A 47ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 8 de Setembro, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 12 de Setembro, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (29 de Setembro e 3 de Outubro) nos horários atrás indicados.
Depois de um mês de ausência, dado o período de férias, esta edição marca o arranque de uma nova temporada do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, programa que agora regressa ao universo da rádio e da Internet.
"Faro Luso", Júlio Pereira (Portugal) - folk, acoustic, fusion
Júlio Pereira a inaugurar o programa com “Faro Luso”, tema de abertura do seu último álbum “Geografias”, lançado no passado mês de Junho. Um conjunto de inéditos instrumentais baseado em memórias de viagens e experimentações sonoras, e que resulta da combinação entre bandolim, guitarra portuguesa, viola braguesa, bouzouki e sintetizadores. Depois de muitos anos ligado ao cavaquinho, Júlio Pereira volta-se agora para outro cordofone pequeno, o bandolim, que o acompanha desde a infância. São sons tradicionais portugueses à mistura com ritmos africanos e orientais, num trabalho que conta com as vozes de Sara Tavares, Isabel Dias (grupo minhoto Raízes) e Marisa Pinto (Donna Maria), e com Miguel Veras na viola acústica e guitarra e Bernardo Couto na guitarra portuguesa. Júlio Pereira começou no rock nos anos 70 com grupos como os Petrus Castrus e os Xarhanga. Da inovação musical dos anos 60/70, à revitalização dos instrumentos tradicionais, a partir dos anos 80/90 Júlio Pereira associou-os a soluções acústicas contemporâneas. Ao longo de mais de três décadas de carreira, o multi-instrumentista, compositor e produtor tem colaborado com músicos como Carlos do Carmo, Amélia Muge, Pedro Burmester, Eugénia Melo e Castro, Zeca e João Afonso, José Mário Branco, Jorge Palma, Janita Salomé ou Fausto, bem como os The Chieftains, Pete Seeger, Kepa Junkera, Xosé Manuel Budiño, Uxia ou Na Lúa. Em Setembro, Júlio Pereira estará em digressão em Portugal e Espanha, a primeira a solo depois de uma década.
"Tri Martelod", Claire Pelletier (Canadá) - celtic music
As músicas do mundo prosseguem com a canadiana Claire Pelletier, que nos traz "Tri Martelod" (Três Marinheiros), tema extraído do álbum gravado ao vivo em Outubro de 2002 no teatro Saint-Denis, em Montreal, no Canadá. Uma composição tradicional do Pays Bigouden, situado no extremo sul da península da Bretanha, no noroeste da França, e que atesta a ligação daquela região aos costumes celtas, herança dos imigrantes fugidos de Gales e da Cornualha nos séculos V e VI. Desde muito pequena que a rapariga da voz azul-marinho, baptizada de Claire La Sirène (A Sereia) se deixou fascinar pelos contos, lendas e canções tradicionais do Quebeque, província onde 80 por cento da população é de descendência francesa. Aos 24 anos, a jovem trocava o curso de oceanografia pela música, surgindo inicialmente ao lado do grupo Tracadièche. Depois de ter dado a conhecer “Galileo” no Quebeque e na Europa francófona, neste álbum Claire Pelletier, o músico e seu marido Pierre Duchesne e o compositor Marc Chabot misturam as músicas dos álbuns “Murmures d'Histoire” (1996) e “Galileo” (2000), ligando a inspiração medieval, a alma céltica, as melodias tradicionais e as lendas da antiguidade. Um espectáculo em que o duo harmónico combina o piano, o violino, a viola e o contrabaixo com sons electrónicos. Como a vela de um barco, a voz envolvente e suave de Claire Pelletier iça-se, estica-se e apoia-se sobre o vento.
"Coisich a Ruin", Capercaillie (Reino Unido) - celtic folk
Os Capercaillie trazem-nos “Coisich a Ruin” (Vem, Meu Amor), uma versão actualizada de uma antiga canção de trabalho, e que em 1992, ao ser usada como banda sonora de um programa de televisão sobre o príncipe Carlos, foi o primeiro tema gaélico a entrar para a tabela do UK Top 40. A mais popular banda da folk escocesa funde amostras de som e secções de ritmo com instrumentos tradicionais como o bouzouki, o whistle, o violino e a gaita irlandesa. O resultado é uma explosão de elementos, bem patente neste tema, extraído do álbum “Live in Concert”, gravado ao vivo no Royal Concert Hall, em Glaslow (Escócia), em Janeiro de 2002. Formados em 1984 na Oban High School, os Capercaillie remodelaram a paisagem sonora celta e construíram uma sólida reputação graças à forma como abordam a música tradicional das West Highlands. Um octeto que em todo o mundo já vendeu mais de um milhão de álbuns e que mistura a folk gaélica com ritmos contemporâneos, adicionando-lhes poderosas vozes e instrumentos electrónicos. Karen Matheson, cuja garganta Sean Connery diz ter sido certamente tocada por Deus, dá voz às composições da banda e a antigas canções gaélicas com mais de 400 anos, grande parte delas aprendidas na infância com a sua própria avó. O grupo fica completo com Donald Shaw, fundador dos Capercaillie, Che Beresford, Ewen Vernal, David Robertson, Charlie McKerron, Manus Lunny, Ewan Vernol, James Mackintosh e Michael McGoldrick.
"Wake Up", Oliver 'Tuku' Mtukudzi (Zimbabué) - tuku music
A jornada continua com Oliver Mtukudzi, que nos traz “Wake Up”, tema retirado do álbum “Tuku Music”, lançado em 1999. Figura emblemática da música urbana africana e uma das maiores estrelas do Zimbabué, o cantautor e guitarrista Oliver Mtukudzi criou um género único chamado tuku. Uma aliança dos ritmos da África austral, com influências da mbira, do mbaqanga sul-africano, da zimbabueana jit music, do katekwe, do urban zulu, das percussões dos Korekore, o seu clã, e dos temas tradicionais shona, etnia que corresponde a três quartos da população do Zimbabué. Oliver Mtukudzi começou a sua carreira em 1977 ao juntar-se aos Wagon Wheels, grupo lendário de que também fazia parte o poeta revolucionário Thomas Mapfumo. Foi com músicos desta banda que ele formaria os Black Spirits. Com a independência do seu país, Oliver torna-se produtor e consegue editar dois álbuns por ano – a lista já vai nos 35 trabalhos de originais. Pelo seu carácter inovador e pela voz generosa, a música de Oliver Mtukudzi distingue-se facilmente dos outros estilos do Zimbabué. Um artista popular pela capacidade de abordar os problemas económicos e sociais do seu povo, e de seduzir o público com um humor contagioso e optimista.
"The Melting Sun", Tuatara (EUA) - funk, jazz, rock, lounge
Os Tuatara regressam ao programa com “The Melting Sun”, tema extraído do seu primeiro álbum “Cinematique”, editado em 2001. Um trabalho instrumental bem acolhido pela crítica devido à sua originalidade e expressão musical. Nele são reunidas várias jam sessions em que o quarteto utiliza instrumentos exóticos como o didgeridoo, os tambores de aço, as percussões africanas, o bandolim e o alaúde. O disco abre com sons étnicos que rapidamente ganham ritmo e percussão. Esta banda experimental mistura referências como o rock, o bebop, o jazz, o funky ou o lounge, criando um som em que extravasa a diversão e que se tornou conhecido sobretudo pela sua utilização em bandas sonoras para cinema e televisão. Entretanto os Tuatara têm vindo a cruzar a instrumentação ao vivo com as misturas electrónicas de vários DJ's. Este colectivo de compositores norte-americanos nasceu em Seattle, em 1997. Integram o grupo Barrett Martin (ex-percussionista dos Screaming Trees), Mad Season, Steve Berlin (dos Los Lobos), Justin Harwood (antigo baixista dos Luna), Scott McCaugghey, Peter Buck (ambos dos REM) e Skerik (lendário saxofonista de Seattle). A título de curiosidade, a tuatara - nome que em maori significa "dorso espinhoso" - é um réptil da Nova Zelândia, praticamente extinto, e que pouco mudou nos últimos 220 milhões de anos.
"Sunday Arak", Balkan Beat Box (Israel) - gypsy-punk, contemporary folk
Seguem-se os Balkan Beat Box com “Sunday Arak” (Arak de Domingo). Uma alusão à bebida alcoólica produzida em países como o Líbano, Síria, Jordânia, Israel e Iraque, num tema dub em que participa o violoncelista e trombonista Dana Leong, e que foi extraído do seu álbum de estreia, baptizado com o nome do grupo e editado em 2005. Uma mistura enérgica e ousada de melodias folk do norte de África, Israel, Balcãs e Europa de Leste, de letras bizarras e de batidas electrónicas. A banda, que chega a ter 15 músicos – um terço deles oriundos da Europa – é formada pelos israelitas Tamir Muskat e Ori Kaplan, que têm trabalhado com músicos e compositores da Turquia, Israel, Palestina, Marrocos, Bulgária e Espanha. A filosofia dos Balkan Beat Box é a de acabar com as fronteiras políticas na música, fazendo folk de forma contemporânea. E assim eles juntam a música electrónica e os sons tradicionais dos Balcãs, bem como o hip-hop e as sonoridades do norte de África e do Médio Oriente. Tudo começou em Israel, onde assimilaram os standards folk, do klezmer às melodias búlgaras, passando pelos ritmos árabes. No final dos anos 80, Ori e Tamir partem para Nova Iorque, onde descobrem o gypsy-punk e acabam por misturar as suas raízes mediterrânicas com outras culturas.
"7 Brothers", Oi Va Voi (Reino Unido) - jewish music, electro, world fusion
Os Oi Va Voi (“Oh, Meu Deus!” em hebraico) apresentam-nos “7 Brothers”, tema retirado do álbum “Digital Folklore”, lançado em 2002. Trabalho de estreia da banda radicada em Londres, onde a herança cultural judaica se combina com os actuais ritmos de dança, composições próprias e uma mistura de sons globais, originários sobretudo da Europa de Leste e do Mediterrâneo. No final da década de 1990, cinco músicos das comunidades judaicas da capital inglesa decidiram juntar-se num projecto comum, servindo-se de percursos distintos que abrangem não só a música klezmer mas também o jazz, o hip-hop, o rock ou o drum n'bass. Ultrapassadas as atribulações do passado, actualmente a banda é formada por Nik Ammar, Bridgette Amofah, Josh Breslaw, Matt Jury, Steve Levi, Lemez Lovas e Anna Phoebe. Conhecidos pelas suas actuações ao vivo, os Oi Va Voi combinam de forma única a música tradicional dos judeus sefarditas e ashkenazi (judeus europeus) das shtetl (povoações onde estes viviam) e dos ciganos transilvanos com a dub, a breakbeat ou a música urbana londrina. Influências tradicionais do oriente europeu que contam com instrumentos como o clarinete, o violino, o trompete, a guitarra, a bateria, o baixo e a melódica, e que são actualizadas com arranjos electrónicos e letras grande parte das vezes em ladino (língua semelhante ao castelhano, falada pelas comunidades sefarditas em Espanha, nos Balcãs, Próximo Oriente e norte de Marrocos).
"God Russik", Analogik (Dinamarca) - breakbeat, electronica, jazz
A fechar, os Analogik e o tema “God Russik”, extraído do álbum “Søens Folk”, editado em 2006. Trabalho efectivo de estreia do grupo dinamarquês nos circuitos mais comerciais, e cujo título é uma homenagem aos homens do mar. Antes disso, os primeiros dois vinis dos Analogik confinaram-se à cidade de Århus, sendo durante algum tempo conhecidos apenas por DJ's e adeptos de nu jazz. No entanto, isso não impediu que mais tarde viessem a ser aplaudidos pela cena internacional da downbeat, passando mesmo pelas mãos de DJ's de renome internacional como Mixmaster Morris, Quantic, Guadi ou Fantastic Plastic Machine. O quarteto formou-se em 2004, tendo como ponto de partida o jazz, mas acabaria por integrar outros géneros como a polka, a dub, a electronica, o funk, o hip-hop, o drum n'bass, a bossa nova e o tango. Os temas de “Søens Folk” foram gravados num computador portátil, usando um microfone e uma pequena mesa de mistura. Ainda que minimalistas nos meios, os Analogik não o são na forma. Asger Strandby adiciona pequenas batidas electrónicas às prestações de Jesper Kobberø, Theis Bror e Magnus Damgaard, os quais se servem de instrumentos como a melódica, a guitarra, a flauta, o acordeão, o órgão, o violino, o saxofone, o clarinete o baixo, a bateria e o trombone. Neste álbum, os Analogik contaram ainda com as colaborações dos músicos Max Buthke, Benjamin Lesak, Kristain Nordentoft, Rune Lose e Carl Frischknecht.
Jorge Costa
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Emissão #47 - 8 Setembro 2007
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