sexta-feira, 19 de maio de 2006

Emissão #9 - 20 Maio 2006

A nona emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 20 de Maio, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na segunda-feira, 22 de Maio, entre as 19 e as 20 horas.

"Vargtimmen", Hedningarna (Suécia) - swedish folk, ethno-punk
Viagem até à Escandinávia com os Hedningarna e o tema “Vargtimmen”. Ao longo dos anos 90, os Hedningarna estiveram na linha da frente no que toca à renovação da folk sueca. Outro dos feitos dos quatro elementos deste
grupo, formado em 1987 e que até agora editou seis álbuns mais um compilatório, foi o de terem chegado às 150 mil cópias vendidas. O álbum Trä, lançado em 1994, continua a ser um dos que maior sucesso alcançou, como o comprova a força sonora deste tema.

"Synti",
Värttinä (Finlândia) - traditional finnish folk/suomirock
Nova incursão até ao norte da Europa, desta feita com os embaixadores do suomirock. Os Värttinä, a mais conhecida banda da folk filandesa, trouxeram-nos o tema “Synti” (O pecado), trabalho extraído do álbum “Miero”, editado este ano. Com mais de vinte anos de carreira, os Värttinä são conhecidos por terem inventado um estilo baseado nas raízes rúnicas e carélicas, nos cantos femininos de várias tribos ocidentais e na poesia antiga. Da imagem do grupo fazem parte a instrumentação acústica tradicional e contemporânea, os ritmos complexos, bem como as composições e os arranjos originais. Uma palete sonora que tem vindo a crescer. Neste seu último álbum, os Värttinä exploram melodias ciganas e a música klezmer, entre outras, deixando para trás os arranjos pop.

"Sideral", Macaco (Espanha) - pop-rock latino
Dani Macaco, traz-nos o tema “Sideral”, extraído do álbum “Ingravitto”, um dos grandes êxitos sonoros da actualidade em Espanha. Um álbum que junta catorze canções para serem escutadas com os pés no chão e as mãos bem levantadas, e onde o músico conta com as colaborações dos rappers B-Negao e Caparezza, da cantora LaMari de Chambao, de Muchachito Bombo Infierno ou de Juanlu 'el canijo', ex-baterista dos Ojos de Brujo. O ambiente dos bairros antigos de Barcelona levou Dani Carbonell, o vocalista da banda “El Mono Loco”, a criar a figura do macaco louco. Depois de ter colaborado com bandas e artistas como Suicidal Tendencies, Dr. No e Amparanoia, este cria o projecto Macaco, transformando o colectivo La Hermandad Chirusca num grupo que incorpora músicos de diversas procedências. Em 2006 reaparece com Ingravitto, um álbum potente, moderno e atemporal, onde o músico presta homenagem ao sul. E se com os três anteriores trabalhos Dani Carbonell viajou por toda Europa, América do Sul e Ásia, neste seu último disco cumpre o sonho de tocar pela primera vez em África. O músico Dani Macaco guia-se pelo instinto, cruzando fronteiras e aliando os meios técnicos à criatividade e à solidariedade, numa música crítica e reivindicativa, mas não panfletária, onde se destacam as influências das cadências sincopadas do reggae, do raggamuffin e do sound-system jamaicano. Uma mestiçagem onde também estão presentes o rap, a música latina e electrónica ou a rumba catalã. E fazendo fé nas suas palavras: se uma canção não pode mudar o mundo, muitas músicas podem fazer pensar as pessoas...

"Gmbader", Kween Kahina (França, Argélia) - ragga-chaoui-oriental
As Kween Kahina e o tema “Gmbader”, extraído do álbum do mesmo nome e que integra o célebre “Barcelona Raval Sessions”, editado em 2005. Uma selecção de temas levada a cabo por Alex Van Looy e Enric Pedascoll, alusiva aos muitos artistas musicais de diversas origens que marcaram as ruas de Raval, o antigo bairro chinês de Barcelona. As instrumentistas e cantoras das Kween Kahina, um trio trio feminino de Besançon, capital da região francesa da Franche Comté, fundiram o reggae ragga com os cantos chaoui de Auris, na Argélia, criando um estilo original chamado de ragga-chaoui-oriental. Neste trabalho contaram com as colaborações de Rafika Hakkar, cantora de origem argelina que lhes trouxe um cheirinho a jazz e funk, e dos Madioko, que lhe adicionou um toque de afro-funk oriental.

"Dor Biha", Orchestre National de Barbès (França, Argélia) - afro-arabo-berbère music
Agora chega-nos a nova corrente da world music magrebina com a Orchestre National de Barbès, e o tema “Dor Biha”, extraído do álbum “En Concert”, gravado ao vivo em 1996 no teatro de Agora, em Evry. Composta por cerca de vinte elementos, entre eles Youcef Boukella e Aziz Sehmaoui, a Orchestre National de Barbès faz uma síntese de diferentes idiomas musicais. E porquê este nome? Barbès é o nome de um bairro parisiense, maioritariamente de população árabe e africana, localizado junto ao Sacré-Cœur. Em palco, os músicos apresentam de forma festiva a sua herança musical, combinando dezenas de estilos – acústico, eléctrico ou traditional –, com o espírito pop. Por entre o raï, o jazz, a funk e os cantos tradicionais, os sons do Magrebe encontram-se com a afro-beat, as percursões árabes e a salsa, misturando ainda os balafons sul-africanos, as guitarras eléctricas, os acordeões e a voz abrasadora de Larbi Dida, lenda do raï.

"Minuit",
Khaled (Argélia) - raï, chaâbi
O célebre Cheb Khaled traz-nos o tema “Minuit”, extraído do álbum “Kutche”, editado em 1989. O músico estreou-se no primeiro festival de raï de Orán, em 1985, altura em que o regime argelino tentava suavizar-se, resgatando da clandestinidade este género do folclore nacional. Um ano depois, Khaled muda-se para França. Em “Kutche”, o seu primeiro álbum, evolui para o mundo do jazz e da pop. Neste tema, um infernal tango raï, o melodista de bigode dá uma amostra do que se seguiria nos anos seguintes: um universo festivo onde a pop se combina com as raízes do raï e do chaâbi. Às improvisações vocais de Khaled, que conta com o apoio do compositor argelino Safy Boutella e do produtor francês Martin Meisonnier, juntam-se instrumentos tradicionais como o alaúde árabe, o violino ou o acordeão, bem como diferentes tipos de percussão.

"Lap Mnie Bejbe", Blue Café (Polónia) - blue jazz, bluegrass
Os polacos Blue Café trazem-nos o tema “Łap Mnie Bejbe”. Precisamente o segundo single do grupo que é acompanhado pela voz de Tatiana Okupnik. A música seria integrada no álbum “Fanaberia”, editado em 2002. Do blue jazz ao bluegrass, os Blue Café misturam géneros e influências como o funky e o hip-hop. Em 2001 eles receberam o prémio Fryferyk de revelação do ano. Depressa o seu talente ultrapassaria as fronteiras polacas, país onde um dos seus discos vendeu mais de 70 mil cópias, algo que já não acontecia desde o sucesso de Kayah & Goran Bregovic. Já em 2003, lançam um álbum de temas em polaco, inglês, francês e castelhano, onde se inclui a "Love Song", canção que integrou a lista dos temas escolhidos para representar a Polónia no Festival da Eurovisão. Em Maio de 2004, o grupo esteve em Bruxelas e em Lille nos concertos de celebração da entrada da Polónia na União Europeia.

"Russian Sailor's Trip In Brazil", Igor Vdovin (Rússia) - future jazz, jazzdance, electro
Atrás Igor Vdovin com “Russian Sailor’s Trip In Brazil”, um tema extraído do álbum “Gamma”, editado em 2003. São sons que misturam o future jazz, a jazzdance e a música electrónica. Em 1997, Igor Vdovin fundou com Sergei Shnurov a lendária banda de ska e folk punk Leningrad. Decorrido apenas um album, o ex-vocalista abandona o projecto. Em 1999 foi então convidado pelo amigo Oleg Gitarkin para integrar como teclista a banda Messer Chups. Mas mais uma vez, este não é o rumo de Igor Vdovin, que se dedica então à música electrónica, gravando um primeiro álbum em 2001 com uma editora japonesa. Uma opção que viria a dar os seus frutos, isto porque na Rússia Igor Vdovin se tornaria um dos mais respeitados e solicitados músicos do campo da electrónica.

"Horra Hor Goiko",
Oskorri (Espanha) - folk
Rumamos agora até ao Pais Basco com os Oskorri e o tema “Horra Hor Goiko”, extraído do álbum “25 Kantu Urte” (25 anos de música), gravado ao vivo em 1996 no Festival Folk de Getxo. Um espectáculo em que participaram também músicos como Kepa Junkera (País Basco), Gabriel Yacoub (França), Martin Carthy (Inglaterra), Patrick Vaillant (Provença) ou Anton Reixa (Galiza). Os membros dos Oskorri, que começaram por ser um grupo universitário, são originários de universos sonoros tão distintos como o jazz, a pop ou a música brasileira. E mesmo sem conhecerem a língua euskera, aceitaram o desafio de fazer renascer o folclore basco. Nas suas letras e canções, o emblemático grupo de Bilbao baseia-se sobretudo em fórmulas rítmicas e métricas tradicionais.

"Ondulé",
Mathieu Boogaerts (França) - french pop
Mathieu Boogaerts, que nos traz o tema “Ondulé”, extraído do álbum do mesmo nome, o qual foi editado em 1995, é um jovem atípico no universo da música francesa. Ele cultiva um repertório intimista e minimalista, de certa forma ingénuo e quase infantil, mas recheado de poesia, ligeireza sonora e canções subtis. O jovem, que formou o seu primeiro grupo aos 13 anos e aos 18 abandonou a escola para fazer música na cave dos seus pais, partiu então em viagem pelo mundo, centrando-se no continente africano. Durante uma estadia de 6 meses no Quénia, acaba finalmente por escrever alguns temas. Entre eles está uma canção de ritmo simples e com balanço: "Ondulé". De regresso a Paris, concebe com alguns amigos um videoclip em redor deste título, onde lhe irão cortar o cabelo e a barba diante da câmara. O tema acaba por agitar a paisagem musical das rádios, e inúmeros festivais disputam então as atenções do cantor.

Jorge Costa

1 comentário:

sol disse...

oi, interessante conhecer Mathieu, peguei um video com essa música Ondulé, sou estudante de frances, e gostei muito do estilo dele.