Com a crescente apetência do público pela world music, esta começa finalmente a ganhar terreno em Portugal. Falta combater o interesse fortuito dos media pelo género, reforçar a sua presença nas rádios nacionais e criar mesmo um programa de televisão ou um canal no cabo. Que se tirem as devidas elações do sucesso da edição deste ano do FMM. O rastilho acendeu-se em Sines. Agora já ninguém pára as músicas do mundo.
Interior do castelo de Sines na última noite do FMM
(foto: Jorge Costa/Multipistas)
Durante nove dias, uma imensidão de gente invadiu as pequenas e estreitas ruas de Sines para participar na oitava edição do Festival Músicas do Mundo (FMM). Um evento a que, pelo segundo ano consecutivo, o público soube corresponder, esgotando mais uma vez a lotação do castelo, preparado para acomodar 6500 pessoas. Artistas e bandas animaram a festa que este ano se distribuiu por quatro palcos, num total de quase três dezenas de concertos, 160 músicos em representação de 23 países e uma enorme variedade de géneros musicais.
Organizado pela Câmara Municipal daquela localidade, e fruto da dinâmica do autarca Manuel Coelho (director do evento) e de Carlos Seixas (director criativo e de produção), o FMM teve então de se expandir para fora das muralhas. Desta forma, os concertos também decorreram na Avenida da Praia, em Sines, e junto ao Porto de Pesca, em Porto Covo. Juntou-se-lhe ainda o Centro de Artes de Sines, que acolheu iniciativas paralelas como exposições de fotografia, workshops, uma feira do livro e do disco, um ciclo de cinema documental, jam sessions, conversas sobre arte e música, encontros com os artistas, animação de rua e ateliers para as crianças.
E são cada vez mais os visitantes que acorrem a esta cidade do litoral alentejano. Desde a primeira edição do FMM, em 1999, que já foram contabilizados cerca de 115 mil espectadores, mais de 40 mil deles só este ano. Uma cifra que quase duplicou em relação a 2005, quando Sines acolheu cerca de 25 mil pessoas. Para acompanhar o aumento de espectadores, o festival foi sofrendo diversas modificações, sem contudo enveredar por um lógica mais comercial. Ao escolher fugir a uma programação de pop formatada ou rock convencional, o FMM captou e criou novos públicos, tornando-se uma referência nacional.
O público encheu o recinto para assistir aos concertos
(foto: Jorge Costa/Multipistas)
De porto voltado para o mundo, Sines transformou-se num ancoradouro das rotas musicais dos cinco continentes. O FMM tem vindo precisamente a apostar num mosaico de músicos e grupos de grande qualidade, apresentando lado a lado raízes muito diversas. O sucesso dos últimos anos tem demonstrado aliás a existência de público para o alternativo caldeirão musical que fervilha aqui e além-fronteiras.
São diferentes culturas em contacto naquele que é considerado o maior festival do género no país. “É uma forma de dar a volta ao mundo sem ter que pagar o bilhete”, referiu em entrevista à Som Digital a cantora cabo-verdiana Mayra Andrade, lembrando que desta forma o planeta se vem dar a conhecer ao público português. E com a crescente apetência pela world music, esta começa finalmente a ganhar terreno em Portugal. Falta agora combater o interesse fortuito dos media pelo género, reforçar a sua presença nas rádios nacionais e, ouse-se dizer, criar mesmo um programa de televisão ou um canal no cabo. Altos voos? Que se tirem as devidas elações do sucesso da edição deste ano do FMM. O rastilho acendeu-se em Sines. Agora já ninguém pára as músicas do mundo.
Jorge Costa
Os blues do Saara Ocidental, na voz de Mariem Hassan
(fotos: Jorge Costa/Multipistas)
A folk electrizante das filandesas Värttinä, num dos pontos altos do festival
(fotos: Jorge Costa/Multipistas)
EXTRA ...↓
VIDEOCLIP Värttinä ao vivo em Sines
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