sexta-feira, 2 de maio de 2008

Emissão #64 - 3 Maio 2008

A 64ª emissão do MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundida no sábado, 3 de Maio, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), vai de novo para o ar na quarta-feira, 7 de Maio, entre as 21 e as 22 horas, sendo reposta três semanas depois (24 e 28 de Maio) nos horários atrás indicados.

"Return to Irishmore", Bill Douglas (Canadá) - new age, celtic, jazz
O canadiano Bill Douglas inaugura mais uma emissão com “Return to Irishmore”, parte integrante do álbum “Deep Peace”, editado em 1996. Um conjunto de composições clássicas modernas que se combinam com a melódica folk britânica e com a tradição coral renascentista. A inspiração na paisagem sonora celta da Irlanda, Escócia e Inglaterra serve de base à música com que Bill Douglas expressa o seu amor pela poesia de William Butler Yeats, Robert Burns, William Blake ou Alfred Graves. Versos cujo lirismo é transposto para versões instrumentais, tocadas por orquestras e grupos de câmara de todo o mundo, e corais levadas a cabo, por exemplo, com o grupo a cappella americano Ars Nova Singers. Uma new age fortemente ligada à música clássica e ao jazz, mas onde se encontram as influências da música africana, indiana ou brasileira. Ao longo de três décadas, o compositor e multinstrumentista, nascido em London, na província de Ontário, tocou na Orquestra Sinfónica de Toronto, tendo colaborado com músicos como Richard Stoltzman, Peter Serkin, Gary Burton ou Eddie Gomez. Bill Douglas estudou nas universidades de Toronto e Yale, trocando mais tarde a Academia de Artes da Califórnia pelo ex-Instituto de Naropa, no Colorado, estado americano onde vive e desenvolveu um interesse mais abrangente pela música do mundo.


"Baile do Escangalhado", Mandrágora (Portugal) - folk, jazz, rock
As músicas do mundo prosseguem com os Mandrágora e o "Baile do Escangalhado", tema extraído seu segundo álbum “Escarpa”, lançado este mês de Maio. Trabalho onde participam Simone Bottaso (acordeão diatónico), Matteo Dorigo (sanfona), Francisco Madeira (voz e guitarra) e Helena Silva (voz). Depois de explorarem as raízes da folk através das flautas e gaitas-de-foles, neste seu novo disco os Mandrágora (segundo a crença popular, a Mandrágora, uma planta afrodisíaca com uma raiz de odor forte e forma humana, grita quando é arrancada da terra) seguem um caminho mais urbano, adicionando-lhe amostras de jazz e rock. São músicas rápidas, recheadas de improviso e percussão, a que se juntam os arranjos de guitarra, baixo e saxofone, e instrumentos de arco como o violoncelo, a moraharpa e a sua predecessora nyckelharpa, ambas referências tradicionais da Suécia. As composições deste colectivo do Porto, formado em 1999 e de que hoje fazem parte Filipa Santos, Ricardo Lopes, Pedro Viana, Sérgio Calisto e João Serrador, evocam a tradição musical portuguesa, procurando influências noutras culturas e na música moderna. Depois de uma tournée pela Bretanha, em Maio segue-se uma digressão dos Mandrágora pelos bairros do Porto. Os concertos de lançamento do novo álbum repartem-se pelos auditórios do Instituto Superior de Engenharia (dia 9), de Aldoar (dia 10), da Pasteleira (dia 16) e de Campanhã (dia 17).

"Alvor Bencanta", Júlio Pereira (Portugal) - folk, acoustic, fusion
Júlio Pereira de regresso ao programa, desta feita com “Alvor Bencanta”, tema retirado do álbum “Geografias”, editado em 2007. Um conjunto de inéditos instrumentais baseados em memórias de viagens e experimentações sonoras, resultado da combinação entre bandolim, guitarra portuguesa, viola braguesa, bouzouki e sintetizadores. Depois de muitos anos ligado ao cavaquinho, Júlio Pereira volta-se agora para outro cordofone pequeno, o bandolim, instrumento que o acompanha desde a infância. São sons tradicionais portugueses à mistura com ritmos africanos e orientais, num trabalho que conta com as vozes de Sara Tavares, Isabel Dias (grupo minhoto Raízes) e Marisa Pinto (Donna Maria), bem como Miguel Veras na viola acústica e guitarra e Bernardo Couto na guitarra portuguesa. Júlio Pereira estreou-se no rock com grupos como os Petrus Castrus e os Xarhanga. Da inovação musical dos anos 60/70, à revitalização dos instrumentos tradicionais, a partir dos anos 80/90 Júlio Pereira associou-os a soluções acústicas contemporâneas. Ao longo de mais de três décadas de carreira, o multi-instrumentista, compositor e produtor tem colaborado com músicos como Carlos do Carmo, Amélia Muge, Pedro Burmester, Eugénia Melo e Castro, Zeca e João Afonso, José Mário Branco, Jorge Palma, Janita Salomé ou Fausto, bem como os The Chieftains, Pete Seeger, Kepa Junkera, Xosé Manuel Budiño, Uxia ou Na Lúa. Entretanto, o músico continua na estrada: a 18 de Maio, Júlio Pereira estará na Casa da Música do Porto.

"Tus Huellas", Colombiafrica - The Mystic Orchestra (Colômbia, Congo, Nigéria, Bolívia) - champeta, afrobeat, soukous, highlife
A jornada continua com os Colombiafrica The Mystic Orchestra e “Tus Huellas”, tema extraído do álbum “Voodoo Love Inna Champeta Land”, lançado em 2007. Depois de séculos de colonização, Colômbia e África juntam-se finalmente através da champeta criolla, o primeiro género afro-colombiano contemporâneo. São versões locais de ritmos africanos como o soukous congolês, o highlife ganês, a afro-beat nigeriana ou o sul-africano mbaqanga, que se misturam com a cumbia, o bullerengue, a chalupa, o lumbalú (canção funerária) e outros estilos caribenhos, num diálogo permanente entre as percussões, as guitarras e as vozes. Neste trabalho, as estrelas da champeta Viviano Torres, Luís Towers e Justo Valdez, originários da cidade de San Basilio de Palenque, juntamente com o produtor Lucas Silva (“Champeta-Man Original”), devolvem a África os ritmos afro-colombianos. Uma jornada em que contam com talentos oriundos do Congo, Guiné, Angola e Camarões, tais como Dally Kimoko, Diblo Dibala, Nyboma, Sékou Diabaté, Rigo Star, Bopol Mansiamina, Caien Madoka, Ocean, 3615 Code Niawu, Hadya Kouyate, Son Palenque, Las Alegres Ambulancias, Batata e Guy Bilong.

"Moussoulou", Onsulade (EUA) vs. Salif Keita (Mali) - afropop, mandingo
Salif Keita apresenta-nos o tema "Moussoulou", numa versão remisturada pelo músico e compositor americano Onsulade, extraída do álbum “Remixes From Moffou”, editado em 2004. Trabalho onde diversos DJ’s e produtores como Frédéric Galliano, Gekko, Ark, Cabanne, Tim Paris, The Boldz, Luciano, La Funk Mob, Charles Webster, Doctor L, Cyril K ou Paul St Hilaire adaptam a música da voz de ouro do Mali aos cânones da electrónica, acrescentando-lhes novos instrumentos e atmosferas sonoras influenciadas pelo funk, house, dub e drum’n bass. Salif Keita começou a sua carreira nos anos 60 na Rail Band e nos Ambassadeurs. Com a sua aproximação ao rock, ao jazz, à soul, à chanson française ou aos ritmos afro-cubanos, o músico inaugurava o conceito de afropop. Em 2002, com “Moffou”, inicia uma nova carreira, antecipando o renascimento da música tradicional mandingo e dos seus principais instrumentos, como a ngoni (uma espécie de guitarra mourisca), o balafon (um xilofone ancestral) ou o calabash (um instrumento de percussão). Um longo percurso que teve como pontos altos a passagem por Abdijan, Nova Iorque e Paris.


"Benvinguts", Cheb Balowski (Espanha) - pachanga, raï, gnawa, rock
Seguem-se os Cheb Balowski com “Benvinguts”, tema extraído do álbum “Bartzeloona”, primeiro trabalho do grupo, editado em 2001. A designação da banda resulta da junção dos termos Cheb ("o jovem", em árabe), complemento habitual nos nomes dos cantores de raï argelinos, e Balowski (em polaco, o verbo balować significa "divertir-se bailando"), apelido do emigrante de Leste interpretado por Alexei Sayle na série de televisão inglesa “The Young Ones”. Formados em 2000 em Barcelona, depois de uma infância comum no bairro de Raval, os Cheb Balowski integram uma dezena de músicos - eles são Yacine Belahcene Benet, Isabel Vinardell Fleck, Marc Llobera Escorsa, Santi Eizaguirre Anglada, Jordi Marfà Vives, Daniel Pitarch Fernández, Jordi Ferrer Savall e Arnau Oliveres Künzi, Jordí Herreros e Sisu Coromina. Cantando em castelhano, catalão, francês e árabe, eles cruzam a música catalã e a cultura mediterrânica com a energia do raï, do gnawa, do reggae e do rock. Um ambiente festivo, que vai do flamenco e da pachanga aos ritmos balcânicos, árabes, africanos e mediterrânicos, assente na sonoridade de violinos, saxofones, trompetes, piano, bateria, acordeão, guitarra, baixo e todo o tipo de percussões.

"Huxi", Mercan Dede (Turquia)sufi music, electronic
Mercan Dede, um dos mais importantes artistas turcos, traz-nos o tema “Huxi”, retirado do álbum “Nefes”, lançado em 2006. Radicado em Montreal, no Canadá, Mercan Dede mistura a música tradicional com batidas electrónicas. Ele desenvolve duas carreiras paralelas: como Arkin Allen é um DJ especializado em hard techno; como Mercan Dede mistura a tradição do sufismo com estilos contemporâneos. Com o seu ensemble de músicos turcos e canadianos, fundado em 1998 e formado pelos músicos Mohammad, Farokh Shams e Ben Grossman e pela dançarina Isaiah Sala, Mercan Dede funde as tradições espirituais da música sufi com sons actuais, criando uma mistura única entre o Oriente e o Ocidente. Nas suas actuações, ele utiliza instrumentos de origem turca como a ney (flauta de cana) e a kanun (cítara), e mistura as percussões do Médio Oriente com sons electrónicos, tudo isso enquanto que um dervish dança em palco. No disco “Nefes” (Respiração), o terceiro de uma série de quatro que começou com Nar (Fogo) e continuou com Su (Água), Mercan Dede cria uma fusão que captura a magia do Oriente, os elementos místicos, a instrumentação tradicional e os sons electrónicos.

"Sirena", Fufü-Ai (Espanha) - rock, french pop
Despedimo-nos com os Fufü-Ai, que desta feita nos trazem o tema “Sirena”, retirado do seu segundo álbum “For Ever”, gravado no verão de 2007. Trabalho onde a pop sensual e ingénua do primeiro disco “Petite Fleur”, lançado no ano anterior, se alarga ao reggae, à bossa nova, ao rock e ao punk. Propostas mestiças que partem do ambiente multicultural do El Raval, o conhecido bairro da Ciutat Vella de Barcelona, num french touch que fica completo com letras em francês, castelhano ou inglês. Em 2004, a vocalista Anouk Chauvet (Color Humano) reencontrou-se com o guitarrista e produtor Tomas Arroyos "Tomasin" (Les Casse-Pieds, La Kinky Beat, Mano Negra, Color Humano, Dusminguet), numa primeira versão acústica de Fufü-Ai, formação a que hoje se juntam a teclista Laia (Brazuca Matraca), o baixista Fernando "dinky" e o baterista Óscar. O projecto da capital catalã conta ainda com as colaborações pontuais de músicos como Yacine (Nour), Miryam ‘Matahary’ (La Kinky Beat), Joan Garriga (La Troba Kung-Fu), Sandro (Macaco), Stefarmo ou Baba (Black Baudelaire).

Jorge Costa

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