcançado depois do lançamento deste seu primeiro álbum a solo “Aatish” comprova o êxito da rica mistura entre a folk e a pop paquistanesas.
"Min Skog (My Grove)", Hedningarna (Suécia) - swedish folk, ethno-punk
Ao longo dos anos 90, os Hedningarna estiveram na linha da frente no que toca à renovação da folk sueca. Outro dos feitos dos quatro elementos deste grupo, formado em 1987 e que até agora editou seis álbuns mais um compilatório, foi o de terem chegado às 150 mil cópias vendidas. O álbum Trä, lançado em 1994, continua a ser um dos que maior sucesso alcançou, como o comprova a força sonora deste tema, traduzido por “O Meu Bosque”.
"Fukko Bushi", Soul Flower Mononoke Summit (Japão) - japanese traditional music
O conjunto formou-se em 1995, o ano em que um tremor de terra atingiu Kobe, a cidade onde vivem os elementos do Soul Flower Mononoke Summit, e toda a zona envolvente. Queixando-se da falta de apoio do governo nipónico, meteram mãos à obra e criaram a “The Soul Flower Earthquake Foundation” para ajudarem os desalojados a reconstruírem as suas casas. Só no primeiro ano fizeram cerca de 50 espectáculos voluntários. Como não tinham electricidade para tocar instrumentos electrónicos, escolheram instrumentos tradicionais como o okinawa sanshin, o chingdon (um tambor militar japonês), o changgo (instrumento de percussão coreano) e o acordeão. Entretanto foram adicionando melodias tradicionais e populares japonesas ao seu reportório, tendo já editado dois álbuns. A título de curiosidade, os Soul Flower Mononoke Summit foram a única banda asiática presente em 2002 na cerimónia de independência de Timor-Leste.
"Kamti", Hadag Nahash (Israel) - israeli hip-pop
Israel é um país pequeno, com menos de seis milhões de habitantes. No entanto, a população do estado judaico integra mais de uma centena de nacionalidades. Uma diversidade étnica que também se reflecte na música israelita, a qual combina as influências europeias com a folk árabe e palestiniana e com os enérgicos ritmos do Iémen e do norte de África.
Os Hadag Nahash (“serpente de peixe”) trazem-nos um tema extraído do álbum Lazooz. As suas músicas lidam com temas como o cada vez menor apoio aos cidadãos e a crescente desigualdade social, tocando nos pontos mais sensíveis da sociedade israelita com palavras de ordem como “Gente forte faz a paz”, “Sem árabes não há terror”, ou mesmo expressões que jogam com os números: “Um é o número de países que existem entre o rio Jordão e o mar, dois é o número de países que um dia hão-de existir, três anos e quatro meses é o tempo que tenho de passar no exército...”. O nome do grupo é também um trocadilho em hebreu. Isto porque em Israel os recém encartados são obrigados a usar um autocolante no vidro traseiro com a inscrição "Nahag Chadash" ("novo condutor"), palavras que utilizaram para construir o anagrama onde foram buscar o nome. Muitas das letras dos HaDag Nachash referem-se a citações ou slogans políticos que aparecem em Israel precisamente nos autocolantes dos automóveis. A paródia e a ironia estão presentes quanto baste nos quatro álbuns já editados, onde os sete elementos do grupo misturam a pop ocidental com a música étnica, criando um som único que se situa entre o hip-hop e a world music.
"Az Ghami Tu", Nobovar & Shams Group (Tajiquistão) - tajik rap
Nobovar Chanorov é o líder dos Shams, músicos provenientes da região montanhosa de Badakhshan, no Tajiquistão, situada junto à fronteira com o Afeganistão. Sedeados em Dushanbe, Nobovar e este ensemble de seis elementos, um dos grupos pop mais activos deste país, têm como reportório a música tradicional espiritual da região de Pamir. Neste tema contam com a participação do DJ Shaitan (a tradução é precisamente “Satanás”), apresentando-nos o rap ao estilo Tajik, influenciado por uma melodia folk de Pamir.
"Bul Bul Zaman", Edil Husainov (Casaquistão) - kazakh music/folk-rock
Continuamos na Ásia Central, mas avançamos até ao Kazaquistão, outra das ex-repúblicas soviéticas que conquistou a independência em 1991. Edil Husainov, um talentoso tocador de instrumentos tradicionais do Kazaquistão, traz-nos uma música original da Mongólia onde surgem a harpa judaica, a ocarina, a flauta do Kazaquistão e a cítara, acompanhados pela guitarra, teclado, percussão e baixo.
"Andesy Moramora", Koezy (Madagáscar) - salegy
As Koesy, cinco jovens do povo Sakalava, no norte do Madagáscar, trouxeram-nos um tema extraído do álbum “Madagáscar Generation 2004”. Este país, situado na quarta maior ilha do planeta, possui uma enorme diversidade étnica – nada mais nada menos que dezoito grupos étnicos diferentes – mas também uma riqueza histórica assinalável, visto que por aqui passaram árabes, persas, chineses, indianos, portugueses, franceses e ingleses.
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