"Ajde Jano", Kroke (Polónia) - klezmer, jazz fusion, folk
Os Kroke a abrirem a emissão com “Ajde Jano”, tema retirado do seu álbum de estreia “Trio”, lançado em 1996. O grupo nasceu em 1992 em Kazimierz, o bairro judaico da capital polaca. Em iídiche, idioma germânico falado em comunidades judaicas de todo o mundo e que utiliza o alfabeto hebraico moderno, Kroke significa precisamente Cracóvia, cidade que até ao início da década de 1940, nas vésperas do holocausto, foi um dos mais importantes centros da vida cultural judaica. Os Kroke são formados pelo contrabaixista Tomasz Lato, pelo violinista Tomasz Kukurba e pelo acordeonista Jerzy Bawoł, colegas da Academia de Música de Cracóvia, a que mais tarde se juntaria o percusionista Tomasz Grochot. Ainda que não sejam judeus, eles procuram redescobrir e reinventar as tradições musicais dos seus antepassados. Para criarem composições e arranjos próprios, os Kroke servem-se sobretudo de estilos e escalas do klezmer – do hebraico kley (instrumento) e zemer (cantar, interpretar música) –, a música tradicional instrumental dos judeus de Leste, característica das bodas ou celebrações, e que foi sendo enriquecida ao longo dos séculos com sons e ritmos de outras paragens. Junta-se-lhe a música sefardita, combinada com a experiência do jazz e da música clássica e cigana, sem esquecer as influências contemporâneas. Em palco, os Kroke têm vindo a colaborar com artistas de renome internacional como Van Morrison, Ravi Shankar, Natacha Atlas ou os Klezmatics."Pindongos de Montehermoso", La Musgaña (Espanha) - spanish folk

As músicas do mundo prosseguem com os La Musgaña, que nos trazem "Pindongos de Montehermoso", tema tradicional extraído do sexto disco do grupo “Temas Profanos”, editado em 2003. Um trabalho que conta com as colaborações de Carmen Paris, Joaquín Díaz, David Mayoral e Pablo Martín. Em 1986, Enrique Almendros, até então intérprete de música celta, José María Climent e Rafael Martín decidiram formar um grupo centrado na tradição musical da meseta castelhana. Ainda nesse ano, juntaram-se-lhes o flautista Jaime Muñoz e o baixista Carlos Beceiro, únicos elementos que hoje permanecem no quinteto composto ainda por Diego Galaz, Jorge Arribas e Sebastián Rubio. Das melodias de dança às canções de amor, passando pela música para casamentos, os La Musgaña apresentam-nos uma ampla visão musical de uma zona marcada pela herança europeia, africana e mediterrânica. Por entre os temas evocativos destacam-se os ofertórios religiosos, as charradas, ajechaos e charros de Salamanca e Zamora, os bailes corridos de Ávila, os pindongos de Cáceres e as danças, aires e canções de León ou Burgos, ou as jotas, rogativas, dianas e villancicos de Madrid, Segovia e Valladolid. Uma celebração da música tradicional espanhola, à mistura com influências ciganas, mouriscas e celtas, em que os ritmos hipnóticos se constroem com toda uma gama de instrumentos tradicionais (gaita charra, gaita sanabresa, flauta, tamboril, cistro ou sanfona), étnicos (cajón, tar, krakebs, pandeiro iraniano, derbouka, bouzouki, req, sabar, tinajas, bendir ou marímbula) e modernos (clarinete, acordeão diatónico, saxofone soprano, baixo ou violino).
"Djarama", Rarefolk (Espanha) - freestyle folk, folk-rock
Os Rarefolk regressam ao programa com “Djarama”, um clássico do seu repertório, extraído do terceiro disco do grupo “Unimaverse” (um jogo de palavras entre os conceitos de unidade e universo), lançado em 2001. Estes sevilhanos foram os pioneiros do freestyle folk, uma mistura criativa de sons e ritmos folclóricos de todo o mundo com o universo do rock, do funk e da música electrónica. O resultado é um raro estilo folk, carregado de energia, em que se fundem influências da música africana, celta, oriental e do próprio jazz. Diversidade sonora que lhes tem permitido partilhar os palcos com músicos prestigiados como os Capercaillie, Shooglenifty, Wolfstones, Luar na Lubre, Berrogüeto, Hevia, Fanfarre Ciocărlia, Kalima, Tomatito, O’Funkillo, Narco, La Cabra Mecânica ou Enemigos. Depois de se terem dado a conhecer como Os Carallos na exposição mundial de Sevilha, em 1992, uma jovem editora decidiu editar o seu primeiro disco. Mais tarde, os Rarefolk criavam a “Fusión Art”, gravando eles próprios e de forma artesanal o álbum “Unimaverse”. Um trabalho ousado e experimental em que recuperam muita da frescura e simplicidade inicial. Nele participam a violinista escocesa Michelle McGregor e o percursionista senegalês Sidi Samb – este último responsável pelas letras do grupo, interpretadas em castelhano, francês e wolof (dialecto do Senegal) –, e músicos como DJ Abogado del Diablo (Narco), Andreas Lutz (O’Funkillo) e a senegalesa Fátuo Diou.Ssoda Soap", Sierra Leone's Refugee All Stars (Serra Leoa) - reggae, afrobeat, soukous
A jornada continua com os Refugee All Stars, que nos trazem “Soda Soap”, tema retirado do álbum “Living Like a Refugee”, editado em 2004. Precisamente o ano em que o grupo regressou a Freetown, capital da Serra Leoa, depois de quase uma década de exílio devido à guerra civil que devastou o país. Apesar dos horrores da violência, da fome e dos familiares e amigos mortos, eles recorrem à música para dar voz àqueles que lutam desesperadamente pela sobrevivência. Os seis elementos da banda conheceram-se num campo de refugiados na Guiné, onde começaram por fazer música para distrair os expatriados. Foi aqui que os cineastas Banker White e Zach Niles tomaram contacto com os Refugee All Stars, acabando por acompanhar a banda na estrada durante três anos. Da experiência resultou o documentário “Sierra Leone's Refugee All Stars”, uma homenagem às vítimas da guerra. O álbum de estreia, gravado durante a produção do filme e um sonho de longa data do grupo, mistura então os ritmos da música tradicional da África com outras influências. Um trabalho recheado de composições originais onde se relata o quotidiano dos campos de refugiados e em que se celebram a vida, o espírito humano e a paz. Tomando como ponto de partida a goombay, género tradicional popular na Serra Leoa, os Refugee All Stars combinam guitarra, percussão e kongroma (instrumento tradicional daquele país) com o reggae, o rap e as harmonias vocais. O resultado é uma música que tanto encoraja à dança como desencoraja à guerra."Sini Kan", Amadou & Mariam (Mali) - bambara blues, afro pop
A dupla Amadou & Mariam apresenta-nos “Sini Kan”, tema extraído do seu terceiro álbum “Tje Ni Mousso” (Homem e Mulher), editado em 1999. Um blues eléctrico, recheado de ritmos africanos, batidas funky e riffs de guitarras, onde se podem encontrar influências inesperadas como o cavaquinho de Pedro Soares, que aliás podemos escutar nesta faixa. Naquela que é a mais roqueira pop africana, não faltam as habituais alusões ao quotidiano do seu país e as letras que apelam à paz, ao amor e à justiça. Mariam Doumbia começou por cantar em casamentos e festivais tradicionais, enquanto que Amadou Bagayoko era guitarrista nos Les Ambassadeurs, banda lendária a que mais tarde se juntou Salif Keita. Os dois são invisuais e conheceram-se em 1977 no instituto de cegos de Bamako, a capital do Mali. A partir de então tornaram-se inseparáveis na música e na vida. Amadou & Mariam prestam então homenagem à música tradicional maliana, revestindo-a de sons ocidentais. Cantando em francês, castelhano e no seu dialecto original, estes bambara (etnia maioritária no Mali) vão buscar referências musicais à sua adolescência: a pop, o rock psicadélico e a salsa dos anos 60, e o funk e a soul da década seguinte. Uma forma de recordarem não só as suas raízes mandingo, mas também as ligações do Mali ao gnawa, à música cubana e ao jazz, tornando universal a música daquele país."Cler Archel", Tinariwen (Mali) - touareg music, rock, blues
"Ma Yela", Akli D (Argélia) - chaâbi, mbalax, folk, blues, rock
Akli D traz-nos “Ma Yela” (Se Houvesse), tema retirado do álbum do mesmo nome, lançado em 2006. Segundo trabalho do músico, rico em misturas étnicas, e onde se fala de paz, fraternidade e amor. Se no primeiro disco o compositor argelino enfatizava as suas raízes culturais e reivindicações políticas, neste alarga o espectro musical, abrindo-se ao mundo. Poético, político e tradicional, Akli Dehlis combina o chaâbi do norte de África com as tradições folk da região rural de Kabylie, misturando-os com canções americanas de intervenção, com os blues do Mississippi ou com o mbalax, a moderna pop senegalesa. Akli D nasceu em Kerouan, pequena cidade da Cabília, região montanhosa do norte da Argélia. Ele é um amazigh, o povo pré-islâmico que durante séculos habitou a costa sul mediterrânica desde o Egipto ao Atlântico, e que foi alvo de repressão armada ao exigir o reconhecimento oficial das línguas berberes naquele país. Exilado em Paris a partir da década de 80, tornou-se um músico de rua e do metro, acabando por experimentar géneros musicais como os blues, o rock, o reggae ou a folk. Mais tarde, Akli D muda-se para São Francisco, chegando a viver algum tempo na Irlanda. Pelo meio, acompanhou o duo feminino El Djazira e formou o grupo Les Rebeuhs des Bois, o qual tocava nos cafés e clubes de Paris. Foi num destes espaços em que ocorriam encontros musicais espontâneos levados a cabo pelas comunidades árabes e africanas que Akli D conheceu Manu Chao, produtor deste seu último trabalho."Calor Calor", La Troba Kung-Fú (Espanha) - rumba, dub, cumbia, blues
Jorge Costa


Seguem-se os Dazkarieh com o tema “Rosa de Lava”, uma nova versão extraída da compilação que em 2005 acompanhava a edição portuguesa de “Eldest”, livro da autoria de Christopher Paolini. Conhecida por navegar entre os sons da Irlanda, Índia, África, Andes, Espanha e Balcãs, esta banda lisboeta propõe-nos uma viagem pela diversidade musical do planeta. Nada de surpreendente se tivermos em conta que, no entender do grupo, a palavra Dazkarieh poderá estar relacionada com a libertação de energia que se dá quando mundos, essências e influências distintos se tocam. O projecto procura então a sua alma nas culturas mais díspares, buscando sons acústicos que se fundam na música tradicional. Os instrumentistas dos Dazkarieh, cuja formação vai da música tradicional, experimental e erudita ao rock, servem-se de instrumentos presentes por tradição em culturas como a sueca, a irlandesa ou a árabe. Entre eles estão o bouzouki, a flauta transversal e a nyckelharpa (harpa tradicional sueca, semelhante a um violino com teclas). No entanto, mais recentemente passaram a dar também especial ênfase à música tradicional portuguesa, servindo-se do cavaquinho, da gaita transmontana ou do bandolim. Formados em 1999 por Filipe Duarte, José Oliveira e Vasco Ribeiro Casais, os Dazkarieh começaram por ser conotados com o som celta e a folk gótica. Mais tarde, com a fusão de materiais musicais tão diferenciados e já assumidamente ligados à chamada world music, o grupo integrou então cinco novos elementos, passando a conceber canções em língua portuguesa. Até então, o "dazkariano" era a base linguística de todas as suas músicas. A 30 de Setembro, os Dazkarieh vão estar na Assembleia da República, em Lisboa, e a 4 de Outubro na Moita. Já em Novembro, eles rumam até Cabo Verde, para actuarem na Ribeira Grande (dia 2) e na cidade da Praia (dia 3).
A viagem continua com Angélique Kidjo, que nos traz o tema “Papa”, retirado do álbum “Djin Djin” (Apreciem o Dia). Um trabalho em que se alude ao som que anuncia uma nova vida para África. Angélique Kidjo é natural da povoação costeira de Cotonou, no Benim. Dada a situação política do país, foi muito cedo que rumou até Paris e mais tarde até Nova Iorque, cidade onde hoje reside. Angélique, que canta em francês e inglês, mas também nas línguas nativas do Benim, Nigéria ou Togo, usa a voz e a música como ferramentas de diálogo entre nações. Embaixadora da UNICEF e fundadora do grupo de apoio a seropositivos Batonga, esta aposta na educação das mulheres africanas. As suas músicas, grande parte inspiradas nas missões humanitárias que faz, falam sobretudo do nascimento, do amor, da alienação e da esperança. Se nos seus discos anteriores Angélique Kidjo fundia géneros ocidentais – jazz, funk, blues, electrónica – com sons e ritmos africanos, neste trabalho, gravado em Nova Iorque e lançado este ano, a cantora e compositora regressa às origens, dando destaque à diversidade rítmica do seu país e da África Ocidental. Um casamento de culturas em que para além dos percussionistas Crespin Kpitiki e Benoit Avihoue (membros da Benin Gangbé Brass Band), do baterista americano Poogle Bell, do teclista Amp Fiddler, do multinstrumentista Lary Campbell, do baixista senegalês Habib Faye, dos guitarristas Lionel Loueke, Romero Lubambo e João Mota, e do mestre da kora Mamadou Diabaté, conta com convidados de luxo como Alicia Keys, Peter Gabriel, Josh Groban, Ziggy Marley, Carlos Santana, Amadou & Mariam, Joss Stone e Branford Marsalis.

drum n'bass, funk, bossa nova, breakbeat, rock

















Os Tuatara regressam ao programa com “The Melting Sun”, tema extraído do seu primeiro álbum “Cinematique”, editado em 2001. Um trabalho instrumental bem acolhido pela crítica devido à sua originalidade e expressão musical. Nele são reunidas várias jam sessions em que o quarteto utiliza instrumentos exóticos como o didgeridoo, os tambores de aço, as percussões africanas, o bandolim e o alaúde. O disco abre com sons étnicos que rapidamente ganham ritmo e percussão. Esta banda experimental mistura referências como o rock, o bebop, o jazz, o funky ou o lounge, criando um som em que extravasa a diversão e que se tornou conhecido sobretudo pela sua utilização em bandas sonoras para cinema e televisão. Entretanto os Tuatara têm vindo a cruzar a instrumentação ao vivo com as misturas electrónicas de vários DJ's. Este colectivo de compositores norte-americanos nasceu em Seattle, em 1997. Integram o grupo Barrett Martin (ex-percussionista dos Screaming Trees), Mad Season, Steve Berlin (dos Los Lobos), Justin Harwood (antigo baixista dos Luna), Scott McCaugghey, Peter Buck (ambos dos REM) e Skerik (lendário saxofonista de Seattle). A título de curiosidade, a tuatara - nome que em maori significa "dorso espinhoso" - é um réptil da Nova Zelândia, praticamente extinto, e que pouco mudou nos últimos 220 milhões de anos.
Seguem-se os Balkan Beat Box com “Sunday Arak” (Arak de Domingo). Uma alusão à bebida alcoólica produzida em países como o Líbano, Síria, Jordânia, Israel e Iraque, num tema dub em que participa o violoncelista e trombonista Dana Leong, e que foi extraído do seu álbum de estreia, baptizado com o nome do grupo e editado em 2005. Uma mistura enérgica e ousada de melodias folk do norte de África, Israel, Balcãs e Europa de Leste, de letras bizarras e de batidas electrónicas. A banda, que chega a ter 15 músicos – um terço deles oriundos da Europa – é formada pelos israelitas Tamir Muskat e Ori Kaplan, que têm trabalhado com músicos e compositores da Turquia, Israel, Palestina, Marrocos, Bulgária e Espanha. A filosofia dos Balkan Beat Box é a de acabar com as fronteiras políticas na música, fazendo folk de forma contemporânea. E assim eles juntam a música electrónica e os sons tradicionais dos Balcãs, bem como o hip-hop e as sonoridades do norte de África e do Médio Oriente. Tudo começou em Israel, onde assimilaram os standards folk, do klezmer às melodias búlgaras, passando pelos ritmos árabes. No final dos anos 80, Ori e Tamir partem para Nova Iorque, onde descobrem o gypsy-punk e acabam por misturar as suas raízes mediterrânicas com outras culturas.
